Os alunos da Unisinos, Juliana Hoch e Eduardo Rodrigues, participaram no último sábado, 12/3, do programa Caldeirão do Huck, Rede Globo. Durante o quadro “Jovens Inventores”, os proprietários da empresa Vital apresentaram o projeto que facilita a conservação de órgãos. A criação dos estudantes foi avaliada pelos jurados: o médico, Ben-Hur Ferraz Neto; o empreendedor, Leonardo Lima de Carvalho; e a atriz Luana Piovani. Com três notas 10, os alunos faturaram o prêmio de 30 mil reais.
O projeto começou a ser desenvolvido em 2011, quando ainda estudavam na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha. A ideia surgiu depois que eles assistiram a uma reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo. A matéria abordava o sistema de transplantes do Brasil, as diversas dificuldades enfrentadas pelos hospitais e as falhas no sistema.
Os alunos decidiram investigar onde poderiam ajudar a melhorar a situação, como técnicos em química. “Foi aí que descobrimos que muitos órgãos eram descartados por problemas de infraestrutura e conservação. Ou seja, temos órgãos disponíveis para transplantar, mas não tínhamos estrutura para não perder estes órgãos. E como resultado, a fila de mais de 70 mil pessoas na espera só aumenta. Melhorar esse quadro foi o nosso objetivo inicial”, afirma Eduardo.
Após esse processo de pesquisa em que os estudantes identificaram a importância dos líquidos conservantes como um fator determinante em um sistema de transplantes, surgiram algumas dificuldades. “A primeira foi encontrar de que forma nós atuaríamos nesse contexto. Como alunos do ensino médio, com pouco conhecimento e pouco acesso à tecnologia de ponta, não seria viável, por exemplo, elaborar um novo líquido conservante de órgãos”.
A Unisinos apostou na pesquisa e os alunos ganharam duas bolsas integrais de ensino na Graduação em Engenharia de Materiais. “Ambos possuímos bolsas integrais de estudo na Unisinos em função do projeto. Além disso, os professores e funcionários da universidade sempre se colocaram à disposição para auxiliar. Contamos com a possibilidade de utilização de laboratórios na Unisinos e apoio técnico”, conta Juliana.
Quando um transplante é realizado, o órgão é retirado do doador e fica imerso num líquido que conserva a estrutura dos tecidos até que ele seja transplantado para o receptor. Atualmente, esse líquido conservante é muito caro, em função do princípio ativo presente nele, o Ácido Lactobiônico. A produção do ácido é feita por uma enzima, ele é obtido misturado com outro composto. E justamente a separação desses dois compostos, que torna caro o custo do Ácido Lactobiônico.
Os estudantes perceberam isso e foram atrás de outros métodos para separar esses dois compostos. Em 2012, eles desenvolveram um projeto com um método microbiológico como alternativa para diminuir os custos dos líquidos conservantes de órgãos que são utilizados para transplantes.
“Verificamos que alguns dos casos de descarte de órgãos estavam ligados à falta de capital para aquisição de líquidos conservantes que são responsáveis por conservar os tecidos do órgão durante o processo de transplante do doador para o receptor. Estes líquidos são caros em função do seu princípio ativo, o Ácido Lactobiônico. Através da nossa solução, desenvolvemos um processo que reduz o custo do ácido pela metade. E por consequência, o custo dos líquidos conservantes também”, explica Eduardo.
Os alunos conseguiram criar essa separação que tem um custo 50% menor do que o Ácido Lactobiônico é vendido hoje. “Com isso, podemos auxiliar no aumento do número de transplantes realizados, diminuição na perda e descarte de órgãos por problemas de conservação, ou ainda a não realização de transplantes em hospitais, por falta de capital para a compra de conservante. Ou seja, redução de custo, redução de pessoas na fila de espera, e aumento de vidas salvas”, afirma Eduardo.
Assim, eles vão conseguir baixar o custo do ácido, garantindo que ele possa ser utilizado de forma mais barata na fabricação dos líquidos conservantes de órgãos.