Se o mercado de Tecnologia da Informação encontra-se em situação de estabilidade em termos de processos, produtos e serviços, e se tudo vai bem do jeito que está, é precisamente nesse ponto que se deve fugir do lugar-comum e fazer o improvável. No comodismo de uns, há espaço para a inovação de outros, e cabe aos mais atentos identificar oportunidades onde parece haver nenhuma.
Em aula inaugural dos cursos de Informática da Unisinos, Alexandre Blauth, executive partner da Gartner para a América Latina, com foco na Região Sul, palestrou sobre tendências mundiais de tecnologia. O evento ocorreu na terça-feira, 08 de março, no campus de São Leopoldo da universidade. Teve como propósito “promover a troca de experiências e gerar discussões ricas, além de incentivar a interação com um profissional da área”, conforme apresentou o gerente de bacharelados da Unisinos, professor Vinícius Souza, na abertura do encontro.
Com mais de três décadas de atuação em TI, Blauth representa uma instituição presente em mais de 85 países, voltada à pesquisa e ao aconselhamento sobre tecnologias da informação. A Gartner presta consultoria e apoia seus clientes na tomada de decisões, tanto de nível operacional quanto estratégico, desde 1979, quando foi fundada em Connecticut, nos Estados Unidos.
Na ocasião da aula inaugural, Blauth falou ao público sobre tecnologias estudadas pela Gartner, descoberta de tendências e processo de inovação. De acordo com ele, a disruptura não acontece quando tudo é fácil, mas, sim, quando as circunstâncias parecem contrárias à mudança e favoráveis à continuidade.
O convidado também destacou que há um tripé entre tecnologia, pessoas e processos, e que essas três forças atuam umas sobre as outras.
Sistemas inteligentes em todos os lugares
Para uma empresa, atuar em múltiplas plataformas móveis não é mais questão de tendência, mas de necessidade. “Em 2009, havia 1,6 bilhões de devices no mundo. Hoje, há cerca de 2,8 bilhões. Em 2020, esse número chegará a 7,3 bilhões, ou seja, quase 1 device por habitante do planeta”, comparou Blauth. “Se sua companhia não estiver em todos os lugares, você correrá o risco de não entregar ao cliente a informação que ele procura, e isso será uma perda.”
Assim como os devices, também a Internet das Coisas fará barulho nesse futuro não tão distante. De lixeira automatizada – que identifica volume e avisa quando está cheia, além de indicar sua localização geográfica para facilitar o recolhimento – a seguro inteligente de automóvel – que colhe dados da conduta do motorista e aumenta ou reduz o preço do serviço com base nos resultados –, há amplo universo a explorar.
Já hoje existem dispositivos eletrônicos que notificam quando a fralda do bebê precisa ser trocada ou se certificam de que um medicamento foi ingerido conforme orientação médica. Tem até impressora que constrói casa e carro que dirige sozinho. Praticamente, não há o que não possa ser inventado ou implementado. “A criatividade é o limite”, afirmou o palestrante.
Para promover a mudança, Blauth acredita que é preciso atuar prescritivamente, desenvolvendo a inteligência de sistemas (algoritmos) para estar um passo à frente, não apenas prevendo o futuro, como agindo imediatamente para melhorar o processo, produto ou serviço. Afinal, “o sucesso do negócio está vinculado à experiência do usuário e só se diferencia quem investe de forma diferenciada”.
Momento de trocas
A aula inaugural foi organizada pelas coordenações dos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas; Ciências da Computação; Gestão de Tecnologia da Informação; Sistemas de Informação; e Segurança da Informação.
Coordenadora do bacharelado em Sistemas de Informação, a professora Denise Bandeira avaliou positivamente a reação do público à palestra: “Os alunos mostraram interesse pelo tema e por se atualizarem cada vez mais. Certamente, vão levar os conhecimentos da aula às suas empresas, o que contribuirá para o desenvolvimento de suas carreiras”.
A estudante de Ciências da Computação Andressa Silveira elogiou o evento. “Foi muito importante e abrangente”, disse ela. “Agora, vou buscar essas tendências nas atividades do curso, ver como elas se aplicam nos conceitos que estudamos em sala de aula, e usá-las também para a pesquisa.”