A relação praticamente hierárquica entre um profissional da saúde e o paciente é coisa do passado. Pelo menos se depender da professora Ana Paula Barcellos Karolczak, coordenadora do curso de Fisioterapia da Unisinos em Porto Alegre.
Segundo ela, na área da fisioterapia, em vez de um mandar e o outro obedecer, o que existe agora é uma relação mais “horizontal”. Isso significa que o fisioterapeuta precisa saber escutar o paciente e respeitar a sua autonomia. Eis a tal humanidade.
Quer saber sobre outras particularidades da área? Então confira abaixo uma entrevista com a professora.
A elevação da expectativa de vida e consequente envelhecimento da população provoca alguma modificação na formação do fisioterapeuta?
Com certeza. O currículo do nosso curso foi atualizado e revisado com vista às necessidades da população e do mercado. Existem atividades específicas que tratam do processo de envelhecimento, sobre os cuidados e tipos de intervenção que podem ser feitas. Enfim, as estratégias de intervenção do fisioterapeuta mudam.
Além do conhecimento técnico, o fisioterapeuta precisa de características que ajudem a criar um vínculo saudável com o paciente?
Esperamos que o egresso do curso seja um profissional humano, que tenha uma escuta ativa e saiba fazer o acolhimento do paciente. Claro que as questões técnicas são muito importantes, mas não vão adiantar se o fisioterapeuta não souber escutar e fazer negociações. Hoje em dia há uma relação muito mais horizontalizada com o paciente, então o profissional tem que se dispor a isso.
A proliferação de terapias alternativas, sem base científica, é um problema para o mercado da fisioterapia?
Acho que não chega a ser um problema. O fisioterapeuta tem que saber se posicionar em relação a isso, com um trabalho de educação permanente, que contemple o melhor conhecimento científico, mas também a experiência prática e a autonomia do paciente. É um tripé, e a partir dele o profissional vai se posicionar. Às vezes o paciente quer fazer terapias alternativas, então acho que uma coisa não exclui a outra, mas a gente tem que saber orientar e informar que determinada prática pode ter algum risco.
O fisioterapeuta também pode atuar de maneira preventiva?
O DNA da fisioterapia é a reabilitação, ela nasceu assim. Mas isso já caiu por terra, porque hoje há uma formação muito mais ampla, que envolve também a promoção da saúde e prevenção de doenças. Nosso curso dá igual importância a esses três níveis, e o profissional pode trabalhar todos eles ao mesmo tempo em diversos lugares. O importante é que ele tenha um olhar mais amplo, holístico, buscando entender o contexto geral da pessoa, não olhar exclusivamente para um joelho machucado, por exemplo. Até porque, muitas vezes, os problemas são multifatoriais. O profissional pode ter atuação preventiva em clínicas privadas, em estúdios de pilates e na atenção primária à saúde da rede pública.
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