Uma noite para pensar e debater sobre a sustentabilidade. Assim foi a palestra de abertura do Conexão Pesquisa 2019, que lotou a Anfiteatro Pe. Werner, no Campus São Leopoldo. Seis professores, um de cada Escola, abordaram o tema dentro das diferentes áreas do conhecimento. O debate foi conduzido pela jornalista Carol Anchieta, que foi mediadora da discussão que conectou alunos e professores e trouxe a vivência da pesquisa na prática.
Sustentabilidade nas Humanidades
O professor Luiz Inácio Gaiger, doutor em Sociologia, destacou a importância de pensamos a relação entre a sustentabilidade e as Ciências Sociais. “Nós estamos cada vez mais no caminho da insustentabilidade. Por que chegamos nessa situação?”, questionou o professor.
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Luiz apresentou a linha histórica da extinção em massa e afirmou que há fatores externos que levam ao desenlace que chegamos hoje, sem que seja da nossa vontade. “Criamos esse processo, independente da vontade pessoal da cada um”, destacou. Segundo o pesquisador, as Ciências Sociais se servem de várias áreas em busca da sustentabilidade social e ambiental.
Dentro do espaço reservado para discutir o tema pelo viés das humanidades, a egressa Kellen Pasqualeto, mestre em Ciências Sociais, falou sobre a Apoena Socioambiental, uma iniciativa desenvolvida por ela e duas colegas. Kellen propôs uma reflexão sobre as práticas que estamos realizando nas empresas. “Uma empresa social tem outros valores além do lucro e a sustentabilidade é um desses valores”, reforçou.
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Sustentabilidade no Direito
Sob a perspectiva do Direito, o professor com pós-doutorado em Direito Ambiental e Direito dos Desastres, Delton Winter de Carvalho, destacou os desastres como a ausência de sustentabilidade. “O ser humano alterou mais de 50% da crosta terrestre”, afirmou.
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O pesquisador falou da identificação de desastres naturais e tecnológicos. “Os desastres naturais não são tão naturais assim, já que são produzidos por vulnerabilidade mais riscos. Mariana e Brumadinho são exemplos de como o direito dos desastres trabalha”, apontou.
Delton questionou sobre quem tem direito de conhecer os riscos de um desastre e disse que no caso do que aconteceu em Mariana, o licenciamento ambiental e a gestão de risco tinha um erro de 99,6% quanto a extensão atingida em caso de um desastre.
Sustentabilidade na Saúde
Doutora em Ciências Biológicas, a professora da Escola de Saúde Tanise Gemelli falou da dieta planetária e sua relação com o meio ambiente. “Se a gente não parar nesse momento, em pouco tempo, não teremos mais planeta”, destacou a pesquisadora. Segundo ela, a mudança do padrão alimentar e a redução do consumo de alimentos de proteína animal estão ligadas ao efeito estufa, a produção do gás metano e do CO2, que fica até 100 anos na atmosfera.
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“A dieta sustentável para salvar o planeta pede uma redução drástica no consumo de proteína animal. Associando questões nutricionais e ambientais a melhor dieta é a dieta mediterrânea. Precisamos buscar o equilíbrio entre o meio ambiente e a cadeia alimenta”, finalizou.
Sustentabilidade nos Negócios
Doutor em Administração, o professor da Escola de Gestão e Negócios, Iuri Gravonski falou da sustentabilidade nas organizações. “As empresas também são responsáveis pelo bem-estar social. Não basta preservar o meio ambiente e condenar as pessoas a uma vida sem qualidade. Nós, nas empresas, criamos valor ao transformar insumos em produtos”, afirmou.
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Para Iuri, uma empresa que descarta de forma responsável seus dejetos está colaborado com a sustentabilidade. “O desempenho socioambiental depende da motivação da empresa, que pode ser o mercado, ou interna, ou ambas”, explicou. Segundo o pesquisador, o melhor resultado é alcançado quando esses dois fatores estão aliados.
Sustentabilidade na Politécnica
Para falar da relação da tecnologia com o meio ambiente, o professor Rodrigo Righi, doutor em Ciências da Computação, apresentou dados sobre o uso de recursos computacionais e de engenharia. “O mundo está conectado e a energia está dentro dos computadores. Os datacenters, dentro do consumo de energético, consomem de 20 a 25% da energia do mundo”, destacou.
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O pesquisador falou ainda da virtualização, da redução do número de computadores e das técnicas de elasticidade de recursos, que favorecem a sustentabilidade. “É importante aferir corretamente o consumo de energia para trabalhar de forma pró-ativa, com sensores de inteligência artificial para anular um problema futuro”, afirmou.
Sustentabilidade na Indústria Criativa
Design para sustentabilidade foi o tema trazido pela professora doutora na área, Karine Freire. Junto com a mestranda em Design Estratégico, que pesquisa sustentabilidade e resíduos têxteis na cadeia da moda, Thaís Menna, elas falaram de sustentabilidade e pertencimento.
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“Design é uma atividade criativa que pode desenvolver modos de viver mais sustentável. Produzir e consumir em harmonia com a natureza. Vamos imaginar um mundo onde todos produzem e consomem de modo responsável”, convidou a professora.
Karine falou ainda sobre a importância da colaboração, do senso de comunidade e da confiança. “O design é um processo aberto, de acordo com os valores que a gente acredita”, complementou Thaís.
Ao fim da apresentação dos palestrantes, foi aberto um espaço para perguntas em que foi possível tirar dúvidas sobre o tema a partir das seis áreas do conhecimento.
Durante a tarde, o evento contou com uma rodada de apresentações de pesquisas, onde os palestrantes tiveram o desafio de apresentar o trabalho que desenvolvem nos Programas de Pós-Graduação em 180 segundos, utilizando apenas um slide. O Conexão Pesquisa 2019 segue até essa quinta-feira, 17/10. Clique aqui e acompanhe a programação completa.
Confira imagens dos eventos: