Recentemente, o Paraguai declarou pedir “perdão” da dívida de US$ 19,6 bilhões da hidrelétrica de Itaipu com o Tesouro Nacional e a Eletrobrás. Será que esse pedido deve ser atendido? Em enquete publicada nesta página, 32.65% do total de votantes acha que o perdão deve ser concedido, sim. No entanto, a maioria de 57.14% pensa que não, que o perdão não deve ser concedido. Enquanto isso, um percentual de 10.2% declarou não ter opinião formada sobre o assunto.

Alguns, além de votar, fizeram comentários. Dentre ele, Eugênio Palma Avelar para quem “reparações históricas nem sempre constituem boas idéias”. E continua: “Apesar do episódio da Guerra do Paraguai, o Brasil tem outros instrumentos para ajudar o país vizinho a se desenvolver, fortalecendo, de quebra, o Mercosul. Tal coisa pode ser feita através de acordos culturais, educacionais, ajuda humanitária, transferência de tecnologia, renegociação, mas em hipótese alguma, perdão de dívidas. É uma questão de geopolítica e de preservação da soberania nacional. O presidente Evo Morales evocou o passado para invadir a Petrobrás – território brasileiro – fardado de comandante em chefe das forças armadas da Bolívia. A complacência da diplomacia brasileira gerou o predecente que outros precisavam: o equatoriano Rafael Correa e sua transgressão a acordos com o Brasil. Venezuelanos e colombianos invadindo a Amazônia legal. E agora, o Paraguai com essa conversa populista. O Brasil deve ser líder da América do Sul, não por “destino manifesto” como dizem alguns, mas porque a conjuntura atual, ainda que ancorada na história do país, favorece o exercício desse papel. Agora, liderar não significa ceder sempre e em tudo. A isso dá-se o nome de covardia”.

Daniel Pires acredita que “o Paraguai, pagando a dívida, o dinheiro será mal usado como de costume. Será melhor negociar a dívida com acordos sobre tráfico de armas e drogas, pirataria e fluxo de veículos roubados. Obter um maior compromisso do governo daquele país para o combate a tais crimes. O prejuízo do Brasil em relação ao Paraguai está neste ponto”.

Na opinião de Tupinan Dantas Costa o Paraguai é nação vizinha-amiga-irmã. “É constituída de um povo pacifico e trabalhador. A riqueza produzida pela Itaipu é a maior fonte de desenvolvimento para aquele povo. Por razões humanitárias, simplesmente, o Brasil deve considerar quitado o compromisso do Paraguai, anulando a divida”.

“Foi um acordo e o Brasil cumpriu sua parte, portanto, o Paraguai também deve cumprir a sua”, defende a leitora Ana Maria da Silva. Ela explica: “assim como o Brasil é credor do Paraguai, também é devedor de credores internacionais e como nunca recebeu perdão dos países ricos, por que perdoaria o Paraguai?”. 

O assessor da Cáritas Brasileira, Ivo Poletto, decide referir, em seu comentário, duas motivações para fundamentar que “o cancelamento desta dívida é dever de justiça: 1) o Brasil teve tudo a ver com o massacre feito ao povo paraguaio na chamada “Guerra do Paraguai”, em que foram mortos praticamente todos os homens adultos e jovens do país, foi desmontada sua florescente economia e teve seu território retalhado; o Paraguai não tem nada a ver se o Brasil ficou endividado com a Inglaterra, único país que tinha interesse nessa guerra. 2) todo o processo de construção da Hidrelétrica de Itaipu foi marcado pela corrupção e prepotência praticadas pela ditadura brasileira, que, entre outras coisas, dominava sobre o povo paraguaio em troca da amizade e subordinação do ditador Strosner; só as terras que foram invadidas e, depois, ‘apropriadas’ por ricos brasileiros, levando para lá trabalhadores pobres “brasiguaios”, são fonte mais do que suficiente para o pagamento do que seria devido pelo Paraguai”. Na verdade, continua Poletto, “junto com o cancelamento da dívida, o Brasil deveria ajudar o novo governo paraguaio a tirar a limpo o que é direito e o que é esbulho no caso das terras utilizadas por brasileiros no Paraguai. Finalmente, qual o brasileiro que não sente vergonha e indignação quando vê irmãos invadindo terras paraguaias? Afinal, será que não há terra suficiente para todos os brasileiros no Brasil?”, pergunta. 

