Provavelmente os animais mais fotografados do campus São Leopoldo, os patos e os gansos chamam a atenção por onde passam. Famosos pelo jeito engraçado de caminhar, eles percorrem a região dos lagos da universidade. E, muitas vezes, atravessam a rua em bandos. O que muitos não sabem, entretanto, é como eles chegaram na Unisinos.
De acordo com a professora do PPG em Biologia, Maria Virgínia Petry, com a construção do campus, foram criados os lagos, e os patos-do-mato migraram em busca de abrigo. Aos poucos, a comunidade acadêmica e funcionários os adotaram e, hoje, já são parte da universidade.
“Esses patos-do-mato são nativos no Rio Grande do Sul. A gente ainda os encontra de forma nativa na região dos Campos de Cima da Serra e nas áreas mais florestadas do norte do Estado. Na Unisinos, eles vieram assim que se formaram os dois primeiros lagos”, explica a professora.
Os gansos, entretanto, foram introduzidos quando o lago do bloco A foi construído, em 1986. Atualmente, existe um tipo no campus: popularmente chamado de ganso sinaleiro. As aves que estão hoje no campus são descendentes daqueles que vieram no início da colonização. Desde aquela época, não foram introduzidas novas populações. A família é uma das características desses animais, que podem ser vistos em bandos pela universidade.
“É uma espécie que compõe um grupo familiar, observado sempre junto”, disse a professora Maria Virgínia. “Além de familiares, são considerados um grupo de hábitos territorialistas e não gostam que sua área seja invadida. Sempre que isto ocorre, reagem e, eventualmente, têm comportamento defensivo com a proximidade das pessoas ou animais. Assim como os cachorros, eles definem um espaço próprio e, quando veem sua área sendo invadida, reagem”, completa.
Menores e menos barulhentos que os gansos, os patos têm diferentes tipos de plumagem. A professora relatou que isso não caracteriza espécies distintas, mas uma variação. “O nome científico deles é Cairina Moschata, todos são da mesma espécie, mesmo apresentando breves variações de coloração na plumagem. Os que estão aqui no campus, que apresentam muitas partes brancas na plumagem, já estão domesticados. Quanto mais penas brancas tem o pato, mais tempo ele está domesticado. Aqueles que estão na forma nativa são bem escuros”, explica.
Mas nem só de patos e gansos são formados os grupos de aves da universidade. “Com a modificação e fragmentação do espaço rural, cada vez mais, aves procuram espaços urbanos para se abrigar”, destaca o doutorando, Luiz Liberato Costa Corrêa. Entre os mais frequentes encontramos os sabiás-laranjeiras, bem-te-vis, biguás, corruíras, carcarás, corujas, urubus, assim como o papagaio-verdadeiro e algumas espécies de hábitos migratórios como as tesourinhas e suiriris.
A mestranda Júlia Victória Frohmann Finger explica que essa abundância tem relação com a alimentação. “No campus há alimentação para as aves, tanto exóticas quanto nativas. Há castanhas, carambolas, uma grande diversidade de alimentação”, completa.
A vegetação também é um fator importante para o desenvolvimento desses animais. “O campus é considerado um corredor ecológico que algumas espécies necessitam para transitar entre as áreas verdes e a mata ciliar do Rio do Sinos, em Sapucaia, no zoológico, e em todas as áreas que se conectam através do campus”, conta Virgínia.
Com tanta importância, as aves se unem quando o assunto é embelezar o campus, seja pelo carisma, plumagem ou canto. “Esse é o campus mais bonito que se tem em termos de beleza cênica, distribuição, qualidade de vida, vegetação nativa e exótica. Boa parte disso se deve às aves, que trazem as sementes para cá e transformam o cenário”, finaliza a professora Virgínia.