Coração Delator: o horror contado em Leitura Dramática

Atividade integra a programação da exposição “Do Gótico ao Terror”, realizada no Memorial Jesuíta

Crédito: Rodrigo W. Blum

Um caminho de velas conduzia até a sala escura, silenciosa, repleta de livros e teias de aranha. Sobre a escrivaninha, relíquias literárias de séculos passados e uma luminária apontada para um livro em especial, o grande destaque da noite. Naquelas páginas, o conto Coração Delator de  Edgar Allan Poe, escrito em 1843. A Leitura Dramática daquelas linhas prendeu a atenção e acelerou os batimentos cardíacos dos participantes, quase hipnotizados pela genialidade do autor e da história de horror. A atividade ocorreu na noite de ontem, 29 de outubro, e integra a exposição Do Gótico ao Terror, promovido pela Biblioteca da Unisinos, sob a orientação e organização de Susana Holtz.

“O horror é uma coisa que existe e nos acompanha, querendo ou não, por toda a nossa vida. Tem gente que lida com isso escrevendo, outras abstraindo, outras estudando o assunto. Hoje, lidaremos com isso ouvindo um conto”, iniciou o professor Cláudio Zanini, leitor do texto. O professor se dedica ao estudo da literatura do gênero e é conhecedor das obras do autor escolhido para o encontro.

Antes de iniciar efetivamente a leitura, Zanini falou sobre a conturbada vida pessoal de Edgar Allan Poe, que segundo os especialistas que se dedicaram ao estudo sobre o autor, teria influenciado diretamente a sua inclinação para o horror e terror, embora tenha iniciado a carreira pelo suspense, com histórias de detetive.  “Filho de artistas, levava uma vida nômade e instável, de acordo com os historiadores. Perdeu a mãe quando tinha sete anos e não muito mais tarde a tia que o adotou após o falecimento da mãe. Também perdeu a esposa, um ano após o casamento, vítima de tuberculose. Não por menos acreditava que perderia qualquer mulher que se atrevesse a amar”, explicou.

Crédito: Rodrigo W. Blum

Coração Delator

O conto também foi traduzido para o Português com o nome Coração Denunciador. Relata, em minucias, a angústia que toma o ser de um homem, profundamente incomodado pelo olhar do seu amo. Afirma piamente não se trata de loucura e tenta provar a sua sanidade detalhando, ato a ato, o assassinato do sujeito, que lhe causava “mau olhado”. Diante de tamanha astúcia na execução dos seus movimentos, o assassino conclama “um louco teria mostrado tamanho discernimento?”.

A leitura enfática do conto culminou com o som do coração do falecido, escondido sob o assoalho da casa, que denunciou o ato para os detetives que investigavam o caso. “Esperávamos que alguém surgiria atrás da porta para nos assustar”, disseram muitos dos participantes, totalmente envolvidos com a história. “Foi ainda melhor do que projetamos. Este é um momento que deve se repetir ainda muitas vezes nesse lugar”, concluiu Susana Holtz, ao término do encontro.

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