O Observatório Juvenil do Vale – Unisinos se configura como um dos pilares da Universidade: a pesquisa. O projeto visa à promoção e ao aprofundamento da temática da juventude brasileira e latino-americana, a partir de estudos que possibilitem a implantação de políticas públicas voltadas aos jovens e à capacitação de profissionais para trabalharem nesse contexto. A iniciativa tem o propósito de aprofundar conhecimentos teóricos e práticos sobre a realidade juvenil, bem como estudar as diferenças desse grupo social e sua relação com a sociedade, capacitando formadores e educadores frente a esse fenômeno, para criar uma sociedade em que a igualdade e a justiça se tornem realidade.
Em parceria com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos do Estado, o professor pesquisador do projeto Carlos Gadea, junto com outros parceiros, envolvidos no Observatório, desenvolve um diagnóstico acerca da realidade juvenil de quatro bairros de Porto Alegre, caracterizados como Territórios de Paz: Restinga, Lomba do Pinheiro, Rubem Berta e Santa Tereza. Em 2011, o Governo do Estado implantou o projeto RS na PAZ, cuja finalidade é desenvolver ações que visam à redução dos índices de violência e criminalidade e da vulnerabilidade de áreas menos favorecidas. “O objetivo da parceria é unir o conhecimento advindo da academia com as ações do governo”, afirma Gadea.
O professor detalha que a linha de estudo da pesquisa compreende entender a situação de vulnerabilidade em que esses jovens se encontram, analisando as relações de violência, educação e vínculos familiares, bem como refletir sobre os paradigmas em torno do trabalho, educação, esporte e lazer. “Com as pesquisas realizadas, concluímos que a maior desigualdade está na falta de acesso desse público ao ciberespaço”, explica. O grupo de foco abrange jovens entre 15 e 29 anos.
Gadea, dentro dos objetivos do Observatório, salienta que é necessário assumir uma nova visão do papel da cultura digital. A Internet possibilita tanto sociabilidade quanto a desalienação, pois, para além de redes sociais, trata-se de um local de buscas de conhecimento, além de poder ser um forte indicativo de diminuição de estresse e depressão. O pesquisador destaca, em seu estudo, que a maior parte das políticas públicas vigentes não contempla a cibercultura. É necessário um espaço para que a cultura digital possa materializar seu potencial, atribuindo aos jovens “valor social”, alimentado por conhecimento, informação e cultura.
A proposta não trata de negligenciar as vivências no mundo real como um espaço de sociabilidade, mas de perceber a real importância que a Internet assume para o estabelecimento de relações sociais que gerem “capital social” entre os jovens bem como para a inclusão social, política e econômica. O estudo continua em andamento, mas se firma como um novo olhar na perspectiva de reduzir a vulnerabilidade social nos “Territórios da Paz” sob a condução do Observatório Juvenil do Vale.
Esta matéria foi realizada em meados de 2014, referente ao Balanço Social 2013.