E no ponto de vista do internauta Paulo Nunes “a dívida deve ser mantida. Contudo, o pagamento não deve ser imediato. O governo brasileiro deve encontrar uma forma que não sobrecarregue a economia paraguaia. Uma saída seria pagamento com a energia que é destinada ao Paraguai. O Brasil poderia vender para o Chile ou para a Argentina que estão bem próximos, criando-se uma linha de transmissão até estes países, e realizar alguns projetos com o Paraguai de infra-estrutura que beneficie mais o Brasil”. Outra solução proposta por Nunes seria “isentar os brasileiros de certos tributos para produtos paraguaios”.

O leitor Jonas Plínio do Nascimento Júnior lembra que “quando houve o acordo Paraguaio-Brasileiro para a construção de Itaipu, o Brasil entrou com o projeto de engenharia e mão-de-obra especializada, financiando a obra considerada para os moldes da época, ‘faraônica’. Parte do dinheiro para tal construção saiu de empréstimo feito ao Banco Mundial e parte dos cofres públicos brasileiros. O Paraguai não entrou com um único níquel. Se não fosse construída a usina, o Paraguai ainda estaria à luz de velas e nós não teríamos a produção energética que temos hoje”. Ele pensa que “temos que agradecer o feito estratégico aos governos militares, tão difamados hoje por haverem cometido o crime de ter uma visão estratégica e patriótica para a construção do Brasil que temos hoje”.

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          Por André Dick

          Em Como é que chama o nome disso, que a  Publifolha lançou em 2006, numa notável edição, Arnaldo Antunes faz uma antologia, com quase 400 páginas, de sua obra, incluindo algumas caligrafias e letras de música. Além disso, apresenta um livro inédito, seguido por uma entrevista, feita por Arthur Nestrovski, Francisco Bosco e José Miguel Wisnik. Um autor como Arnaldo, que divide sua persona em mais de uma área, em seu caso, a poesia, a música e as artes plásticas, tende naturalmente a não se encaixar em nenhuma, mesmo que haja um fio que una sua obra (a palavra), ou seja, seu trabalho ganha deslocamentos sempre imprevistos, principalmente quando lida, em alguns casos, com registros diversos dos mesmos trabalhos. Desses campos, é verdade, acaba se sobressaindo o mais acessível e certamente o mais consumido, o da música, onde Arnaldo é um letrista de destaque, fazendo um trânsito sem paralelo no Brasil. Assim, acaba por ser encoberta, por vezes, sua faceta talvez mais interessante: a do poeta que lida com a palavra que se sustenta no papel e se utiliza de imagens desintegradas, de lugares-comuns, de uma linguagem pseudo-infantil, sob um olhar desautomatizado, que nos leva a um certo primitivismo, do qual trataremos ao longo deste ensaio. O que se nota na antologia são algumas imagens recorrentes da poesia de Arnaldo, remetendo a um ser primitivo. Posicionado, na verdade, como homem natural, Arnaldo parece desconfiar da ciência, como Jean-Jacques Rousseau, apesar de se referir a ela: seus poemas com menção a esse campo são básicos, infantis. O discurso científico lhe interessa enquanto pode ser transmitido à criança, daí Arnaldo escrever em sua letra de música “a ciência em si”, com certo tom de axioma: “Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar / Do avião a jato ao jaboti / Desperta o que ainda não se pôde pensar / Do sono do eterno devir / Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar / Para alcançar o que já estava aqui / Se a crença quer se materializar / Tanto quanto a experiência quer se abstrair / / A ciência não avança / A ciência alcança / A ciência em si” (ou seja, a ciência é aquilo que apresenta o mundo natural; em Rousseau, a ciência é boa apenas em si mesma, pois o autor divino de todas as coisas é a fonte da verdade). O objetivo de Arnaldo é a taba do tribalismo, a antropofagia oswaldiana, com seu “homem natural tecnizado”, embora com predileção pelo homem natural, de Rousseau, como queria Oswald em seu manifesto, e não pelo homem civilizado.
          Ressalte-se que esta característica se mostra no campo poético e não na maioria dos artigos do autor, alguns reunidos ao final de Como é que chama o nome disso, em que se procura um diálogo maior com os mass media. No entanto, leia-se um texto como “Sobre a origem da poesia”, em que Arnaldo, compondo um discurso subjacente à influência dos mass media e à propagação da poesia via informática ou via música, como se fosse outro autor, escreve: “A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representação rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades – significante e significado” (observe-se que o autor se refere a uma “infância da linguagem” e não a uma “linguagem da infância”). Tal reflexão encaminha Arnaldo para o que ele considera “algo de utópico, projetado sobre um passado pré-babélico, tribal, primitivo. Ao mesmo tempo, cada novo poema do futuro que o presente alcança cria, com sua ocorrência, um pouco desse passado”.
          A ciência, com isso, é uma ameaça ou é um campo à parte da realidade que quer oferecer: da pessoa que observa as coisas pela primeira vez, com um “simples olhar” primitivo, mas não um olhar menos provido por ser contrário à ciência e sim como uma idéia de mundo. A sociedade, com isso, não deixa de ser uma ameaça, como em Rousseau. Ela representa um perigo para o poeta que pretende dar ao leitor a visão de um mundo utópico, em que o homem continua bom porque é bom por natureza (a canção “saiba” é exemplar nesse aspecto). Rousseau não admirava os avanços tecnológicos, e pode ser estranho classificar um poeta que lida com o computador na realização de muitos de seus poemas alguém que possui aspectos que se direcionam para tal filosofia.
          Mas os poemas de Arnaldo com trabalho gráfico destacado costumam lidar com as letras como carimbos, garatujos, rabiscos, fragmentos, ao estilo de Edgar Braga (uma influência confessa de Arnaldo), o que mostra mais explicitamente em suas caligrafias:

