Dobra, um negócio inovador que nasceu nos corredores da Unisinos

Dobra, um negócio inovador que nasceu nos corredores da Unisinos

Crédito: Divulgação

Pode parecer acaso, ou capricho do destino. Mas três vestibulares ajudaram a forjar uma das empresas mais incríveis e inovadoras já criadas no Brasil. A história dos irmãos Augusto e Guilherme Massena e do primo Eduardo Seelig já era anterior à entrada deles na Unisinos, mas se fortaleceu ainda mais depois que passaram a responder pela Dobra.

Se toda a narrativa empreendedora tem um começo, dá pra dizer que o ponto zero da Dobra foi a graduação do Guilherme em São Leopoldo. Foi um trabalho de sala de aula, que precisava ser inovador, sustentável e lucrativo, que levou o Gui a propor um novo negócio.

A ideia era ver se havia demanda para carteiras de papel, um acessório que ele havia comprado em uma viagem aos Estados Unidos. Ela reunia as características pedidas pelos professores, e podia ser uma alternativa interessante para resolver a nota do trabalho.

No começo as carteiras eram pintadas à mão em uma única cor. Não havia estampas. Tudo ainda era muito artesanal. O protótipo, usado para testar a viabilidade do negócio, não era nada bonito.

Mas gerou interesse e mais de 200 pedidos – apenas 25 foram produzidos.

Um dos primeiros a comprar a carteira foi o Dudu, que também estudava na Unisinos apostou no potencial da ideia. Ao lado do Guto (que fez o mesmo curso do irmão), fundaram a Dobra. Eles sacaram que o caráter inovador da carteira casava com a forte demanda do público que buscava por produtos sustentáveis.

Alguns anos depois, a empresa responde hoje por 20 empregos, um sistema de gestão inovador que destina o lucro igualmente a todos os colaboradores, e uma oferta mensal de 5 mil itens.

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Uma das histórias que os guris contam para ilustrar essa situação é o caso de um professor da Unisinos que é um dos três maiores compradores das carteirinhas de papel. Ele tem, inclusive, um código especial no e-commerce porque vivia pedindo desconto pros meninos.

A trajetória da Dobra mostra como uma graduação com foco em empreendedorismo pode transformar vidas. Antes um gargalo da produção, a montagem das carteiras foi transferida para uma rede de microempreendedores em Montenegro – que trabalham de casa e garantem uma renda extra, gerando crescimento econômico na região.

Com um faturamento de R$ 2,5 milhões em 2018, a Dobra ampliou o portfólio de produtos e passou a produzir tênis e camisetas com detalhes em papel. Os planos para o futuro permanecem ambiciosos: a ideia é abrir a primeira loja física da Dobra ainda em 2020.

Cultura de Inovação

Nem só de carteiras de papel vive a inovação na Dobra. Os guris não são os únicos criadores de estampas da marca. Hoje, mais de 400 artistas independentes de todo o país colaboram abastecendo a empresa com desenhos diferenciados.

Para manter a rede ativa, a empresa remunera os designers com um percentual na venda. A cada item comercializado, 5% do valor é destinado ao criador da estampa. É a cultura de inovação aplicada na renovação do portfólio da marca.

Do it yourself!

O slogan do punk também é parte da várias inovações presentes na Dobra. Gui, Guto e Dudu acreditam tanto no propósito da empresa que criaram uma seção do site com os moldes e ensinam as pessoas a fazer a sua própria carteira de papel. Não é irado?

Além de uma forma inteligente de testar o produto, a ideia é realizar uma pesquisa de mercado onde podem surgir sugestões de melhorias para os produtos. A Dobra se mostra, assim, uma empresa transparente e preocupada com o desenvolvimento econômico – já que novas “Dobras” podem surgir desse posicionamento.

Conexões

Hoje, o relacionamento da Dobra com a Unisinos vai além de uma história de sucesso que nasceu nos corredores da universidade. Até hoje, Guilherme e Augusto Massena e Eduardo Seelig retornam aos campi para compartilhar com alunos e professores o que aprenderam.

Para o Dudu, a Dobra não seria nada sem todos os contatos e conexões que foram feitos durante o tempo em que eles estudavam em São Leopoldo. Uma das coisas que os sócios valorizam do tempo da graduação é a troca de experiências com pessoas que puderam ajudar com conhecimentos distintos e experiências relevantes para o empreendedorismo.

O lado humano sempre foi importante desde o começo da Dobra, pois o projeto precisava de pessoas que acreditassem nele. O comecinho também teve bastante pesquisa com alunos de turmas anteriores do curso de Gestão para Inovação e Liderança.

Fala aí, Guto!

“O legal da Unisinos é que aquele sentimento de se sentir parte da escola, de pertencer a um grupo, também acontece dentro da universidade. Eu criei um apego muito forte com a faculdade por ela sempre estimular esse contato entre as pessoas e prezar muito pelo desenvolvimento do aluno”.

Se liga no recado do Gui!

“Quando a gente convive com pessoas dos mais variados locais, dos mais variados estilos, a gente aprende muita coisa. Na sala de aula, a gente tinha reunido pessoas de três regiões diferentes do Estado. Essas situações contribuem para a gente interagir com diferentes tipos de pessoas e culturas. São relações dentro da faculdade que fazem toda a diferença”.

Manda ver, Dudu!

“Eu fui uma das pessoas que não sabia exatamente o que fazer. Eu vejo muita gente falando que talvez não seja mais o momento de fazer faculdade. Mas eu discordo completamente, até porque para quem sai tão novo da escola, tem que ter uma base e principalmente essas conexões, o networking, os contatos que se leva para a vida. Tão aí nossos professores que hoje são nossos parceiros e clientes.”

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