A constituição do(a) professor(a) iniciante: implicações da iniciação à docência

O trabalho apresenta a análise dos processos envolvidos na constituição da docência do professor iniciante, ou dos modos de ser docente a partir da experiência em um projeto desenvolvido na região sul do Brasil, vinculado ao primeiro programa brasileiro de iniciação à docência – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Na articulação dos estudos sobre formação de professores e estudos sobre a docência contemporânea, desde uma perspectiva hipercrítica, buscou-se compreender a inserção na carreira docente dos(as) professores(as) iniciantes que foram pibidianos(as) entre os anos de 2010 a 2015 e as implicações da iniciação à docência nesse processo. Os materiais analisados foram selecionados a partir de 30 respostas, de um total de 369 questionários online (Google Docs) enviados aos(às) egressos(as) dos cinco primeiros cursos que fizeram parte do Pibid/Unisinos (Ciências Biológicas, Letras Português, Matemática, Física e Pedagogia). O trabalho procurou responder aos seguintes questionamentos: “Como a iniciação à docência no Pibid contribui para a inserção na docência nos primeiros anos de carreira profissional?”, “Como o(a) professor(a) iniciante que viveu a iniciação à docência no Pibid se relaciona com a cultura escolar nos primeiros anos de exercício da docência?” “Como são visibilizados certos modos de ser docente na constituição do(a) professor(a) iniciante?” As análises permitiram pensar na possibilidade de entender o Pibid como um “ensaio” para a docência no sentido deleuziano, como um espaço de inspiração, criação e recriação. Problematizo algumas formas de ser docente e mostro possibilidades para pensar a constituição de uma “docência artista” que tenha como base as dimensões ética, estética e política. Utilizo-me do conceito de crítica como hipercrítica para que se possa pensar a docência como espaço de exercício do pensamento e de criação. Também desenvolvo o conceito de ética da partilha para pensar a coformação nas formações inicial e continuada e num planejamento pensado coletivamente na escola, especialmente como uma estratégia para enfrentar a solidão dos professores iniciantes. A partir deste investimento de pesquisa, foi possível constatar que as experiências no Pibid produziram nos(as) professores(as) iniciantes múltiplos significados qualificadores da formação inicial e que também contribuíram para que sua inserção na carreira docente se processasse de forma mais experiente. A articulação que o Pibid proporciona entre a universidade e a escola é potente como espaço formativo para pensar a coformação inicial e também para possibilidades de inspiração para uma formação continuada mais solidária, onde a ética da partilha se torna uma experiência de formação.