Educação Cooperativa

Para quê e por quê?

Crédito: Getty Images

Educação Cooperativa foi tema da Disciplina Paradigmas da Cooperação, ministrada pelo professor Paulo Albuquerque, na Especialização em Cooperativismo da Unisinos em sua 34ª edição. Os 26 estudantes, a maioria proveniente do meio cooperativista, identificaram como um dos desafios contemporâneos do cooperativismo: a educação.

A dificuldade de educação cooperativa eficaz aparece em destaque e surge como espaço de tensão pela desconexão existente entre discurso e prática; materializado na dificuldade das cooperativas em suas áreas de comunicação de encontrar soluções efetivas para este descompasso. A educação continua sendo, no Brasil, um dos maiores desafios. Seja por extrema pobreza ou porque a escola se apresenta como lugar privilegiado da exclusão. De maneira geral, não há uma preocupação em priorizar a educação como ferramenta capaz de promover o desenvolvimento, seja em função dos custos ou do tempo envolvido. Isto ocorre nas famílias, nas instituições, no governo e até com os indivíduos.

Nas cooperativas, não tem sido diferente na definição de prioridades. Tem se sobressaído o pinheiro econômico em detrimento do pinheiro social e bem sabemos que um não vive sem o outro. Uma das razões é as pessoas pensarem mais em si do que no coletivo. Diante da contaminação de modelos econômicos focados no resultado, o tema social – educação – gera menor interesse e falta de investimento. Isto tem gerado um desinteresse dos gestores, associados e colaboradores no pilar social.

A falta de conhecimento sobre cooperativismo também tem relação com as dificuldades de comunicação. Há pouca divulgação sobre o que é cooperativismo e consequentemente do seu poder de transformação na sociedade. Também não há compartilhamento de informação de forma ampla e uniforme para todos os associados.

O desafio para as novas gerações é como construir referências associativas e solidárias em um mundo competitivo que desconhece o cooperativismo afastando o público jovem deste modelo econômico. As cooperativas têm crescido em número de associados e geograficamente, entretanto, nota-se uma dificuldade de articulação estratégica entre as diferentes instâncias de governança do sistema.

Outro motivo desta ausência está na falta de compromisso gestionário com os pressupostos de uma pedagogia política voltada para a cooperação, pois há grupos que se apropriam do modelo apenas pelas vantagens econômicas não se preocupando com as responsabilidades sociais. O desconhecimento dos processos cooperativistas faz com que os cooperados e associados percam o interesse neste sistema, não exercendo assim seus direitos e obrigações. Seu efeito está na desestruturação das cooperativas e no baixo poder de transformação na sociedade.

Verifica-se o estímulo à promoção de mão de obra e produtos da região, auxiliando no crescimento da comunidade local, quando vivencia o pensamento cooperativista, oportunizando um desenvolvimento social econômico mais abrangente, assim como crescimento pessoal e coletivo refletindo na qualidade de vida.

A fragilidade de uma proposta educativa induz ao desinteresse para a cooperação, promove o individualismo e a falta de unidade entre os associados em detrimento das ações coletivas.

Neste sentido, pensar Educação Permanente, desde a educação básica aparece como conceito a ser trabalhado nos espaços de capacitação cooperativista por implicar na articulação dos saberes e fazeres existentes na comunidade, só possível se cada um assumir que na cooperação está a possibilidade de ruptura dos limites de um contexto de crise ou de dificuldades.

Desta forma, empoderar o associado através educação cooperativista é romper com as barreiras do poder e proporcionar uma sucessão qualificada do cooperativismo.

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