          

          O trabalho de Arnaldo é artesanal; na realidade mostra uma vocação para o antifuturismo e para um trabalho verbal completamente avesso aos avanços da informática, ou melhor, ele só deseja nesses o que lhe lembra a inscrição primitiva – veja-se a palavra H2OMEM (do livro Psia) gravada como se fosse lascada numa pedra. Assim, privilegia o que chama, em seu texto “Escrita à mão”, de “inscrições rupestres”.

          A origem do poético

          Seguindo uma reflexão de Bakhtin, presente no texto “Sobre a origem da poesia”, Arnaldo entende que há uma complexidade nesse pensamento primitivo que desenvolve em sua obra. Arnaldo reproduz a reflexão de Bakhtin: “O homem pré-histórico usava uma mesma e única palavra para designar manifestações muito diversas, que, do nosso ponto de vista, não apresentam nenhum elo entre si. Além disso, uma mesma e única palavra podia designar conceitos diametralmente opostos: o alto e o baixo, a terra e o céu, o bem e o mal etc.”. Para o poeta, tais usos “são estranhos à linguagem referencial, mas bastante comuns à poesia, que elabora seus paradoxos, duplos sentidos, analogias e ambiguidades para gerar novas significações nos signos de sempre”. Ele ainda acredita, ao mesmo tempo, num regresso ao tempo em que “os laços entre os sentidos ainda não se haviam desfeito” e “música, poesia, pensamento, dança, imagem, cheiro, sabor, consistência ser conjugavam em experiências integrais, associadas a utilidades práticas, mágicas, curativas, religiosas, sexuais, guerreiras”, na tentativa de alcançar a “infância da linguagem”. Esse primitivismo incorre no que Oswald dizia da poesia Pau-Brasil, baseada na filosofia de Rousseau: “Ágil e cândida. Como uma criança”. Arnaldo quer, como Oswald (e não é por acaso que este é figura recorrente na entrevista com Arnaldo ao fim da antologia) e Rousseau, atingir uma ordem “sentimental, intelectual, irônica, ingênua”, uma “volta ao sentido puro”, visando a um “estado de inocência”. Nesse estado, o homem ainda é puro e descobre coisas que, com mais idade, passam a ser óbvias ou mesmo desimportantes. É quando o homem passa a deixar de lado sua visão poética nascida de rápidas observações ou de reflexões despretensiosas.

