Pedro Harres, egresso do curso de Realização Audiovisual, e o ilustrador uruguaio Ruben Castillo queriam fazer um projeto juntos. A ideia já havia sido pensada algumas vezes. Certo dia, Castillo apareceu na Otto Desenhos Animados, vestindo uma camiseta estampada com um peixe estilizado, do seu próprio traço. “Quando perguntei sobre o desenho, ele me contou uma história formidável, que lhe aconteceu em Colônia de Sacramento”, conta Pedro. E foi desse momento, que surgiu a ideia do curta-metragem Castillo y el Armado.
O resultado dessa parceria não demoraria a aparecer. A animação concorre ao prêmio Leão de Ouro, da mostra competitiva Orizzonti, do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que acontece entre os dia 27 de agosto e 6 de setembro. “Esse é o maior evento artístico que irei participar”, fala Pedro, que embarcou no domingo para a Europa, onde faz uma parada em Londres (ele prestará uma seleção de mestrado na National Film & Television School – NFTS), e chega à Itália no dia 31.
Confira a entrevista
Como foi a realização da animação?
A produção levou aproximadamente 13 meses e foi financiada através de um edital da SAV/Minc. Ele foi inteiramente produzido a mão. Os primeiros estudos e storyboards foram feitos no papel e o resto foi desenhado direto no computador. Foi bastante desafiador afinar a equipe, para aproximar o desenho de todos, do estilo gráfico bem singular do diretor de arte. Só na parte de desenho tivemos três animadores (Fabiano Pandolfi, Hermes de Lima e Josemi Bezerra), quatro arte-finalistas (André Fraga, Anttonio Pereira, Lívia Koeche e Melissa Webster), dois layoutistas e cenaristas (Pilar Prado e Ruben Castillo) e dois finalizadores (Marco Arruda e Monty Pellizzari).
Você trabalha somente com animação ou também desenvolve outros trabalhos na área?
Trabalho com animação, filmes de imagem real e também desenvolvo instalações interativas. Dentre os meus principais projetos está a instalação EgoMáquina, que esteve exposta na rodoviária de Porto Alegre esse ano, e o curta Um Animal Menor, produzido pela Okna.
Como você recebeu o convite para participar do Festival de Veneza?
Várias semanas depois de ter inscrito o filme através do site recebi um e-mail da assistente do diretor do festival. Foi uma bela surpresa, pois nesses festivais super concorridos sempre inscrevemos com pouca expectativa.
E agora, quais são as expectativas do curta na Itália?
O filme terá uma carreira bem boa, pois uma seleção como essa sempre gera uma repercussão positiva. Ganhando ou não o Leão de Ouro, ele já está sendo convidado para outros festivais do país e da Europa.
O que é para você ter um curta indicado em um dos principais festivais de cinema do mundo?
Além de uma grande felicidade, representa uma chance ímpar de trazer visibilidade para o meu trabalho e abrir as portas para maiores projetos e novas parcerias.
O que o CRAV representa para você hoje, vendo o seu trabalho ser reconhecido em alto nível?
Guardo com muito carinho meus tempos de CRAViano. Lá descobri o cinema que me interessava fazer, e fiz amigos e parceiros de trabalho com quem tenho o prazer de conviver até hoje. Na equipe vale ressaltar a Raíssa Kellerman, o Marcos Lopes e o Tiago Bello, que contribuíram grandemente para o filme e também são formados na Unisinos, pelo CRAV, e a Melissa Webster, arte-finalista, que cursou Comunicação Digital.
Confira o trailer do curta, que também concorrerá no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.