Recentemente, o sítio do IHU publicou uma entrevista exclusiva com Paul Lakeland, professor de Estudos Católicos na Fairfield University, em Connecticut, nos Estados Unidos, um dos poucos teólogos que se manifestou publicamente em defesa do Pe. Roger Haight, silenciado pelo Vaticano.
Antes dos contatos feitos com o Prof. Lakeland, nossa idéia era a de entrevistar o próprio Pe. Haight, que havia sido notificado em 2004 pela Congregação para a Doutrina da Fé, acusado de causar “graves danos aos fiéis” por causa do livro “Jesus, Símbolo de Deus” (Paulinas, 2003). Agora em janeiro, havia recebido ordens de Roma para parar de ensinar e publicar sobre assuntos teológicos.
Porém, após o primeiro contato, recebemos a seguinte resposta:
Prezado Sr.
Obrigado pelo convite para ser entrevistado por vocês. Infelizmente, não será possível. Eu não falo a respeito do meu caso com o Vaticano em absoluto. Poderia até abordar as questões apenas desde uma perspectiva teológica. Mas agora eu não estou permitido a escrever sobre isso. Eu sei que há uma diferença entre escrever e publicar e dar uma entrevista. Mas pode ser uma distinção que o Vaticano não aprecie nessas circunstâncias. Por isso, terei que recusar a sua proposta, lamentavelmente.
Roger Haight, S. J.
Como diria Lakeland em sua entrevista, “o elemento ‘de controle’ no comportamento burocrático do Vaticano é exagerado, primeiramente porque eles parecem não entender a tarefa teológica. O papel do teólogo tem a ver com a sua natureza hermenêutica, movendo-se, como o próprio Hermes, em uma espécie de estilo sacerdotal ou mensageiro entre a Tradição eclesial e os tempos em que nós vivemos. A teologia traz a sabedoria extraeclesial contemporânea para a interpretação do Evangelho, e o Evangelho, para a iluminação do nosso mundo do dia de hoje. […] Há uma séria desconexão entre o Evangelho do amor e da liberdade, por um lado, e os procedimentos quase-legais, secretos e injustos com horríveis consequências punitivas, por outro”.
(por Moisés Sbardelotto)