          Visão infantil    

          Temos, então, o poeta como alguém que quer explicar obviedades, mas sob uma perspectiva estranha, como em “nome não” (de Tudos): “Os nomes dos bichos não são os bichos. / Os bichos são: / macaco gato peixe cavalo vaca elefante baleia galinha”. O conteúdo e a forma do poema parecem saídos de uma reflexão de criança em voz alta – o som, afinal, é para o poeta em questão, primordial para a conexão entre as pessoas. No entanto, esses elementos simbolizam, na verdade, seu lado primitivo, pré-babélico, que pretende entregar significações distintas com os mesmos signos de sempre, como no poema que o poeta enviou à IHU On-Line, “Entre os dentes”:

entre os dentes restos,
como no reto, infectos
excretos, nichos
de bactérias abertos
na polpa doce
do osso exposto
em cáries
entre
os maxi
lares

          Arnaldo pretende oferecer à criança uma idéia “pura” de universo, longe do “mundo cão” a que se referia num poema excluído dessa antologia da Publifolha – e transforma cada analogia numa espiral em que se escrutina a materialidade das palavras. Essa idéia é levada ao extremo em Nome, que continua a dicção de As coisas, com seus poemas em forma de enumerações e de definições próprias das que encontramos em dicionários. Destaca-se, então, a constituição do homem, como água e terra, como corpo, por meio, sempre, de um simples olhar. Em outros momentos, o questionamento a respeito do destino do homem (que do pó veio e ao pó voltará) se estabelece a partir de uma estranheza negativa. A recusa ao discurso científico mais elaborado tem um adensamento, em poemas mais recentes de Arnaldo, como “gen”, “acasala”, “olha”, “eu mim” e “dna”. Os versos deste poema apontam algo de novo na poesia de Arnaldo – a ser mais elaborado em seus próximos trabalhos. É interessante, também, a maneira com que o poeta apresenta discretamente a palavra “dna” (ou “dno”) em “eu mim”, por meio dos verbos no gerúndio. A cadeia genética (que aparecia no poema “o macaco”) inscreve três versos distintos, que se complementam: “eu fim”, “eu eu” e “eu mim”. O “eu”, nessa cadeia, vai se perdendo verso a verso, inclusive na palavra “somes” que surge em “por is (so mes) mo”. Ou em  “cromossomos” ( “somos como o cosmos somos cromossomos”).

Em preparação ao Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que está acontecendo em Belém (PA), até o próximo dia 25/01, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU iniciou uma série de artigos e entrevistas sobre o tema. O conteúdo é publicado nesta página, onde no dia 06 de janeiro de 2009, o frei capuchinho, professor de Teologia da PUC-RS, Luiz Carlos Susin, deixou a sua contribuição.

Na ocasião, Susin ressaltou que para os primeiros que pensaram um Fórum Mundial de Teologia, soava desafiante o slogan cunhado nas primeiras edições do Fórum Social Mundial: Outro Mundo é Possível. Isso, porque em termos teológicos, segundo ele, trata-se de um desafio de ordem “escatológica”, ou seja, que tem ressonâncias de esperança no Reino de Deus. Neste sentido, o frei lança questões inquietantes: “Seriam os movimentos e organizações sociais presentes no Fórum Social Mundial, com os relatos de suas práticas, um “sinal” de outro mundo possível? Haveria algo de messiânico nesses sujeitos históricos frágeis, mas em muitos que se propunham alternativas ao Fórum Econômico Mundial de Davos?”

Para Susin, tais questionamentos começaram a ter caráter de afirmações quando uma pesquisa entre os participantes da terceira edição do Fórum Social Mundial revelou que em torno de 60% dos participantes portavam motivações de ordem espiritual, inclusive com raízes em tradições religiosas, para se dedicarem aos movimentos e organizações sociais. “A partir de então o Fórum Social Mundial contou com um novo espaço, o de Cosmovisões e Espiritualidades”, frisou.

O frei descreve o Fórum como um tempo curto de encontros, de trocas, de debates. É um lugar revelador, agregador e inspirador de muita energia e generosidade. Além disso, reflete as lutas por justiça, as aspirações de paz e convivência plural sem indiferença, enfim tem um sabor de “revelação”. Susin complementa sua afirmação, ao buscar espaço na figura de Deus. “O “lugar teológico” é o espaço indicador de Deus na precariedade humana. Ora, a experiência amorosa é, portanto, um “lugar teológico”. Quanto mais maduro é o amor, maior a experiência de Deus. O que dizer então desta generosidade sem exigência de reciprocidade, a fundo perdido, por um mundo justo e amoroso?”

Embora o diálogo proposto pelo frei seja pertinente, há quem discorde da sua opinião. Frei Fernando, membro da Ordem dos Frades Menores, ao comentar a notícia publicada nesta página, destacou que a discussão abre espaço para várias discussões. No entanto, todas elas são “meramente teóricas” e deixam de lado as “práticas das virtudes”, como o verdadeiro amor e o próprio Deus. Para ele, infelizmente essas discussões meramente teóricas da Teologia da Libertação, esvaziam a alma religiosa do povo, trazendo conseqüências trágicas para a fé e a verdadeira comunhão com Deus, “porque o que prevalece é o discurso teórico dos teólogos da “libertação” e não a graça e o poder de Deus que age nos simples e humildes de coração para libertá-los, de fato, de todo o mal que o aflige.”

