Na última segunda-feira, 20 de maio, foi realizado na UNISINOS o debate “Direito e política na perspectiva latinoamericana: da modernidade ao pensamento de(s)colonial”, que contou com a presença da Doutora em Ciência Política Luciana Ballestrin, professora adjunta de Ciência Política no Departamento de Relações Internacionais e professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPel. Além de Luciana, participaram do encontro os professores do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS, Fernanda Frizzo Bragato e Jose Luis Bolzan de Morais.

O debate contou com a presença dos professores Luciana Ballestrin (UFPel), Fernanda Bragato (UNISINOS) e Jose Luis Bolzan de Morais (UNISINOS)
Durante o evento a expositora, professora Luciana Ballestrin, tratou do “giro decolonial”, compreendido como movimento de resistência teórico e prático, político e epistemológico, à lógica da Modernidade/Colonialidade, sistematizando sua fala sobre três aspectos. A primeira parte de sua apresentação consistiu em uma breve genealogia epistemológica do pós-colonialismo, em que propôs pensá-lo de modo mais abrangente em termos de um movimento político e intelectual que “percebe a diferença colonial e intercede pelo colonizado”, distinguindo-o do colonizador. Na segunda parte, foram apresentados aspectos históricos e de constituição do Grupo de estudos Modernidade/Colonialidade, que surge em meados da década de 1990, nos Estados Unidos, a partir das reflexões do grupo de estudos subalternos latinoamericanos (o qual, por sua vez, é oriundo do grupo de estudos subalternos indianos, dos anos 70), e do descontentamento com a “crítica eurocentrada do eurocentrismo” feita aos estudos subalternos indianos, que utilizavam como matriz teórica os estudos de autores eurocêntricos como Gramsci, Delleuze, Foucault e Derrida, permanecendo a análise ligada a perspectivas intraeuropeias. O grupo Modernidade/Colonialidade se estruturou, assim, como marco de rompimento com os estudos subalternos latinoamericanos. Após narrar a trajetória do Grupo, Luciana listou seus integrantes, destacando que, dentre eles, existem pesquisadores que, desde a década de 1970, seguem uma linha de pensamento muito própria, a exemplo de Dussel (Filosofia da Libertação), Quijano (Teoria da Dependência) e Wallerstein (Teoria do Sistema-Mundo).
Ao final, tratou da colonialidade sob sua tripla dimensão: poder, ser e saber, atentando para sua presença atual e constante nas estruturas e instituições sociais, que não tiveram fim mesmo com o término do colonialismo, colocando em discussão a necessidade da “decolonização da Teoria Política” no Brasil, a fim de que nos referenciais analíticos, teóricos e programáticos sejam construídos para além das perspectivas eurocêntricas.

Diversas questões a respeito dos estudos descoloniais foram debatidas com a plateia, composta por acadêmicos da graduação, mestrado e doutorado
Com a abertura do debate à plateia, foram discutidas questões referentes à falsa crença de uma necessária ruptura epistemológica com o conhecimento/fatos sociais de matriz europeia como pressuposto para o pensamento decolonial; a necessidade de relativização do peso da modernidade na construção dos acontecimentos (bons ou ruins) mundiais; a ausência de pesquisadores decoloniais brasileiros; a ausência de uma teoria decolonial da democracia, dentre outros.
O evento, realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos da Unisinos, teve duração aproximada de duas horas e contou com a participação de ouvintes de diversos níveis acadêmicos.
(por Ana Patrícia Wisniewski, mestranda do PPG em Direito da UNISINOS, bolsista PROSUP/CAPES e integrante do Núcleo de Direitos Humanos)