Conferência debate a Década dos Afrodescendentes na América Latina

Evento discutiu a importância da história do povo negro no Brasil e no mundo

Nesta terça-feira, 17 de novembro, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas – Neabi e o Programa Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários – Tecnosociais, organizaram um evento para debater a situação do povo negro no Brasil e no mundo. O encontro contou com a presença do reitor, padre Marcelo Fernandes de Aquino, que deu as boas-vindas aos presentes, juntamente com as coordenadoras dos projetos sociais, Adevanir Pinheiro – Neabi e Célia Severo – Tecnosociais.

A conferência debateu a dimensão da Década Internacional dos Afrodescendentes aprovada pela ONU em reconhecimento a existência e demais contribuições da população negra em todo mundo, especialmente, na sociedade brasileira. O evento teve como objetivo dar continuidade aos trabalhos realizados pelo Neabi e pelo Tecnosocias com enfoque para o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Os palestrantes da noite foram a assessora de projetos da Cáritas Brasileira – Regional RS, Pâmela Ieda Muniz e o professor uruguaio Julio Eduardo Pereyra.

Economia solidária em pauta

Pâmela destacou em sua apresentação a importância do Desenvolvimento Solidário Sustentável Territorial. E trouxe exemplos concretos do trabalho que desenvolve junto às comunidades quilombolas, ressaltando o trabalho realizado em Cruz Alta. “No Rincão dos Negros a comunidade produz o próprio alimento e ainda tem um banco de sementes de tudo que é plantado lá”. A assessora de projetos contou que o objetivo do trabalho que realizam é garantir os direitos da comunidade e dar viabilidade econômica, com o desenvolvimento de trabalhos como artesanato e reciclagem.

“Temos que legitimar a importância do povo negro para a construção do país”, afirmou a palestrante, ao falar do Dia da Consciência Negra. “É preciso enaltecer a história e rever a memória. Essa data é um momento de comemorar e festejar as conquistas, tendo em vista a real contribuição do povo negro na literatura, na arte, na cultura e na produção de conhecimento. Precisamos buscar essas lideranças negras e criar orgulho a partir dessas referências”, enfatizou.

Uma visão latino-americana da questão

Julio, em sua fala, destacou a importância da Década ser trabalhada dentro das universidades. “Precisamos passar do discurso para as práticas reais e bons exemplos, como o Neabi da Unisinos, são muito importantes para construir a transversalidade neste debate”. Para o palestrante, a Década Internacional dos Afrodescendentes, institui a questão étnica dentro da temática dos Direitos Humanos e isso traz uma enorme possibilidade de reflexão”, destacou.

Para Julio, temos que pensar a população negra de forma mais local, porque cada país tem seus problemas, suas particularidades e sua história. O pesquisador acredita na visualidade como um dos caminhos para a construção da identidade da população negra e destacou em sua apresentação as diferenças entre as visões do Uruguai e do Brasil no papel do negro na construção do Estado. “Aqui existe um dia especial para falar da consciência negra e ter uma data é muito importante, mas precisamos entender que a questão dos afrodescendentes precisa ter destaque não apenas em novembro, por isso a importância de práticas que ultrapassem o discurso”, finalizou.

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