Israel

Outra questão que ganhou espaço na página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos – IHU foram os recentes conflitos na Faixa de Gaza, provocados por israelenses e palestinos. Sobre o assunto, repercutimos o artigo do sociólogo Boaventura Souza Santos, que foi enfático ao afirmar que a criação de Israel é um ato de ocupação e como tal terá de enfrentar para sempre a resistência dos ocupados; não haverá nunca paz, qualquer apaziguamento será sempre aparente, uma armadilha a ser desarmada. “É hoje evidente que o verdadeiro objetivo de Israel, a solução final, é o extermínio do povo palestino”, enfatizou.

Para o sociólogo, está ocorrendo na Palestina o mais recente e brutal massacre do povo palestino cometido pelas forças ocupantes de Israel com a cumplicidade do Ocidente, uma cumplicidade feita de silêncio, hipocrisia e manipulação grotesca da informação, que trivializa o horror e o sofrimento injusto e transforma ocupantes em ocupados, agressores em vítimas, provocação ofensiva em legítima defesa.

Boaventura comentou, ainda, que as razões próximas, que originaram o conflito, apesar de omitidas pelos meios de comunicação ocidentais, são conhecidas. “Esta provocação premeditada teve objetivos de política interna e internacional bem definidos: recuperação eleitoral de uma coligação em risco; exército sedento de vingar a derrota do Líbano; vazio da transição política nos EUA e a necessidade de criar um fato consumado antes da investidura do presidente Obama.” Segundo o sociólogo, tudo isto é óbvio mas não nos permite entender o ininteligível: o sacrifício de uma população civil inocente mediante a prática de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade cometidos com a certeza da impunidade.

Ao comentar o artigo, o leitor do sítio do IHU, Rodrigo, revelou sua indignação, em relação ao fato. “Ninguém pode apoiar uma catástrofe que leva tantas vidas quanto a que acontece na Palestina e não acredito que há como defender que os atos de Israel são justos. Há um grave problema de total ausência de discernimento que ocorre nos textos anti-israel recentemente e o texto publicado aqui é antissemita não só por ser antissionista. Nenhum país está livre de condenação e, por certo, não um país que mata tanto quanto o Estado de Israel, mas que não confudamos críticas a Israel com o racismo rasteiro que esse texto invoca”.

Ao ler as Notícias do Dia do sítio do IHU, sinta-se à vontade para fazer seus comentários também. Basta clicar no botão “Comentar esta página”.   

No dia 25 de janeiro de 1959, festa litúrgica da conversão de São Paulo, o papa João XXIII, surpreendemente, convocava o Concílio Vaticano II que teria início no dia 11 de outubro de 1962. Ele foi encerrado, por Paulo VI, no dia 08 de dezembro de 1965.

Dois artigos, Vaticano II: A revolução de um papa agricultor e Quem ainda tem medo do Concílio? publicados hoje nas Notícias do Dia lembram a importância da data.

O Concílio não foi aceito por todos. Marcel Lefebvre, bispo francês, fundou uma dissidência na Igreja chegando a ordenar quatro bispos. Foram excomungados pela Santa Sé. Hoje, um dia antes dos 50 anos do Concílio, a excomunhão foi levantada. Qual é o seu significado?

Enquanto isso, prossegue o processo contra John Haight, jesuita americano…

A redação da IHU On-Line entrevistou hoje, por telefone, Marina dos Santos, membro da coordenação nacional do MST. Marina está em Sarandi (RS), participando do Encontro alusivo aos 25 anos do MST. Na entrevista, que será publicada em breve nesta página, Marina fez uma breve análise do evento, falou sobre os desafios e mudanças do MST hoje, sobre a relação com o governo Lula, sobre a avaliação que muito analistas têm feito recentemente a cerca de um possível descenso do MST e sobre a participação das mulheres no movimento. A militante ainda abordou a recente fusão entre Aracruz e Votorantin Celulose e Papel e declarou diversas vezes que está clara a posição do governo federal em prol do agronegócio. Leia aqui, nos próximos dias, a entrevista, na íntegra.