O movimento das Cidades Educadoras começou no I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, em Barcelona, na Espanha, no ano de 1990. Lá, um grupo de cidades pactuou o objetivo comum de trabalhar juntas em projetos que visam melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Nesse projeto houve a participação de diferentes municípios, entre eles Porto Alegre. Contudo, esse pacto foi esquecido por um tempo e a capital dos gaúchos só acabou adentrando novamente nessa rede no dia 04 de março de 2022.
A participação da cidade no projeto veio a partir do Pacto Alegre, um acordo que convidou gestores públicos, líderes empresariais, educadores e membros da sociedade civil para pensarem juntos o futuro da cidade. A partir daí, foi realizada uma parceria entre o programa Saúde na Escola da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre e o curso de Nutrição da Escola de Saúde da Unisinos. Dessa junção veio o projeto “Crescendo com Saúde”.
Criado com o intuito de realizar ações nas escolas, o projeto é coordenado pela professora da Escola de Saúde, Lovaine Rodrigues. Recentemente, o grupo de trabalho realizou atividades de avaliação nutricional e educação alimentar e nutricional na Escola Estadual Ana Nery, localizada na Zona Norte de Porto Alegre. A visita da professora e de alguns alunos ajudou na reativação da horta comunitária da escola e na criação de uma composteira.
“Nessas atividades, primeiro conhecemos o ambiente, conversamos com a comunidade, com professores e enxergamos o entorno daquela escola. Pesamos as crianças, medimos e avaliamos a ingestão alimentar das crianças do 1º ao 3º ano”, explica Lovaine. Já a última visita foi voltada à descoberta do perfil alimentar dessas crianças, do que elas gostam de comer e como sua interação com o alimento dentro e fora da escola estava acontecendo.
A nutrição infantil
De acordo com Lovaine, as refeições dentro da escola tendem a conter uma variedade de alimentos como vegetais e frutas, contudo isso não parece ser o reflexo fora dela. Em atividades com os alunos, foi descoberto que em casa a alimentação das crianças não é tão diversificada, com preferência pelos ultraprocessados e fast-foods, comidas com baixo valor nutricional. “O que a gente percebeu foi que, no ambiente escolar, elas têm uma garantia da segurança alimentar e nutricional, mas que quando a gente pergunta sobre os hábitos fora da escola, percebe que infelizmente tá igual à população em geral. Com um acesso muito fácil para um alimento que tem muitos aditivos, gordura saturada, açúcar de adição e pouco acesso rápido ao alimento de horta” explica a professora.
Um dos motivos é a falta de segurança financeira das famílias, que faz que elas invistam mais em alimentos com mais calorias e mais simples de serem feitos. Mas qual a solução para isso? Segundo Lovaine, não é a falta de gosto, pois a maioria das crianças aceita bem frutas e legumes nas refeições. Uma solução pode ser a exposição em casa a esses alimentos: “Talvez a gente precise primeiro dessa consciência da família, de que isso é importante. A segunda é ter condições econômicas de dar conta disso. Políticas públicas que deem conta de dar a essas famílias condições de comprar essas comidas”, finaliza a professora.
A última ação na Escola Ana Nery, de uma série de três, está prevista para acontecer na próxima quarta-feira, dia 16/11.