A Covid-19 impactou o aprendizado de crianças e adolescentes de diferentes formas. No Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade (Pasec) não foi diferente. Além do isolamento social necessário, o coordenador do programa, Gelson Fiorentin, conta que a maioria dos participantes não tem celular e nem acesso à internet. Esses foram alguns dos desafios encontrados na manutenção das atividades durante a pandemia. Diante disso, como foi possível seguir atuando? Adaptação é a palavra. “O ano de 2020 foi atípico em virtude da Covid-19. O programa precisou realizar ajustes na sua forma de condução das atividades, uma vez que é direcionado para crianças e adolescentes. Inicialmente, ajustamos as atividades e como seriam os atendimentos remotos. Nesse sentido, a oferta não foi interrompida, mas ajustada às questões individuais de cada criança/adolescente”, explica a assistente social do Pasec, Adriani Faria.
O programa contribui para a garantia dos direitos das crianças e adolescentes, por meio do fortalecimento dos vínculos afetivos, relacionais e de pertencimento social na convivência familiar e comunitária. As atividades envolvem ações socioambientais, nutricionais e de formação cidadã. O Pasec integra diversas áreas do conhecimento ao abordar diferentes conteúdos que propiciam vivências e transformações entre os participantes e, também, no ambiente em que convivem. “É uma ação educativa transversal e multidisciplinar que visa articular um conjunto de saberes, formar atitudes e sensibilizar para o cuidado com a vida. Este pretende promover a educação integral dos participantes a partir de reflexões e experiências vivenciadas que contribuam na construção do sujeito ecológico”, explica a bióloga do Pasec, Daiani dos Santos.
Para que essa construção com os participantes seja possível, a ferramenta pedagógica utilizada é uma horta no espaço da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Marta, em São Leopoldo. Durante o ano de 2020, os atendimentos presenciais não foram realizados, seguindo as exigências impostas pela pandemia. O trabalho na horta foi realizado por técnicos e estagiários do Pasec que produziram os alimentos distribuídos às famílias dos integrantes do programa. E por falar em famílias, elas foram essenciais para a continuidade das atividades. “Com o isolamento social, as famílias puderam implantar as suas hortas domésticas. A criação e a revitalização das hortas domiciliares, com a participação de pais e filhos na produção do seu próprio alimento, foi destaque nas conversas pelo grupo em aplicativo de troca de mensagens. Fomos acolhidos pelos participantes e suas famílias à medida que abriam suas câmeras e apresentavam seus lares”, ressalta Daiani.
A aproximação com os familiares dos participantes evidenciou outras necessidades. Mesmo de forma remota, o Pasec auxiliou em questões emocionais, contribuindo com os vínculos familiares. “O serviço se fez presente na vida dos participantes, de forma potente, em meio às necessidades de escuta que surgiram nesse cenário crítico que nos afligiu. Contribuímos para a estruturação psicológica e melhor qualidade de vida dos envolvidos”, relata Adriani. O programa arrecadou doações para comunidade, com o apoio de alunos e egressos da Unisinos, além do Banco de Alimentos de São Leopoldo e o Comitê Solidariedade Unisinos. Para Gelson, foi preciso muita responsabilidade com a população que vive em situação de elevada vulnerabilidade. Durante o ano, o Pasec realizou 87 atendimentos, beneficiando 45 pessoas. Resultado que reforça o compromisso do programa com a comunidade atendida.
Esta matéria foi escrita em meados de 2021, referente ao Balanço Social 2020.