O estudante da Escola Politécnica, Bruno Kayser, conta que sempre gostou muito de tartarugas. Tendo contato com o animal desde pequeno, esse interesse influenciou na vontade de ajudar na conservação desses répteis. Quando estava se formando no ensino técnico em 2020, uma reportagem chamou a atenção do aluno. “Essa reportagem dizia que tem uma espécie de quelônio aqui do Brasil, o Mesoclemmys Hogei (Cágado-do-paraíba), estava criticamente em perigo de extinção e eles não conseguiam achar os ninhos e a localização dos animais”, lembra.
Bruno conta que a tecnologia usada na época para monitorar a espécie de réptil utilizava monitoramento “VHF”, um tipo de sistema de radiofrequência. Contudo, segundo Bruno, essa tecnologia tinha alguns defeitos. “Ela é pesada, disfuncional e obriga os operadores a estarem o tempo inteiro em campo”. A partir disso nasceu a motivação para a criação do Turtle Tech.
O projeto acompanhou o estudante até sua entrada na Unisinos, onde cursa as graduações em Biologia e em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, o que lhe ajudou a angariar experiência na área de tecnologia e influenciou no projeto. Para Bruno, essas duas esferas de conhecimento podem parecer opostas, mas na verdade funcionam muito bem em conjunto. “Na minha cabeça, as tecnologias têm que atingir os guias de conservação da natureza e dos animais”, explica.
Baseado nas tecnologias IoT e GPS, o projeto tem como propósito monitorar os animais precisamente, traçar rotas reprodutivas e saber a localização dos ninhos, tudo isso sem a necessidade de alguém em campo para captar os sinais na hora. O Turtle Tech consiste em uma tecnologia fixada no casco do cágado a partir de uma resina atóxica, não sendo maior que 30% da massa corporal do animal e não atrapalhando-o durante suas atividades.
Tudo isso foi beneficiado pela expertise adquirida no ambiente acadêmico. “Eu sempre usei toda a estrutura da Unisinos – desde a parte do parque, até os professores, laboratórios etc. – para desenvolver minha pesquisa e me desenvolver como profissional e estudante”, comenta Bruno.
O aluno também conta que estudar na Unisinos o ajudou a alcançar lugares que antes não conseguiria. “Eu conversei com o professor Alexandro Tozetti, responsável do Laboratório de Ecologia de Vertebrados Terrestre (LEVERT) e a partir desse projeto ele também abriu as portas do laboratório. Já comecei ali a trabalhar junto com eles no Projeto Desova e ainda estou desenvolvendo algumas ideias do que a gente vai fazer de tecnologia. Então, tanto na minha vida profissional quanto na minha vida acadêmica, a Unisinos me abriu inúmeras portas. Também a possibilidade de conhecer muitos lugares diferentes, que eu nunca teria tido a oportunidade tão jovem, só por causa da ciência”, explica Bruno.
Com o Turtle Tech, o estudante já participou de várias conferências científicas, recebendo mais de 30 premiações em âmbito nacional e internacional. A última dessas, a International Conference of Young Scientists (ICYS), foi realizada em Belgrado, na Sérvia, e lhe rendeu uma medalha de prata e também o prêmio de melhor apresentação, sendo altamente elogiado pela comunidade científica presente. No evento, ele compartilhou os resultados obtidos com o dispositivo eletrônico, enfatizando como o Turtle Tech supera as limitações dos métodos de monitoramento atuais e fornece dados precisos sobre o comportamento reprodutivo e a localização dos locais de desova das tartarugas.
Bruno comentou que já está traçando os próximos passos referentes ao projeto. “Estou aprendendo mais sobre a tecnologia, implementações possíveis, já estou trabalhando junto com o professor Tozetti para pensar em soluções para o futuro. E a minha ideia é agregar o máximo de conhecimento possível e de conexões, para conseguir colocar essas soluções para realidade. Para realmente poder auxiliar na conservação da natureza”, complementa.
Vestibular 2023/2
O próximo Vestibular da Unisinos acontecerá no dia 24/06 e as inscrições já estão abertas. Para realizá-las e conferir mais informações, acesse unisinos.br/graduacao.