Carnaval com eclipse solar

Professor do curso de Física da Unisinos e astrônomo Luiz Augusto L. da Silva explica o fenômeno

Crédito: Getty Images

Além da alegria dos foliões, o domingo 26 de fevereiro, reserva uma surpresa a mais: o primeiro eclipse solar de 2017. O fenômeno terá ampla visibilidade no Brasil, sendo mais impressionante, justamente, no estado do Rio Grande do Sul.

Esse será o primeiro eclipse do Sol visível em território gaúcho, desde 11 de julho de 2010. Não haverá outro por aqui até 15 de fevereiro de 2018. Apesar de parcial, o evento do próximo domingo será notável. Para se ter uma ideia, na capital e arredores, mais de 50% da área do disco solar estará encoberta pela Lua, às 11h da manhã. Quanto mais ao sul, maior será a cobertura do Sol, chegando a 2/3 em cidades como Santa Vitória do Palmar e Chuí, na fronteira com o Uruguai.

Outros estados brasileiros também assistirão ao fenômeno, embora de maneira menos espetacular. O limite da visibilidade do eclipse cruza os estados da região norte. O nordeste e o centro oeste, grosso modo, verão cerca de 20% do raio solar eclipsado, enquanto na região sudeste este percentual gira ao redor de 40%.

Embora seja parcial em território brasileiro, ao longo de uma faixa estreita que vai do Oceano Pacífico através do Chile e da Patagônia argentina, cruzando o Oceano Atlântico e adentrando Angola e a República Democrática do Congo, na África, o eclipse será visto como anular. Essa é uma variedade de eclipse solar que acontece quando, no momento de encobrir o Sol, a Lua está também na maior distância possível da Terra (apogeu), resultando em um tamanho aparente menor, insuficiente para encobrir totalmente o disco solar. No meio do eclipse resta, então, um anel brilhante, ao redor da silhueta negra do nosso satélite.

Precauções

É importantíssimo alertar para o perigo de se observar o Sol. O eclipse, em si, é um fenômeno inofensivo, porém o brilho elevado do Astro-Rei causa danos oftalmológicos irreversíveis, como cegueira. Jamais se deve olhar para o Sol, com eclipse ou sem eclipse, se não se dispuser de uma proteção visual adequada.

O emprego de binóculos e telescópios não é recomendado, em se tratando de leigos. Para usar quaisquer destes instrumentos eles devem estar equipados com filtros seguros, ou então projetar a imagem oferecida por eles numa tela, ou parede próxima. Em geral, apenas astrônomos amadores e profissionais sabem como fazer isto. Então, recomenda-se procurar ajuda técnica. Se você não tem experiência, não use binóculos ou telescópios para ver o eclipse.

Métodos tradicionais, como enxergar o Sol através de pedaços de radiografias justapostos, ou mesmo usar óculos escuros, também não são seguros. Uma alternativa barata e segura consiste em adquirir uma lente de soldador número 14, vendida nas ferragens por preços muito acessíveis (cerca de R$ 3,00 a unidade). Coloque-a na frente dos olhos, e faça observações periódicas breves, intercaladas por períodos de descanso mais prolongados.

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