Como rito litúrgico da contemporaneidade, o cinema está contando mais do que uma simples e envolvente história. A narrativa cinematográfica enreda seus espectadores em uma aura de transcendência e sentido”, pontua o professor Júlio César Adam, em entrevista concedida à revista   IHU On-Line, n º 412.

Adam estará presente no evento: “Páscoas encarnadas. Um debate sobre os filmes Violeta foi para o Céu, Romero e Lixo extraordinário”, que debate três filmes à luz do mistério da Ressurreição.

O debate será coordenado pelos professores Renato Machado, da Unilasalle Canoas/Faculdade Dom Bosco, e Júlio César, da Faculdades EST, às 19h30min da próxima segunda-feira, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.  Saiba mais aqui.

Sobre os filmes …

Violeta foi para o céuVioleta Parra foi uma famosa cantora e folclorista chilena assassinada juntamente com o irmão (músico) pelo regime militar de Pinochet. O filme envolve Direitos Humanos e Trabalho Pastoral, traçando a evolução de Violeta, da infância humilde até se transformar em sensação internacional e heroína nacional.

Romero – Dom Oscar Romero foi arcebispo de San Salvador durante um período sangrento e repleto de tensão política que levou o país a uma guerra civil de 1979 a 1992. Um esquadrão da morte, associado à direita do país, o matou enquanto celebrava uma missa em 24 de março de 1980, um dia depois de dar um sermão convidando os soldados a pararem de cumprir as políticas do governo de opressão e violação dos direitos humanos. Este ano Romero será beatificado.

Lixo extraordinário – Filmado ao longo de quase dois anos, o filme conta a passagem de Vik Muniz, artista plástico, pela periferia do Rio de Janeiro, em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis. O objetivo inicial de Muniz era “pintar” esses catadores com o lixo. No entanto, o trabalho com estes personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugestionados a imaginar suas vidas fora daquele ambiente.

Por Nahiene Alves

Para ler mais:

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Companheiros – Mia Couto

quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho

e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados

deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros

mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça

por ora
basta-me o arco-íris

em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço

companheiros

Fonte: Mia Couto. Raiz de orvalho e outros poemas. Lisboa: Caminho, 1999, p. 80.

Mia Couto nasceu em 1955, na Beira, Moçambique. É biólogo, jornalista e autor de mais de trinta livros, entre prosa e poesia. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal “Notícias da Beira” e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo).

Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que, segundo algumas interpretações, inclui poemas contra a propaganda marxista militante.

Além de considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Seu romance Terra sonâmbula é considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Recebeu uma série de prêmios literários, entre eles o Prêmio Camões de 2013, o mais prestigioso da língua portuguesa, e o Neustadt Prize de 2014. É membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Cadernos IHU ideias - Ed. 218“A técnica, comumente considerada como uma ‘ferramenta’ à disposição do homem, tornou-se hoje, o verdadeiro sujeito na história”.

Este é o argumento central da tese de Umberto Galimberti, expressa na edição número 218 do Cadernos IHU ideias, intitulado ‘O Ser Humano na Idade da Técnica’, que apresenta quais são as implicações da técnica para o ser humano.

Galimberti, autor de inúmeros livros, italiano, esteve, recentemente, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU, participando do XVI Simpósio Internacional IHU – Revoluções tecnocientíficas, culturas, indivíduos e sociedades.

Na publicação o professor explica que a compreensão da palavra técnica se dá por meio de algum ‘tipo de racionalidade’, que deve buscar os maiores ‘objetivos’ através do menor uso dos ‘meios’.

Para o filósofo, o componente técnico “não é um meio à disposição do homem, mas é o próprio ambiente no interior do qual o homem sofre modificações, no qual a técnica pode marcar aquele ponto absolutamente novo na história…”.

E provoca: “O que a técnica poderá fazer conosco?”

Umberto Galimberti

Umberto GalimbertiÉ professor titular na Universidade de Veneza – Itália. É discípulo e tradutor das obras de Karl Jaspers e Heidegger, a quem dedicou três de suas obras, além de ser estudioso de Antropologia Filosófica e Psicologia Analítica.

Colunista de um dos maiores jornais da Itália, o La Repubblica.

O professor tem 17 obras publicadas, inclusive algumas editadas em francês, espanhol, alemão, grego e português. Entre elas estão Cristianesimo. La religione dal cielo vuoto (Milano: Editora Feltrinelli, 2012), Il viandante della filosofia (com Marco Alloni. Roma: Editora Aliberti, 2011) e Psiche e Techne. O homem na idade da técnica (São Paulo: Paulus, 2005).

Clique na imagem abaixo para assistir a palestra:

Vídeo XIV Simpósio Internacional IHU

A versão digital do Cadernos IHU ideias 218 pode ser acessada aqui

A versão impressa está disponível na secretaria do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

(Por Cristina Guerini)

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Johann Sebastian Bach será um dos compositores comentados na programação de Ética, Mística, Transcendência, que acontece quinta-feira, 19-03-2015. Na data, a Profª. Drª Yara Caznok apresentará, junto com o compositor, exegeta e padre Ney Brasil Pereira, a Audição comentada do ‘Sanctus’ da Missa em Si menor de J.S Bach – BWV 232.

