Ana Flor, da Globo News, fala do trabalho no jornalismo político com estudantes da Unisinos

Em evento especial de 25 anos da sua formatura na universidade, a convidada respondeu questionamentos dos futuros jornalistas

As cadeiras colocadas no Auditório da Biblioteca da Unisinos Campus São Leopoldo, no andar térreo, estavam lotadas por estudantes de Jornalismo para receber Ana Flor, jornalista da Globo News e egressa da Unisinos. Na noite desta quinta-feira, 9, a profissional esteve na universidade para recordar seus momentos como aluna após 25 anos de formação.

A coordenadora do curso de Jornalismo, Débora Gadret, abriu a noite introduzindo a entrevistada aos estudantes. Em seguida, Ana iniciou sua fala comentando sobre as dúvidas que rondavam sua vida quando ainda era graduanda. “Comecei aqui sem ter muita certeza do que realmente era o curso de Jornalismo, gostava de escrever, pensava em ser professora acadêmica”, recordou.

O evento, intitulado “Como cobrir o poder no Brasil”, foi mediado pelos alunos de jornalismo Gabriel Reis e Lucas Kominkiewicz. “É uma das primeiras vezes na vida que eu apresento algo assim, ainda mais com uma convidada tão significativa. Mas, uma vez que eu sentei na poltrona, fluiu de vez”, detalhou Gabriel. O encontro contou com dois blocos de perguntas: um direcionado pelos apresentadores e outro aberto ao público. “A convidada é super receptiva, facilitou demais a condução do evento”, disse Lucas.

Os primeiros passos no Jornalismo

Ana Flor respondeu a perguntas dos estudantes por quase duas horas no auditório da Biblioteca. Foto: Gabriel M. Ferri/Beta Redação

A primeira abordagem de Ana foi sobre o início da carreira, na qual ela traçou os locais onde adquiriu experiências e, principalmente, redescobriu funções em cada um deles. “Fui pra rádio Unisinos e pensei: agora eu sei o que eu quero. Depois fui para o Jornal NH e pensei o mesmo de antes. A gente vai mudando e descobrindo o que queremos fazer no jornalismo. Tudo é uma construção de uma carreira”, pontuou.

Para os alunos que estavam presentes e buscavam aquela dica valiosa de quem está iniciando a carreira, a jornalista foi clara quando disse que não existe um único caminho: “A minha trajetória é cheia de voltas na profissão”. Como maior conselho, Ana frisou a importância de criar uma rede contatos desde cedo. “Na universidade, a gente começa a fazer contatos dentro da profissão. Isso é essencial. Não dá pra sairmos da universidade e só depois começarmos a vivenciar o jornalismo”, completou.

Outro ponto a ser destacado é a exposição que o trabalho na frente das câmeras naturalmente traz à jornalista. “A televisão me tornou uma pessoa em evidência por mais que eu tenha tentado me manter mais privada. O lado bom é que muitas fontes conhecem você mesmo antes de procurá-las”, colocou. Além disso, ela comentou sobre o repórter ter a liberdade de demonstrar emoções ao vivo. “Não podemos ser uma pedra de gelo na frente da televisão. O jornalista não pode ser notícia, mas também não podemos esconder esse senso de humanidade”, completou.

A convidada foi bastante questionada sobre as questões de gênero envolvendo a profissão. “A violência de gênero na política é muito preocupante. A gente teve um presidente que sempre quando questionado por uma mulher, era muito duro”, lembrou. Porém, a situação não se restringe ao Brasil. “Acho que jornalistas em geral têm sido muito mais atacadas no mundo inteiro”, observou.

“Jornalismo não é apenas glamour, tem uma base sólida que a gente aprende na faculdade”, destacou a jornalista aos alunos. Foto: Gabriel M. Ferri/Beta Redação

Trabalho com a política

Seguindo no tema do jornalismo na política, Ana destacou a importância de checar todas as novidades que chegam. “Toda fonte que procura você tem um interesse. Se a fonte vai te passar um informação, ela tem interesse que saia”, salientou. Segundo a entrevistada, a política é o espelho da vida em sociedade. “São pessoas com interesses que representam grupos. Todo mundo que está lá foi eleito, tem legitimidade para estar ali. Política é essencial, e dá audiência”, garantiu.

Mas, para que Ana Flor esteja na Globo News, escreva um blog no G1 e, de vez em quando, entre ao vivo na Rede Globo, não é simples. “Eu leio no mínimo quatro jornais por dia, preciso saber se estou dando a notícia nova ou velha”, explicou. Ela também recomendou procurar matérias com o intuito de ver o que outros especialistas pensam dos assuntos. “Temos que ler outras opiniões para ampliar o modo como vemos os assuntos”, completou.

Ana recebeu homenagem das mãos do professor Sergio Endler, de quem foi aluna na graduação. Foto: Gabriel M. Ferri/Beta Redação

Agradecimento final

O professor Sérgio Endler, que lecionou aulas para Ana Flor na década de 1990, foi o responsável por fazer o agradecimento final em nome da Unisinos. “É uma alegria imensa estar aqui, muitas experiências e lembranças foram vividas. Você tem uma carreira brilhante, espero que em 25 anos a gente possa se reencontrar outra vez aqui”, brincou.

“Eu sou acostumada a fazer perguntas, não a responder. É uma responsabilidade mandar uma mensagem para quem está começando a carreira. Me senti como alguém que passou por uma sabatina de duas horas, estou feliz e aliviada. Foi ótimo”, avaliou Ana Flor, ao final das conversas. Ela acredita que conseguiu deixar a mensagem essencial sobre o curso. “Jornalismo não é apenas glamour, tem uma base sólida que a gente aprende na faculdade. A técnica e a ética devem ser seguidas por todos”, finalizou.

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