“O ‘Sanctus’ nos propõe a vivência desta ideia de plenitude, do preenchimento total do espaço interno e de uma exterioridade, que atinge todos os sentidos e nos mostra a sensação transcendente do que é a plenitude,” comentou a professora Yara Borges Caznok durante a audição comentada do ‘Sanctus’ da Missa em Si menor de J. S. Bach – BWV 232, que ocorreu na última quinta-feira, 19-03, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Junto com a Profa. Yara, o compositor e biblista Pe. Ney Brasil Pereira fez uma análise exegética do ‘Sanctus’.

Yara Caznok

Durante sua apresentação, Yara explicou que no ‘Sanctus’ da Missa em Si menor, Bach transmite o sentido da Páscoa numa mensagem “atemporal, porque mesmo hoje, no século XXI, ao ouvir a música composta no século XVII, é possível perceber que a força da vida sempre irá vencer, sempre será nossa luz”. Para ela, “a Páscoa é uma época que é representada pela ideia de vida e de morte, é um tempo de renascimento e transformação”.

Teólogo e compositor, Ney Brasil Pereira acentuou que o Sanctus não é tratado apenas nas canções de Bach, mas “tem inspirado a inúmeros compositores, normalmente no conjunto musical da Missa, desde Guillaume de Machaut, na sua ‘Messe de Nostre Dame’, também conhecida como ‘Messe du Sacre’, de meados do Século XIV”.

Ney Pereira
Foto: Ricardo Machado

Ney Brasil Pereira explicou que o significado do termo “é uma aclamação na liturgia católica, que se encontra na oração eucarística, no final do chamado ‘Prefácio’, a qual explica as várias razões de louvar a Deus, segundo a festa celebrada”.

Por sua vez a fonte do texto do ‘Sanctus’, é “o capítulo sexto do livro de Isaías, no relato da visão no decorrer da qual o profeta ouve os brados dos serafins proclamando a santidade divida. O capítulo é breve, com apenas 13 versículos, dos quais nos interessam os quatro primeiros (Is 6,1-4), que descrevem a ‘teofania’, isto é, a manifestação de Deus no profeta”, informa.

Pereira frisou ainda que é indispensável compreendermos o significado de “Santo, Santo, Santo”. “É preciso entender a grandeza que está por trás dessas palavras”, disse, referindo-se à “divindade e à transcendência de Deus”. E provocou: “Não gosto de assistir missas em que o ’Santo, Santo, Santo’ é cantado de forma rápida e dispersa, pois isso faz com que o sentido da aclamação e da transcendência de Deus fique perdido”.

Por Patrícia Fachin e Cristina Guerini

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