Eles chegaram ao Inclusão Digital Afrodescendente por diferentes caminhos: “Eu tinha computador em casa, mas sem internet, e ficava com preguiça de usar ele”, conta Alisson, 16 anos. “Fui convidada pela Rafaela”, lembra Francieli, 17. “Eu não tive escolha. Minha mãe participava antes de mim, eu vim com ela e fiquei”, é o que relata Ryan, 16. Em comum, uma só convicção: a de que chegaram ao lugar certo.
O projeto integra o Programa Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) e promove o resgate social das comunidades afrodescendentes por meio do aprendizado tecnológico. O Inclusão Digital é um curso diferenciado, pois articula conhecimentos de informática com temas de formação cidadã e educação das relações étnico raciais.
O que torna o Inclusão Digital Afrodescendente uma segunda casa para esses jovens – e quanto a isso eles concordam – é a disposição integral dos educadores em acolher e prestar suporte ao aluno. Lucas, 16, fala pelo grupo: “Aqui é um espaço onde todos querem ajudar e sempre se aprende algo. A aula é leve, descontraída. Tu podes trazer teus amigos, chamar mais gente, e as pessoas são muito boas”.
Para Rafaela, 15, o curso tem mostrado resultados além do esperado: “No começo, a gente estudou o básico. Eu já sabia Word e Power Point. Depois, fui descobrindo coisas novas e tudo começou a ficar bem mais interessante. Agora já consigo levar o que eu aprendo aqui para fora da sala de aula”, orgulha-se.
Ryan conta que tem gente que chega no Inclusão Digital Afrodescendente sem saber o básico do uso das ferramentas. Com as aulas, isso muda. “Hoje o pessoal já sabe fazer um trabalho bem feitinho no Power Point, com animação, efeito, transição em segundos. Se você precisar de uma tabela financeira para manter as contas da casa em dia, eles vão saber montar uma no Excel.”
Enquanto aprendem sobre computação, os alunos do projeto também conhecem outros temas de relevância na sociedade. “Falamos bastante sobre a questão racial. Estudamos autores, as histórias de homens e mulheres negras que lutaram por nós. Não tem parada esse movimento, sempre levamos adiante”, comenta Ryan.
Em meio à Década Internacional de Afrodescendentes – que foi promulgada pela Organização das Nações Unidas e compreende o período entre 2015 e 2024 –, a discussão sobre as relações étnico raciais torna-se ainda mais urgente e necessária. Essa dinâmica para resgatar e ressignificar uma história que foi “esquecida” precisa trazer o negro para o centro do debate, e é isso o que o Neabi está fazendo por meio de seus projetos. Atualmente, também integram o escopo de atuação do núcleo as iniciativas: Cidadania e Cultura Religiosa Afrodescendente; Assessorias às Escolas e Grupo Interreligioso de Diálogo, entre outras.
Esta matéria foi realizada em meados de 2018, referente ao Balanço Social 2017.