Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, independente do nome, todo gaúcho sabe o que se comemora no dia 20 de setembro. Gremistas e colorados, homens e mulheres, tradicionalistas e não-tradicionalistas, todos se unem em uma só voz para entoar o Hino Riograndense. Não é mito, somos bairristas. Alguns mais, outros menos, mas o sentido de pertença acompanha a maioria dos gaúchos, mesmo os que vivem distantes dos pampas.
Nossa cultura está marcada pelo chimarrão, pelo churrasco, pela pilcha, pela música e por tantas tradições que alegram os CTGs em todo estado. Somos aguerridos, como cantamos no nosso hino. Aproveitando o espírito revolucionário que a data traz, a professora e historiadora Eloísa Capovilla Ramos nos propõe refletir sobre o 20 de setembro e as comemorações que colorem a Semana Farroupilha.
Confira a entrevista:
Por que 169 anos após o término da Revolução Farroupilha, a data continua sendo tão importante para os gaúchos?
Eloisa: A data vem sendo resignificada a cada ano. Formou-se com o passar do tempo (a partir de 1895), uma vontade política secundada e fecundada pelas manifestações dos CTGs (por volta de 1948) e pela própria sociedade civil, de comemorar uma data que tem significado na História do Rio Grande do Sul. Foi um momento de rebeldia, mas por uma causa nobre: “as ações” do Governo Central contra os interesses dos rio-grandenses do Sul. Na verdade estes interesses eram também políticos, de ocupação de um lugar no contexto nacional da época. Aos poucos os grupos foram buscando raízes nesta Guerra Civil de modo a fazerem parte dela, como a própria Brigada Militar, que busca raízes num batalhão do período farroupilha, embora formalmente tenha sido criada pelo governo de Júlio de Castilhos, em fins de 1892. Assim, o feriado do dia 20, tanto quanto o desfile e agora o acampamento, passam a fazer parte de um sentimento de gauchismo que cresce a cada ano.
Como uma guerra da qual não fomos vencedores marca tão profundamente a cultura do estado?
Eloisa: Não é a vitória o mais importante, mas o sentimento de pertença, de identidade com o significado do ato de rebeldia e valentia. Bento Gonçalves “ousou” desafiar o Império. Acho que é este espírito que fica!
O Hino Riograndense, até hoje é tocado em todos os eventos oficiais e é cantado por todos os presentes. Essa tradição está ligada ao orgulho dos gaúchos pela revolução?
Eloisa: Creio que sim. O Hino é uma parte deste orgulho e saber cantá-lo é demonstração de civismo e de identificação com os valores Sul-Rio-Grandenses.
Aproveitando a data do 20 de setembro, que reflexões podemos fazer sobre a história política do nosso estado e do país?
Eloisa: Somos parte de um todo que é o Brasil onde as manifestações atuais refletem os problemas que o país tem. Assim, ao mesmo tempo em que queremos um Rio Grande maior e melhor, também queremos que o Brasil, através de seus governante e políticos pense o amanhã para todos os brasileiros.