“A musica para mim é o grande sinal de vida. E é um grande agradecimento que eu tenho a Deus por ter me dado esta possibilidade de ser musicista e de viver com música todos os dias”, disse Yara Caznok, em entrevista à IHU On-Line. A professora da UNESP, acrescenta que cantar é rezar duas e até mais vezes, “mas essa ação multiplicadora se dá na simultaneidade, na sobreposição e não apenas na repetição”.

Johann Sebastian Bach

No decorrer do evento, os palestrantes irão abordar o amplo leque de significados da composição e as sensações que ela reflete em virtude de sua sonoridade e entonação. A atividade será realizada na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, a partir das 17h30min, horário do IHU ideias.

Bach (1685-1750) viveu no século XVIII, que se caracterizou pelo barroco alemão e o luteranismo, e produziu obras que expressaram intensamente sua fé.

A Missa em Si Menor (BWV 232), que será apresentada pelos professores, é uma tradução musical da Missa latina de Johann Sebastian Bach. Embora partes da Missa em Si Menor datem de 1724, o todo só foi montado na forma que conhecemos em 1749, imediatamente antes da morte do compositor em 1750.

 

 

Confira:

MISSA IN SI MINOR by JOHANN SEBASTIAN BACH.wmv

 

Yara Caznok

Yara Caznok

É graduada em Letras Franco-Portuguesas, pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras Cornélio Procópio – FAFI, e em Música pela Faculdade Paulista de Arte – FPA. Especialista em Educação pela Universidade de São Paulo – USP, cursou mestrado em Psicologia da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP e doutorado em Psicologia Social pela USP com a tese Música: entre o audível e o visível (São Paulo: Edunesp, 2004). É autora, entre outros, de Ouvir Wagner – Ecos nietzschianos (São Paulo: Editora Musa, 2000) e O desafio musical (São Paulo: Irmãos Vitale, 2004). Leciona na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, no Departamento de Música.

Ney Brasil Pereira

Ney Brasil Pereira
É mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma e especialista em Musicologia pela Duquesne University, Pittsburgh. É capelão das Instituições Penais de Florianópolis, regente do Coral “Santa Cecília”, da Catedral Metropolitana de Florianópolis, além de membro da Pontifícia Comissão Bíblica e professor no Instituto Teológico/Faculdade Católica de Santa Catarina.

 

por Fernanda Forner

 

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Hildegard tem um papel intelectual muito importante e, no filme, se apresenta diversas maneiras: abadessa (irmã superiora de um mosteiro ou convento), médica, teóloga, visionária, e foi a primeira mulher a escrever sobre a sexualidade feminina”, comenta o Prof. Dr. Luiz Antônio Vadico, em palestra ministrada no dia 12-03-2015, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.

A fala é inspirada no filme apresentado anteriormente à palestra: ‘Visão: Da vida de Hildegard von Bingen‘ (Título Original: Vision: Aus Dem Leben Hildegard Von Bingen – Alemanha, 2009, 106 minutos), de Margareth von Trotta, diretora que busca, na maioria das vezes, as temáticas da mulher e da fraternidade.

Margareth é uma cineasta que filma há mais de 40 anos, e sabe o que faz, domina de fato todos os recursos”, elogia Vadico.

A diretora busca histórias de mulheres que possam ser exemplares. Hildegard usou o fato de ser visionária para alcançar objetivos que, para mulheres daquela época não seria possível; ela vence como mulher. O filme faz o enquadramento de uma mulher que lutou para chegar aonde chegou, sem necessariamente ir contra os homens. Vadico pontua que Margareth conseguiu resgatar uma personagem capaz de esculpir um modelo de mulher, que vence isolada dos homens. “Ela não se coloca em disputa com os homens, o que é uma novidade. Cria-se uma imagem idealizada de mulher, que se encontra e supera as limitações”, destaca.

Historiador da Universidade Anhembi Morumbi, Vadico lembra que o detentor da vida, na antiguidade, era o homem. E a diretora consegue mostrar que há mil anos Hildegard colocava o homem e a mulher em pé de igualdade, o que foi um grande passo para ela naquele período. Na avaliação dele, Margareth faz um grande esforço, numa maneira não tão evidente, de nos informar o que Hildegard está dizendo.

Segundo o professor, no filme, a santa (Hildegard von Bingen) é mostrada “como uma mulher comum, alguém não tão especial, que tem problemas como qualquer um; o que nos leva a enxergá-la com carinho e assim ter identificação com a personagem”.

Entre os participantes do evento, estava Tânia Maria Hoefel, 62 anos, advogada, que tem bastante interesse por assuntos relacionados à espiritualidade. “O que nos levou a participar do evento foi justamente o nosso interesse na vida dos santos, na religião em si. Eu assisti ao filme e achei o máximo. É interessante prestigiar as colocações que Vadico fez em relação ao filme. Agora vou procurar ler sobre Hildegard, pois há várias lacunas a preencher e há riqueza nisso”.

Nahiene Alves

Clique na imagem abaixo para assistir ao vídeo da palestra.

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