Muita vontade de empreender e pouco conhecimento de causa. Assim era o Mãos Unidas antes de encontrar o Tecnosociais: 14 pessoas movidas pela intenção de comercializarem produtos alimentícios e artesanais, mas limitadas pelas condições financeiras. “Em 2006, expor individualmente em uma feira custava caro, por isso, a gente decidiu somar esforços” lembra Rosangela Dias, coordenadora do grupo.
Tão logo a equipe de trabalho foi formada, as oportunidades começaram a aparecer. O Fórum de Economia Solidária de São Leopoldo (FESSL) – nascido no mesmo ano que o grupo – talvez tenha sido a mais importante delas. “Conhecemos o Tecnosociais por essa época” conta Rosangela. “O projeto assessorava os empreendimentos que participavam e, pouco depois, passou a apoiar o Fórum como um todo.”
De lá para cá, o Mãos Unidas conta com a iniciativa da Unisinos para melhorar suas práticas de gestão e vendas de produtos sustentáveis, saudáveis e diferenciados – de torta de butiá a bombom de frutas nativas. No começo, a assessoria era quase que integral. “A gente nem sabia o que era uma ata, agora, faz ela de cor e salteado”, comenta. Para todas as necessidades, ali estava a equipe do projeto, disposta a apoiar.
Em certo ponto, porém, a realidade começou a mudar. Vera Steffens, coordenadora do grupo antes de Rosangela, recorda a mudança: “Eles [Tecnosociais] já diziam que era importante buscar a independência para seguir a caminhada. Plantaram uma sementinha para motivar a gente a correr atrás e, hoje, percebo que isso foi bom. A gente aprende todos os dias uns com os outros”.
Rosangela destaca que a melhor coisa que aconteceu para o empreendimento foi quando o Tecnosociais passou a atender outras organizações coletivas, priorizando o apoio ao Fórum de Recicladores de São Leopoldo. Nesse momento, o FESSL encontrou a autonomia que faltava para andar com as próprias pernas.
Uma década de trabalho
No tempo que passou, o Mãos Unidas esteve bastante ocupado. Com o amparo do projeto, o grupo colaborou para a elaboração do regimento interno do FESSL, participou de feiras, congressos e calouradas – e até de um simpósio internacional de nutrição, na Unisinos –, escreveu dois artigos para um livro de ações integradas (parceria Tecnosociais e Prefeitura de São Leopoldo), entre outras tantas ações. Hoje, é um dos mais antigos grupos do Fórum e faz parte da gestão da Rede de Comércio Justo, além de ser responsável pela comunicação do FESSL.
Cabe destacar que a equipe também se envolveu com a fundação da Associação dos Empreendimentos de Economia Solidária da São Leopoldo (AESOL), que é presidida por Rosangela. “A gente entende que pode crescer com uma economia diferente, com um trabalho coletivo, e a associação tem esse propósito, com o diferencial de atender empreendimentos, em vez de indivíduos”, diz ela.
Assim como Rosangela, o Tecnosociais acredita que a economia solidária é possível e dá certo. Por isso, atua como incubadora para fortalecer empreendimentos solidários e para fomentar o desenvolvimento sustentável local e regional. Ao incentivar o primeiro passo, o projeto contribui para a construção de uma bela caminhada.
Esta matéria foi realizada em meados de 2016, referente ao Balanço Social 2015.