
Foto: http://bit.ly/1FUzG2O
Dando continuidade ao primeiro debate realizado no mês de setembro sobre a Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU realiza o 2º debate sobre a Carta Encíclica Laudato Si’. O evento, que ocorrerá no dia 15 de outubro, será realizado no Auditório Central da Unisinos, às 19h30min.
Reforçando o debate sobre o meio ambiente, a Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, publicada em 18 de junho deste ano, trouxe à tona diversos temas importantes para analisar a atual situação do mundo. São quase 200 páginas acompanhadas de 172 notas de rodapé, que tratam de três eixos principais: a crise ecológica, o antropocentrismo moderno e a economia mundial.
O jesuíta norte-americano Thomas Reese escreveu um guia de leitura para a Laudato Si’ no qual apresenta as temáticas abordadas em cada capítulo. Ele explica que, apesar de ser um documento papal, a carta é de fácil leitura e pode ser debatida em grupo. “Qualquer um pode baixar o texto integral na internet, chamar os amigos e dizer: Vamos ler e discutir a encíclica. Qualquer um que participe de um clube de leitura poderá recomendar que a encíclica seja a próxima leitura”, destaca.
O Papa Francisco inicia o texto da encíclica citando São Francisco de Assis, um dos santos mais populares da Igreja Católica. No primeiro capítulo, apresenta um panorama sobre a situação ecológica do mundo, abordando assuntos como clima, poluição, descarte de resíduos, perda da biodiversidade e desigualdades. Ele também analisa a forma como a degradação ambiental afeta a vida humana e a sociedade.
O “Evangelho da Criação” é o tema principal do segundo capítulo, no qual o pontífice sustenta que, dado que o mundo foi criado por Deus, todos podem cuidar da natureza e dos mais vulneráveis.“Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra”, pontua. E conclui: “A Terra é, essencialmente, uma herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos”.

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A discussão abordada pelo papa no terceiro capítulo é sobre a “raiz humana da crise ecológica” e como o homem contribuiu para essa crise. No quarto capítulo, Bergoglio fala sobre “ecologia integral”, sua principal proposta para a encíclica, a fim de combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.
Sobre a proposta de Francisco, o teólogo Leonardo Boff afirmou, em entrevista à IHU On-Line, que a ecologia integral é “a grande novidade” da Laudato Si’: “O conceito de ecologia integral é ‘o ponto central da construção teórica e prática da Laudato Si’. Receio que ela não seja entendida pela grande maioria, colonizada mentalmente apenas pelo discurso antropocêntrico de ambientalismo, dominante nos meios de comunicação social e infelizmente nos discursos oficiais dos governos e das instituições internacionais como a ONU. Como o novo paradigma sugere, todos formamos um grande e complexo todo”.
No quinto capítulo, Francisco convida o leitor para um diálogo sobre política ambiental nas comunidades internacionais, nacionais e locais, em linhas de abordagem e ação. “Este diálogo deve incluir a tomada de decisões transparente de modo que a política esteja a serviço da realização humana – e não apenas dos interesses econômicos. Envolve também o diálogo entre as religiões e a ciência, trabalhando juntas para o bem comum.”, comenta Thomas Reese.
O último capítulo da carta traz como tema a “educação ecológica e espiritualidade”. Sobre esse aspecto, Reese destacou que o “essencial aqui é uma espiritualidade que possa nos motivar a uma preocupação mais apaixonada para com a proteção deste nosso mundo”.
O francês Edgar Morin também foi um dos filósofos que falou sobre o documento de Bergoglio. Em entrevista publicada no jornal La Croix e reproduzida no sítio do IHU, Morin defende que “Francisco definiu a ‘ecologia integral’, que não é, sobretudo, esta ecologia profunda que pretende converter ao culto da Terra e subordinar tudo a ela. Ele mostra que a ecologia toca profundamente as nossas vidas, a nossa civilização, os nossos modos de agir, nossos pensamentos.”
Por Fernanda Forner
A encíclica também pode ser vista em um vídeo de 6min18s.
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