Há exatos 200 anos nascia o naturalista britânico Charles Darwin. E é sem exagero que se pode falar em uma ciência antes e depois dele, tamanha a influência e importância de sua Teoria da Evolução contida na obra A origem das espécies através da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida. E é com essa perspectiva que pelo mundo todo se comemora uma espécie de Annus Mirabilis de Darwin, com vários congressos e simpósios a ele dedicados em função de seu bicentenário de nascimento. É o caso do IX Simpósio Internacional IHU Ecos de Darwin, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU de 9 a 12 de setembro de 2009. Pesquisadores de diversas partes do mundo acorrerão à Unisinos para analisar o legado darwinista. Até hoje discute-se A origem das espécies, que fundamenta os pilares da nova ciência. Um dos pontos de maior polêmica que suscita é sua pretensa incompatibilidade com o criacionismo. O historiador da ciência Roberto de Andrade Martins (Unicamp), um dos componentes da mesa técnico-científica do IX Simpósio Internacional IHU Ecos de Darwin, explica que existem diversos tipos de criacionismo, e que “Darwin foi muito cuidadoso ao colocar como uma possibilidade que Deus tivesse criado a vida, os primeiros seres vivos, e depois eles foram evoluindo, se transformando. Então, Darwin não estava querendo introduzir uma teoria materialista, oposta à religião”. De acordo com Roberto, o impacto de A origem das espécies à época de seu lançamento “se deu principalmente pela seriedade e volume de informações coletadas por Darwin para defender suas idéias. Havia ali um conhecimento profundo dos prós e contras de todos os aspectos, bem como a proposta de um mecanismo plausível para a transformação das espécies”.
É preciso destacar, contudo, que Darwin também chegou aonde chegou porque subiu nos ombros de gigantes. Devotado leitor das obras de Lamarck, ele não se furtou de criticá-lo fortemente, a princípio, para depois admitir o mérito daquele cientista como a primeira tentativa de explicar a evolução. Na opinião da pesquisadora Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (Unicamp e PUC-SP), “Darwin seria impensável sem Lamarck”.
Postado por Márcia Junges