Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Aurora  –  Paul Éluard

O sol que corre pelo mundo
Tenho certeza disso como de ti
O sol dá a terra ao mundo

Um sorriso acima das noites
sobre o rosto lavado
Daquela que dorme e sonha com a aurora

O grande mistério do prazer
Este estranho torneio de brumas
Que nos tira céu e terra

Mas nos deixa entregues um ao outro
Faz um pelo outro eternamente
Ó tu que arrasto ao esquecimento

Ó tu que eu queria feliz

Fonte: Paul Éluard. Últimos poemas de amor. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2009, p. 44

Paul Éluard foi um poeta francês, autor de poemas contra o nazismo que circularam clandestinamente durante a Segunda Guerra Mundial. Foi um dos pilares do surrealismo, abrindo caminho para uma ação artística mais engajada, até filiar-se ao partido comunista francês.

Tornou-se mundialmente conhecido como O Poeta da Liberdade.

Na semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU refleta sobre a vida de uma das mais importantes místicas cristãs, Hildegard von Bingen.

Em sintonia com a 12ª Programação de Páscoa, que este ano aborda o tema Ética, Mística, Transcendência, o IHU apresenta o filme Visão: Da vida de Hildegard von Bingen (Título Original: Vision: Aus Dem Leben Hildegard Von Bingen – Alemanha, 2009, 106 minutos), de Margareth von Trotta.

O evento terá a presença do Prof. Dr. Prof. Dr. Luiz Antônio Vadico, da Universidade Anhembi Morumbi/SP, e ocorre na quinta-feira, 13-03-2015, às 15h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.  A partir das 17h30 o professor apresenta e debate a película.

Quem foi Hildegard (1098-1179)

Freira alemã beneditina, foi mística, teóloga, filósofa, visionária e abadessa no Mosteiro de Rupertsberg. Em 2012, o Papa Bento XVI a proclamou doutora, sendo ela a quarta mulher a receber este título da Igreja.

Hildegard percebia na natureza a presença de Deus, essa representação divina, era vista como a cura das doenças. A mística compreendia que havia uma interação entre a percepção do homem e a de Deus, e que isto também se dava por meio da interação entre o homem e meio ambiente. Nesse sentido, também defendia a interação entre a medicina grega e a fé.

Margarethe Von Trotta

Margarethe von Trotta, é diretora e roteirista de vários filmes,  entre eles Anos de Chumbo (1981), que retrata a história de Gudrun Ensslin, Rosa Luxemburgo (1986), que aborda a luta da militante socialista, e recentemente dirigiu o filme Hannah Arendt (2013).  Hannah Arendt foi exibido e debatido no ano passado no IHU.


SINOPSE: A história da vida de uma das personalidades femininas mais fascinantes da Idade Média. Escritora, compositora e autora teatral, pregadora e reformadora monástica; como mística, Hildegard foi uma freira beneditina à frente do seu tempo, que criou uma abordagem humanista à devoção e tornou-se revolucionária, baseando sua vida em uma misteriosa inspiração.

Original: Vision: Aus dem Leben der Hildegard von Bingen (2009)

Saiba mais:

“A revelação [nos documentos do Concílio Vaticano II] não é definida, acima de tudo, como no Concílio Vaticano I, a partir de um conteúdo (das verdades a acreditar, dos mandamentos a cumprir, dos ritos a praticar), mas sim como experiência, como evento de encontro ou de comunicação”, afirma o teólogo Christoph Theobald.

Especialista do Concílio Vaticano II, ele estará na Unisinos, nos dias 19 a 21 de maio de 2015.

Entre as atividades, ele participará da Mesa Redonda, no dia 21 de maio, às 9h, que debaterá, à luz do Vaticano II, a conjuntura eclesial do segundo ano do pontificado do Papa Francisco.

Igualmente participarão do debate, Gilles Routhier, do Canadá, e Massimo Faggioli, dos EUA.

O evento faz parte do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, promovido pelo Insituto Humanitas Unisinos – IHU.

Christoph Theobald é autor da monumental obra La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source (Paris: du Cerf, 2009, 944 pp). A tradução brasileira do livro, a ser lançada durante o evento, está sendo feita pela Editora Unisinos.

