Não é preciso saber desenhar para cursar Arquitetura, mas é importante gostar. Quem garante é um dos coordenadores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos, Vilmar Mayer. “Já no primeiro semestre o aluno aprende a trabalhar com representações gráficas e a dominar o traço à mão livre”, ele explica.
Além disso, quem pensa em prestar vestibular para o curso deve saber que a profissão exige persistência, pois a primeira versão de um projeto raramente será a ideal. É preciso trabalhar com alternativas, repensando e melhorando a ideia original. “O aluno não pode se desestimular no primeiro obstáculo”, aconselha o professor.
A criatividade também é uma característica desejável; não apenas no sentido clássico, de inovar, criar algo que nunca havia sido feito, mas também no sentido de encontrar alternativas para problemas objetivos. “Todo projeto possui características próprias, como o cliente e o terreno”, salienta Mayer. “Esses condicionantes nunca serão iguais. Portanto, não há como repetir soluções.” Além disso, o aluno de Arquitetura geralmente não gosta muito de matemática. “Busco explicar que não vamos concorrer com um engenheiro, mas precisamos saber os cálculos para, por exemplo, posicionar um pilar”, relata o coordenador.
Falando em engenheiro, quais seriam as outras diferenças entre os cursos de Engenharia e Arquitetura? “O arquiteto e urbanista trabalha com a concepção de espaços, observando sua eficiência técnica funcional e estética, atuando na integração entre diferentes projetos e na proposição de edifícios, espaços e cidades”, explica Adalberto da Rocha Heck, também coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos. Esse profissional, segundo o professor, tem formação mais ampla, obtendo, assim, muitas possibilidades de atuação no mercado. As engenharias, por sua vez, vinculam a atuação do profissional à área onde esse se especializou. “Dessa forma, do engenheiro civil espera-se atuação em cálculo e edificações, e do engenheiro elétrico, instalações”, ele exemplifica.
Onde poderei atuar?
“O mercado de trabalho para o arquiteto está em franca expansão”, avalia Heck. O arquiteto e urbanista tem uma formação generalista, que busca capacitá-lo a exercer todas as atribuições profissionais definidas por resolução do Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Como arquiteto, você poderá atuar em obras, como incorporador; na elaboração de projetos de arquitetura, de urbanismo, de interiores e de paisagismo; e também em projetos de restauro de patrimônio cultural. Além disso, poderá dar consultoria ou trabalhar na administração pública, atuando em Planos Diretores e projetos urbanos. Fiscalização de obras, adequação a normas de incêndio e de acessibilidade, laudos técnicos e de avaliação são também possibilidades de campo de trabalho.
Para o professor Heck, são ainda evidentes as possibilidades de atuação em programas de edificação nacionais, como o Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, e na elaboração de planos diretores, de habitação e de mobilidade urbana. “Como nova exigência, aparecem também as questões relacionadas a certificações de desempenho de edificações, de modo a aperfeiçoar o uso da energia e a qualificar os resultados do produto edificado em nossas cidades”, complementa.
O mercado profissional, segundo ele, busca profissionais ecléticos, investigativos e com perfil empreendedor. “Naturalmente, a formação e a origem destes profissionais também contribuem quando o mesmo busca oportunidades de inserção no mercado profissional”, destaca. Mayer complementa: “O profissional autônomo, que monta escritório, tem um perfil mais ousado, enquanto o formado que trabalha em empresas ou repartições públicas busca segurança”, diz. Para ele, o trabalho mais rentável é o de autônomo que, além de fazer projetos, trabalha com construção.