Coragem para começar algo novo

Com o tema Sonhos e Conexões, a primeira edição do TEDxUnisinosSalon acontecerá na sexta-feira, 26 de junho, das 10h às 11h30 na sala Santander, no campus Porto Alegre.

O medo de empreender é normal, mesmo quando quem está prestes a fazê-lo está preparado para isso. A coragem para dar o primeiro passo pode vir de diversos estímulos. No caso de Gustavo Albuquerque, 28, palestrante do TEDXUnisinosSalon 2015, o gás para começar um empreendimento está justamente no desafio de não conhecer os detalhes do novo negócio. E essa bravura é algo que nasceu com ele e o acompanha em sua vida profissional desde o início, quando ele começou a cursar Administração – Gestão para Inovação e Liderança, na Unisinos.

A diferença entre Gustavo e outros empreendedores está nos resultados, pois, mais do que realização pessoal, ganhos financeiros ou status, o empreendedor abraçou uma causa social. Depois de formular um projeto inédito de uma piscina com ondas para facilitar a vida dos surfistas do RS, de criar um negócio de perfumes e de planejar, auxiliar na implementação de um sistema na área de Contabilidade na Thyssenkrupp Elevadores, ele ainda teve fôlego para tratar do tema da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E tudo isso durante a graduação!

O começo, como de praxe, foi simples e nasceu dentro do próprio estágio curricular. “Nessa época, eu estagiava na Thyssenkrupp Elevadores, e tinha uma colega que havia ingressado na empresa por meio da Lei de Cotas (lei 8213/91). Eu não possuía conhecimento algum sobre pessoas com deficiência (PCD). Em uma das nossas conversas, ela comentou sobre a lei de cotas do Brasil, a qual determina que as empresas devem ter no seu quadro um determinado percentual de funcionários com algum tipo de deficiência. Decidi, então, criar o plano de negócios de uma empresa de treinamento de pessoas com deficiência (PCDs), para que passassem a ingressar, já capacitadas, no mercado de trabalho: nascia, assim, o projeto Mão na Roda”, conta.

O projeto era uma breve faísca do que, depois de formado e pós-graduado, viria a ser a empresa Egalitê, startup à época, formada em parceria com Guilherme Braga e Marcelo Rodrigues. Os dois amigos de Gustavo também haviam participado do desenvolvimento de um plano de negócios voltado ao recrutamento de pessoas e o financiamento de estudos de pessoas com deficiência. Depois de estudarem muito o tema e reunirem as ideias, também consultaram o professor Filipe Campelo, em cuja oficina do GIL o Gustavo havia desenvolvido o projeto Mão na Roda.

Com a orientação de Campelo, os três empreendedores descobriram o programa PRIME, da Finep. Eles elaboraram e submeteram o projeto da Egalitê ao edital, e venceram. “Fomos uma dentre as cem empresas que receberam investimento do governo para iniciar suas atividades. Eu, naquele momento, assumi a direção institucional, Marcelo, a direção administrativa e financeira, e Guilherme, a área comercial”, afirma Gustavo. Como responsável pelo relacionamento com as instituições que atendem pessoas com deficiência, realizei um mapeamento das principais instituições do Rio Grande do Sul e passei a visitá-las e promover reuniões. Minha inexperiência com o tema ocasionou, todavia, algumas situações inusitadas, por exemplo, no contato com as instituições que atendem deficientes auditivos, ou visuais.  O modelo de reunião convencional não se aplicava nestes casos. Foi então que passei a aprender ainda mais, por exemplo passando a cursar LIBRAS. Hoje, sou fluente na Língua Brasileira de Sinais”, diz. Gustavo explica que a legislação e a fiscalização que visam garantir as cotas de contratação de deficientes nem sempre são o suficiente para que essas pessoas sejam incluídas no mercado de trabalho. Para Gustavo, a inclusão é um caso de cultura organizacional.

Com uma carta de clientes significativos e dois prêmios federais da Finep, surgiu a iniciativa de expandir a Egalitê para São Paulo. “Submetemos o projeto de expansão a um edital do BNDES, que concederia dinheiro a ser pago a longo prazo, e fomos a primeira organização do Rio Grande do Sul a receber este financiamento. São Paulo era o grande mercado, e dentre os membros da nossa equipe, coube a mim o desafio da expansão da Egalitê na capital paulista”, diz ele. Em São Paulo, a luta começou do zero. “Após nossa expansaão para São Paulo, vimos a necessidade de termos um sistema operacional próprio, para atingir a escalabilidade visada e mantendo a assertividade que sempre buscamos. Depois de pouco mais de um ano, a ferramenta ficou pronta – e com qualidade muito superior do que esperávamos. Na etapa de criação do sistema, profissionais da área da psicologia entrevistaram grupos de pessoas com deficiência e registravam os resultados da avaliação em uma ficha, os quais eram comparados aos resultados gerados automaticamente pela ferramenta em relação ao candidato. No final do período de testes, alcançamos um índice de assertividade sistêmica de 87% do perfil do candidato, o que é excelente”, avalia. “Foi então que identificamos que o sistema, criado num primeiro momento com foco na inclusão, poderia ser ampliado para as demais pessoas com interesse em ingressar no mercado de trabalho, nesse momento idealizamos o Vaga Exata e decidimos ir em frente neste novo desafio”, conta.

Surgiu ali a Start Up Vaga Exata. Neste novo projeto, Gustavo atua com os sócios Marcelo Borges Rodrigues e Maurício Jaeger. O propósito do Vaga Exata é encontrar a vaga mais adequada para o perfil de cada candidato, sempre levando em conta o perfil da empresa que está recrutando. “Acreditamos que é fundamental entender melhor os valores da empresa e o comportamento do candidato para descobrir quem é o candidato ideal para cada oportunidade. Através de um método online identificamos com assertividade o perfil de cada pessoa e o perfil ideal de cada vaga, permitindo auxiliar as empresas a encontrar o candidato exato para sua vaga e a vaga exata para cada candidato. Não queremos mais ser um banco de currículos, mas um banco de profissionais. A meta é capitalizar o Vaga Exata e seguir em frente, pois sabemos onde vamos chegar, mas o caminho é longo”, comenta.

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