Por sua vez, acaba de ser publicado o último livro de Theobald: Le Concil Vatican II. Quel avenir? (Paris: du Cerf, 2015, 295 pp).

Faça aqui sua inscrição.

Os debatedores:

  • Gilles Routhier – teólogo e professor na Faculdade de Teologia e de Ciências Religiosas da Universidade de Laval, no Quebec, Canadá.
  • Christoph Theobald – teólogo e professor no Centre Sèvres, Facultés Jésuites de Paris, França.
  • Massimo Faggioli – doutor em História da Religião e professor de História do Cristianismo no Departamento de Teologia da University of  St. Thomas, Minnesota, Estados Unidos.

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Oração de domingo – Etty Hillesum

São tempos temerosos, meu Deus.
Esta noite, pela primeira vez,
Passei-a deitada no escuro de olhos abertos e a arder,
E muitas imagens do sofrimento humano desfilavam
Perante mim.
Vou prometer-te uma coisa, Deus, só uma ninharia:
Não irei sobrecarregar o dia de hoje
Com igual número de preocupações em relação ao futuro,
Mas isso custa um certo exercício.
Cada dia já tem a sua conta.
Vou ajudar-te, Deus, a não me abandonares,
Apesar de eu não poder garantir nada com antecedência.
Mas torna-se-me cada vez mais claro o seguinte:
Que tu não nos podes ajudar,
Que nós é que temos  de te ajudar,
E ajudando-te, ajudamo-nos a nós próprios.
E esta é a única coisa que podemos preservar nestes tempos,
E também a única que importa:
Uma parte de ti em nós, Deus.
E talvez possamos ajudar a pôr-te a descoberto
Nos corações atormentados de outros

Fonte: Etty Hillesum. Diário – 1941-1943. 3 ed. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009, p. 251-252.

Etty Hillesum

Etty Hillesum foi uma jovem judia, cujos diários e cartas descrevem a vida em Amsterdã durante a ocupação alemã. Nasceu a 25 de janeiro de 1914, em Middelburg (Holanda). Em setembro de 1943, Etty foi deportada para Auschwitz, vindo a falecer em novembro daquele ano.

Etty foi para Amsterdã aos 18 anos de idade para estudar Línguas Eslavas. Em fevereiro de 1941 conheceu o psicoquirologista Julius Spier, com quem iniciou tratamento. Tornaram-se amigos e amantes.

No dia 9 de março de 1941 começou a escrever o primeiro de oito diários, onde estão suas reflexões pessoais e sobre a humanidade, a sua vida acadêmica (onde sobressaem o interesse pelo estudo da língua russa e a leitura apaixonada da obra de Rainer Maria Rilke), o círculo de amigos e o seu testemunho da segunda Guerra Mundial em território holandês.

No dia  15 de julho de 1942 começou a trabalhar como datilógrafa no Conselho Judaico na seção de “Apoio aos convocados para transporte”. Partiu para o campo de trânsito de Westerborko em agosto, não obstante ter regressado a Amsterdã numerosas vezes (numa delas para acompanhar os últimos dias de vida de Spier, que morreu em setembro de 1942). A última entrada do seu diário de que há conhecimento data de 13 de outubro de 1942.

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira,   teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Arte de amar – Manuel Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Fonte: Manuel Bandeira. Meus Poemas Preferidos. Rio de Janeiro: Ediouro.

Manuel Bandeira Filho foi professor, poeta, cronista, crítico, historiador literário e tradutor brasileiro. Nasceu em Recife, PE, em 19 de abril de 1886, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 13 de outubro de 1968.

Recebeu o prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira por conjunto de obra (1937) e o prêmio de poesia do Instituto Brasileiro de Educação e Cultura, também por conjunto de obra (1946).

Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco.

Como crítico de literatura e historiador literário, revelou-se sempre um humanista. Foi um poeta modernista, autor de livros como Libertinagem. Em 1954, publicou o livro de memórias “Itinerário de Pasárgada”, onde, além de suas memórias, expõe todo o seu conhecimento sobre formas e técnicas de poesia, o processo da sua aprendizagem literária e as sutilezas da criação poética. Sua obra foi reunida nos volumes Poesia e Prosa, Aguilar (1958), contendo numerosos estudos críticos e biográficos.