Amazônia debaixo d’água 

Pesquisadores do itt Oceaneon participaram de estudo que mostrou que o local onde hoje está a Floresta Amazônica já foi um imenso mar de água salgada

Crédito: GettyImages

Em trabalho realizado por um grupo de pesquisadores, que inclui o coordenador do itt Oceaneon, Gerson Fauth, e os pesquisadores Fernando Lopes, Jorge Martin, Lilian Maia Leandro, Mauro Bruno e Simone Becker, ficou constado que a Amazônia já foi um imenso mar de água salgada. O estudo foi o primeiro a ser publicado no Geology Journal, principal fonte de divulgação internacional de pesquisas da área. 

Durante a graduação em geologia em Manaus, Lilian via muitos pesquisadores estrangeiros realizando trabalhos na região, e sempre se questionava o motivo de os nascidos na Amazônia não terem a mesma visibilidade das pessoas que vão até a região para realizar seus estudos. “O meu propósito sempre foi retribuir de alguma forma a educação dada na minha formação. Então fui coletar amostras no Serviço Geológico do Brasil no Amazonas, para estudar os microfósseis da região. Neste estudo começamos a registrar a ocorrências de microfósseis marinhos e fizemos um estudo de multiprox para compreender o paleoambiente da Amazônia, e entender a razão do registro destes microfósseis marinhos”, lembra a pesquisadora. 

Crédito: arquivo pessoal.

Lilian explica que o mar chegou à Amazônia durante o Mioceno, quando ocorreram as últimas grandes configurações dos movimentos dos continentes, o qual, configurou para o estado atual das danças dos continentes. “Durante este período, as Cordilheiras do Andes estavam em processo de elevação, o Istmo do Panamá começando a se formar, o Rio Amazonas tinha direção inversa do atual. Além disso, o Planeta Terra estava mais quente com a ocorrência do Ótimo Climático e Máximo Termal do Tortoniano, consequentemente, o derretimento das geleiras e a elevação do nível do mar. Todas estas questões favoreceram a incursão marinha na Amazônia”, detalha. 

A pesquisadora afirma que a ocorrência na região de microfósseis de origem marinha na região, que foram o enfoque do estudo, comprovam a teoria. “Entretanto, também foram encontrados dentes de arraia e escamas de tubarão. Associados a estes microfósseis, também foram realizados os estudos geoquímicos e de isótopos comprovando a paleosalinidade na região”, completa. 

Crédito: arquivo pessoal.

Para acessar pesquisa completa, clique aqui

Glossário 

  • Microfosseis: são restos de organismos invisíveis ao olho nu que se fossilizaram, para encontrá-los e identificá-los é necessário o auxílio de lupa ou microscópio. 
  • Multiprox: é a utilização de várias ferramentas para estudar algo. Paleoambiente: 
  • Paleoambientes: correspondem aos ambientes antigos em que ocorreu a formação das rochas. 
  • Paleosalinidade: correspondem a salinidade dos antigos ambientes no qual a água poderia apresentar 

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