“Com as tecnologias que temos disponíveis é possível fazer uma internet melhor?”. Em resposta a essa pergunta, que surgiu nos Estados Unidos, em 2000, veio outro questionamento: “Por que, a atual não funciona?”. Segundo o professor e pesquisador do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) Antônio Marques Alberti, esse foi o início da reflexão sobre a internet do futuro, suas potencialidades e mazelas. A resolução para todos os anseios: arquitetar uma nova. A discussão sobre esse desafio, o que há de concreto e projeções, ganham espaço no 4º Fórum Brasil-Coreia, realizado hoje e amanhã no campus da Unisinos, em São Leopoldo.
A essência da internet que temos hoje é a mesma desde 1970. Então, como explica Antônio Alberti, para pensar o seu futuro, é preciso compreender o seu passado. Ela foi construída ao longo das décadas, sendo modelada e remodelada de acordo com as necessidades, as ideias criativas e inovadoras e as tecnologias disponíveis pra concretizá-las. O professor exemplifica, “É como uma cidade que surgiu há 300 anos. Na época não havia carro, as tecnologias não eram tão evoluídas, nem se contava com o mesmo número de estabelecimentos e construções que tem hoje. Ela passou por inúmeras adaptações para comportar o seu crescimento da melhor forma possível. Mas, como não existia um planejamento pra isso, mesmo porque nem tudo é previsível, existem ruídos e problemas na sua estrutura. Na internet, alguns desses problemas são nas áreas de segurança, privacidade e mobilidade”.
É incontestável que a internet, mesmo nesse processo “incremental” (que recebe novos elementos no decorrer do tempo), é um sucesso. E, sendo um sucesso, como fala Alberti, se depara constantemente com desafios e limitações que ela mesma se impõe. O futuro da web (relações e interações), inclusive, depende da evolução dessa arquitetura (para acolher as novas possibilidades) e na reparação das falhas. É aí que entram a Internet das Coisas e a NovaGenesis.
Projeções de uma nova internet
“A internet do futuro promove uma relação direta entre o mundo físico e o virtual, através de um exército de programas, podendo ajudar a resolver problemas e otimizar atividades, por exemplo. O computador vai gerenciar o conteúdo para o usuário, como um piloto automático. Para tanto, a inteligência precisa estar na internet”, explica o pesquisador. Essa ideia foi batizada por ele como NovaGenesis, ou seja, “o novo começo”, um projeto de internet nova para substituir a atual.
A concepção não é tão complicada: cada vez mais as ‘coisas’ estão na internet. O professor Rodrigo Righi, da Escola Politécnica da Unisinos, detalha, “os objetos, roupas, eletrodomésticos, automóveis… Tudo está sendo redirecionado, de alguma forma, para a internet. Como por sensores, através dos quais pode-se rastrear algo ou obter mais dados. Estando o mundo físico também no virtual, pode ser possível cruzar suas informações, de forma automática, para o benefício do usuário. Algo que, dentro da estrutura da atual internet, não é possível. Portanto, não é só a internet em si que precisa ser repensada, mas todos os âmbitos que ela envolve”.
Antônio Marques Alberti elucida as explicações de Righi com o caso de alguém que sai de casa em viagem e esquece uma janela aberta, “já está na rede que ele comprou as passagens e reservou o hotel para determinada data. Acionou o alarme antes de sair, mas deixou a janela, que tem um sensor, aberta. A informação da janela aberta vai se comunicar com as demais informações e avisar esse sujeito do ocorrido, para que providencie o fechamento da janela antes da viagem”.
Ainda não existe uma projeção exata de quando existirá a primeira proposta de internet do futuro pronta para o mercado. Contudo, o pesquisador adianta que, considerando os números da área, novos modelos devem emergir em até 30 anos.
A programação completa do evento pode ser conferida aqui.