Uma empresa que começou com um canivete e hoje engloba mais de 18 mil itens em seu portfólio. Essa é a Tramontina. A empresa que nasceu na serra gaúcha, em 1911, e é motivo de orgulho para os brasileiros. Nessa terça-feira, 24/11, a história da marca de 106 anos que nunca deixa de inovar foi contada pelo próprio Presidente do Conselho de Administração da empresa, Clóvis Tramontina, no II Fórum de Negócios da Unisinos.
Tradicional na fabricação de talheres e panelas, entre outro leque de atividades no setor industrial, a empresa já atinge faturamento de R$ 2,5 bilhões e emprega aproximadamente oito mil funcionários em todo o país. O empreendedorismo que deu certo com a Tramontina é traduzido por Clóvis em uma frase: encontrar soluções simples para problemas complexos. Para ele, existem muitos modismos na área empresarial e pouca objetividade. Esse é um dos méritos que atribui ao pai Ivo Tramontina, seu pai, e o sócio, Ruy Scomazzon – “ir lá e fazer”.
Formado em Direito pela Unisinos e em Administração de Empresas, Clovis representa a terceira geração dos Tramontina. Seguindo os passos da família, ele define empreendedorismo a partir de quatro ações: capacidade de inovar, introduzir ao mercado novos métodos ou produtos, criatividade e paixão. De acordo com ele, a diferença entre capitalismo e empreendedorismo é evidente: “o capitalista pensa em lucratividade. O empreendedor é movido por sonhos”.
A Tramontina iniciou a sua globalização em 1963, quando nem mesmo se falava no assunto. Clóvis destaca que esse movimento foi muito importante para entender o que é competitividade. Hoje, a empresa conta com centros de distribuição em 128 países e 15 unidades no exterior. A linha “Churrasco” foi uma das apostas de maior sucesso da empresa para a disseminação da marca.
Mesmo com a crise que assolou o país e o mundo nos últimos anos, a Tramontina foi uma das poucas empresas que se manteve resiliente. Em um período que muitas pessoas perderam seus empregos, Clóvis fala, orgulhoso, que não precisou retirar ninguém da empresa por conta disso. “Demissões: zero. Nossa estratégia foi mexer no mix de produtos. De fato, sentimos menos consumo em algumas linhas, mas, como um todo, conseguimos articular estratégias nas diferentes filiais, nacionais e internacionais”, revela.
Além da preocupação com a qualidade e melhoria da vida das pessoas que usam produtos Tramontina, o segredo para o sucesso também é a valorização do público interno. “A prata da casa”, como Clóvis gosta de dizer. Com mais de 8 mil funcionários, ele garante que, para mantê-los motivados, a empresa segue o discurso alinhado à prática. “Apresentamos um lugar limpo, saudável e seguro para trabalhar. Além disso, oferecemos oportunidade dos nossos funcionários se capacitarem e vislumbrarem crescimento dentro da empresa”, reitera.
A influência da universidade no desenvolvimento da indústria também é definida como um dos fatores de sucesso da Tramontina, para o presidente. “O salto de crescimento foi com o conhecimento científico advindo da universidade. Essa aproximação foi fundamental”, certifica. A Tramontina tem parceria com a Unisinos em diversos cursos de graduação e pós-graduação, potencializando a troca de conhecimentos entre alunos e colaboradores da empresa.
O gestor arrisca países que devem crescer economicamente nos próximos anos, entre eles, destaca Brasil, China e Índia. Otimista, ele vê muitas oportunidades de empreender no País. “Dizem que o Brasil é o país do futuro, mas, para mim, o Brasil é o país do presente. Se tem um lugar cheio de oportunidades é aqui. Basta nós tomarmos riscos e nunca deixarmos de investir”, finaliza.
O evento foi promovido pelos programas de pós-graduação da Escola de Gestão e Negócios. Segundo o coordenador do PPG de Ciências Contábeis, Tiago Alves, a intenção do evento é ampliar o contato entre universidade e empresas. “Ouvir a história de alguém que partiu do zero e construiu um império é uma forma de motivar nossos alunos”, salienta. A ideia é tornar esse tipo de experiência parte do cotidiano da universidade, complementa a coordenadora do PPG de Economia, Luciana Costa. “Aproximar os alunos da vivência dos principais empreendedores é um momento para enriquecer, com diferentes realidades, o que ensinamos em aula”, alega.