Não é novidade que a tecnologia tem transformado materiais, métodos e prazos na arquitetura e na construção. Há algum tempo, as etapas para desenvolver um projeto saíram da mesa de desenho e tomaram forma em softwares como o SketchUp. Mas é chegada a hora de uma entrega tecnológica diferente, especulada há muito tempo: o surgimento de novas profissões.
Projetar uma casa, um ambiente, ou um móvel dentro do SketchUp são atividades vistas como parte de uma modelagem mais fluida e que já foi incorporada pelo mercado. A novidade vem por conta de uma modelagem mais dinâmica que, nada mais é do que o redesenho técnico de peças unitárias – chapas, pisos, cerâmicas, metais, e outros componentes – ou de produtos completos e complexos, que servirão para o projetista incluir no seu esboço. Estes itens ficam disponíveis em bibliotecas e podem ser modificados de acordo com as particularidades de cada cliente.
A pergunta que fica é: quem são e onde estão os profissionais capazes de modelar esses produtos para abastecer a ferramenta? Como a demanda ainda é nova, uma união de atores do mercado e da academia pode acelerar a habilitação de profissionais que já têm alguma intimidade e conhecimentos prévios que facilitam o aprendizado desta nova profissão.
Com o objetivo de capacitar novos profissionais e incrementar o mercado, Gabster, Tecnosinos e Unisinos, criaram um projeto piloto para estudantes da arquitetura. Na autoria desta iniciativa estão o CEO da Gabster, Cleandro Nilson, o coordenador de Arquitetura da Unisinos, Adalberto Heck e a diretora da Unidade de Inovação da universidade e CEO do Tecnosinos, Susana Kakuta. A primeira edição do curso, oferecido no formato de extensão, de forma gratuita, contou com 23 inscritos. As aulas foram realizadas em formato híbrido, ou seja, EAD e presenciais. A capacitação ocorreu entre os dias 13 de janeiro e 20 de fevereiro, aproveitando o período de férias da universidade para uma imersão de conteúdo.
Lucas Brizolla, engenheiro civil que faz parte da equipe de implantação da Gabster, é um entusiasta da proposta e ministrante das aulas. Ele conta que há uma crescente necessidade por parte das empresas e faltam profissionais na área. “Há muito tempo, nós tínhamos vontade de organizar um curso como este. Os professores da arquitetura aceitaram prontamente essa parceria e o Tecnosinos nos deu a estrutura que precisávamos para algumas etapas da formação”, relata Brizolla.
Na conexão com os alunos, Lucas contou com o apoio dos professores Adalberto Heck e Olavo Amaro da Silveira Neto. Adalberto destaca que ações como esta preparam os alunos para uma inserção no mercado profissional e na sociedade como agentes proativos e empreendedores capazes de incorporar todas as possibilidades que as novas tecnologias e as novas formas de projetar e construir oferecem. “Estamos muito satisfeitos com a realização desta cooperação e esperamos que seja a primeira de muitas, de forma a possibilitar diversas frentes de atuação aos nossos egressos”, prevê o coordenador.
Já para Olavo, as aulas vão ao encontro de um momento de renovação na Unisinos. “A universidade lançou, há um ano, a modalidade Graduação Pro em diversos cursos, incluindo Arquitetura e Urbanismo. Com ela, buscamos maior relação com o mercado, inovação, empreendedorismo. A parceria com a Gabster, empresa inovadora no mercado AEC, é bastante estratégica na capacitação e qualificação de nossos alunos, permitindo atuação em novas áreas e maior empregabilidade”, explica Silveira Neto.
Na outra ponta do processo, Susana Kakuta ressalta a importância do projeto. “Inserir as tecnologias digitais na formação de estudantes e futuros empreendedores do setor relacionado à construção civil é vital para a sua competitividade”. Para ela, a parceria oportuniza acesso à tecnologia de ponta e sua aplicação imediata.
A ideia, que começou na arquitetura, pode migrar para outras graduações aumentando ainda mais o alcance da capacitação e incluindo alunos dos cursos de engenharia, por exemplo. É o que explica o CEO da Gabster: “Nossa intenção é ampliar a participação da universidade e entregar para o mercado profissionais com uma base acadêmica sólida e que sejam capazes de desenvolver um bom trabalho”, contextualiza Cleandro.