Como preservar o butiazal?

Projeto que envolve professor e egressos da Unisinos publica livro que apresenta pesquisa de preservação em Tapes

Crédito: Aline Rocha

Uma publicação gratuita, da Editora Fi, reúne em um ebook as contribuições de diversos cientistas para o estudo e a preservação dos butiazais de forma didática e acessível. Com o nome “Patrimônio natural dos Butiazais da Fazenda São Miguel”, o material é organizado pelo professor Alexandro Marques Tozetti, coordenador do Laboratório de Ecologia de Vertebrados Terrestres da Unisinos, junto com dois egressos da Universidade, Mateus Raguse-Quadros e Renata Krentz Farina.

Um butiazal é uma formação que reúne diversos butiás, uma espécie de palmeira comum nos pampas do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Devido à ação do homem, grande parte dessas populações, que se formam por alguma razão ainda desconhecida pelas ciências, desapareceram. O maior reduto remanescente desse tipo está localizado na Fazenda São Miguel, uma propriedade particular mantida por uma família em Tapes, cidade que fica às margens da Lagoa dos Patos.

A convite da Embrapa Clima Temperado, sede regional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, um grupo de pesquisadores estudou na fazenda as propriedades não apenas do butiá, mas de toda a flora e fauna em torno dos butiazais. 

O projeto, chamado de Rota dos Butiazais, é anterior a esse esforço, entretanto: além de universidades e instituições de pesquisa, a iniciativa reúne governos e empresas. O objetivo é preservar o que ainda existe dessas formações e desenvolver técnicas que permitam a prática agrícola de forma sustentável nos três países.

Para o professor da Escola Politécnica, Alexandro Marques Tozetti, a ideia de publicar os resultados das pesquisas vem no sentido de aumentar a divulgação científica sobre o tema. “É importante que a linguagem seja adaptada para que um público maior entenda, sem que isso acarrete na perda de sentido ou de complexidade do tema”, aponta. Tozetti também lembra que o livro é gratuito, o que ele considera justo, já que o fomento das pesquisas veio todo de verbas públicas.

Além do conteúdo escrito, cada capítulo ainda contém um resumo visual dos temas apresentados. “Deu muito trabalho, mas vale a pena a surpresa que causa mais esse presentinho para o leitor antes de cada capítulo”, diz o pesquisador. Segundo ele, o recurso é importante na introdução dos temas a quem não é familiarizado com eles. As referências gráficas podem, por exemplo, serem usadas por professores em sala de aula.

Crédito: Divulgação

Na publicação, que pode ser conferida neste link, além da organização, o professor contribui em dois capítulos que falam sobre a vida dos anfíbios nos butiazais. 

Mateus Raguse-Quadros e Renata Krentz Farina se envolveram com o tema ainda na graduação na Unisinos. Os dois pesquisadores acabaram por continuar o trabalho em suas teses de Mestrado e em trabalhos subsequentes. Para ambos, a formação acadêmica na Unisinos deu a eles a disposição de integrar os esforços da Rota dos Butiazais e, mais tarde, organizarem o livro.

Para Mateus, o livro também surgiu de um momento em que muitas pesquisas de parceiros da Rota estavam sendo concluídas em um curto espaço de tempo. “O objetivo foi reunir esses belos trabalhos, fruto de uma parceria tão importante na Rota, e deixá-los acessíveis para o público”, afirma.

Segundo Renata, o butiazal é um ecossistema pouco conhecido, o que torna o ebook ainda mais necessário. “O livro é uma grande oportunidade para podermos divulgar nosso trabalho. Além disso, também é uma forma de estarmos mais próximos do público em geral que não tem o costume ou a vivência científica”, aponta.

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