Conferencia Benilton Bezerra 018Segundo Benilton Bezerra Júnior, professor da UERJ, para Freud, a religião é uma grande defesa do sujeito. “Por que os seres humanos inventaram um Deus? Por causa da sua precariedade ontológica”. Essa é a visão do pai da Psicanálise, que acreditava que o ser humano é marcado pelo desamparo, pela pequenez diante dos desafios da vida. Inclusive a experiência entre os humanos seria marcada pela decepção, pelo ódio. Por isso o ser humano cria o sagrado, para se defender. “Deus seria a projeção de nossas fraquezas e fantasias, a resposta para o nosso desamparo diante dos desafios que a morte e a finitude nos colocam. A religião também seria uma maneira de controlar os impulsos humanos”, explica Benilton, durante a conferência “Narrativas de Deus, e a transcendência hoje: uma abordagem a partir da psicanálise”, ministrada na tarde de ontem durante X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades. No entanto, ele enfatiza a importância de entender este pensamento de Freud com base em seu contexto pessoal: ele era um cientista ateu, judeu e anticlerical, e caracterizava a religião como uma grande neurose coletiva.

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Em contraposição, o professor trouxe o pensamento do psicanalista inglês Donald Winnicott, para quem Deus está na ação criadora do ser humano enquanto sujeito. Para Winnicott a religião, o sentimento de sagrado é ativo e não reativo, como defendia Freud.

O professor encerrou sua fala reconhecendo que todos temos dificuldades para lidar com as adversidades, por isso, colocamos os motivos de nossos problemas nas questões físicas, biológicas. “Ninguém mais suporta a dor e o sofrimento. Por isso querem remédio para tudo. E fazem a alegria da indústria farmacêutica”. O grande desafio, finaliza Bezerra, é saber como a religião pode abrir um horizonte de realização amplo.

Para saber mais sobre o tema, leia aqui a mais recente entrevista concedida pelo professor à IHU On-Line.  E na Notícias do Dia de amanhã, aqui nesta página, leia uma nota mais ampla sobre a conferência de Bezerra.

Uma resposta

  1. ceso franco de oliveira disse:

    Sua pensabilidade e seus vôos
    no que diz e escreve, sempre me surpreende.

    Celso

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