Lívia Gallo iniciou seu Doutorado no PPG em História em março de 2019 com um projeto relacionado à história dos Estados Unidos, após dois anos desenvolvendo a pesquisa no Brasil, conseguiu uma bolsa da CAPES para passar um semestre na Johns Hopkins University, no estado de Maryland, para realizar a parte que falta de análise de fontes primárias. A doutoranda está com a viagem marcada para dia 30 de agosto e fala sobre suas expectativas.
Em sua tese, Lívia estuda as transformações pelas quais a história passou nos Estados Unidos a partir dos últimos anos do século XIX, momento em que se tornou uma disciplina universitária, realizada a partir de parâmetros científicos por profissionais especializados. “Fundamental para este processo foi a fundação de uma associação nacional de historiadores – a American Historical Association, espaço em que puderam debater os pilares epistemológicos da nova disciplina e se articular politicamente para conquistar locais de emprego, a estrutura necessária para a realização das pesquisas e o reconhecimento jurídico para atividade”, explica.
A doutoranda conta que a ideia para o tema surgiu ainda no Mestrado. “Ao realizar leituras sobre os cortes de financiamentos a pesquisas na área das Ciências Humanas e a redução de possibilidades profissionais para os historiadores por conta dos fechamentos de departamentos de história e do fim da obrigatoriedade da oferta da disciplina no Ensino Médio, comecei a refletir sobre a importância de compreendermos a dimensão política da existência e da sobrevivência de um campo disciplinar, para assim sermos capazes de nos articularmos politicamente para este propósito”.
A realização da pesquisa demandava o acesso a documentos históricos existentes somente nos Estados Unidos, por isso, a doutoranda e seu orientador, Hernán Ramirez, começaram a estudar possibilidades de bolsas de pesquisas para que ela passasse pelo menos um semestre no país. “No início de 2021, submetemos um projeto para a CAPES, que tinha um edital aberto para Doutorado Sanduíche. Em maio recebemos o resultado positivo, e no dia 30 de agosto estarei embarcando para permanecer seis meses na Johns Hopkins University sob a orientação do professor François Furstenberg”, conta a futura doutora.
Lívia afirma que ambos estão muito animados com esse período no exterior porque, além de possibilitar o acesso aos materiais necessários para a realização da tese, será uma experiência única poder frequentar os seminários de pesquisa estadunidenses, estar vinculada à universidade que foi o centro de formação dos primeiros historiadores disciplinados daquele país e poder participar de um congresso da associação que vem sendo o seu objeto de estudos desde o Mestrado.
Segundo Hernán, a importância de um doutorado sanduiche firma-se especialmente na possibilidade de ampliar horizontes, sejam temáticos quanto relacionais. “No que tange ao primeiro, são poucas as pesquisas sobre Estados Unidos feitas no Brasil, ter especialistas que trabalhem tal temática é importante para diversificar, muito mais quando se terá acesso a fontes primárias específicas, impossíveis de se achar aqui. Igualmente, num mundo cada vez mais relacionado, solidificar as redes são vitais, pois nos aproximam das discussões que acontecem no mundo, o que uma estadia colabora em grande medida, pois a imersão é intensiva, tendo acesso a um novo núcleo de docentes e discentes, cujas relações poderão se estender por décadas, frutificando em pesquisas ou publicações conjuntas”, conta o orientador.
Lívia encerra dando dicas para todos que sonham em estudar no exterior. “O que eu tenho a dizer aos estudantes que pretendem realizar Mestrado ou Doutorado no exterior, seja integral ou parcial, é que fiquem atentos aos editais que continuam sendo abertos. Quando pensamos em bolsas de estudos no Brasil, a primeira coisa que vem a nossa cabeça é CAPES e CNPq, mas existem diversas outras agências que concedem esse tipo de bolsas, como a Fullbright, por exemplo”.
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