Operário – Tarcila do Amaral

 

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O Dia Mundial do Trabalho é a celebração da luta dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições de trabalho. A data lembra a greve geral de 1886, em Chicago/EUA, que tinha como objetivo reduzir a jornada de trabalho para 8h/dia, durante a Revolução Industrial. Nos anos seguintes, em outros países, os movimentos foram instituindo a data de 1º de maio como referência às suas mobilizações e em homenagem aos americanos mortos durante a primeira manifestação.

No Brasil, o feriado foi decretado pelo presidente Artur da Silva Bernardes, em 1925, após o fortalecimento da classe operária com a greve geral de 1917. Nos últimos anos, a passagem da data no país foi caracterizada por manifestações sindicais, comícios e passeatas em todo país. Neste ano, será marcada pela tensão por conta da aprovação do Projeto de Lei que amplia a terceirização.

O mundo trabalho e suas transformações, no Brasil e no mundo, é um tema que reiteradamente é analisado e refletido nas publicações e eventos do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

Na edição 464 da Revista IHU On-Line intitulada Terceirização e acumulação flexível, a abordagem central é sobre a aprovação do PL 4330 na Câmara dos Deputados.

Os especialistas ampliam e intensificam o debate em torno do tema, sinalizando uma precarização nas condições de trabalho a partir de uma redução salarial dos empregados terceirizados e um regime de contratação análogo ao trabalho escravo, como adverte Vitor Filgueiras: “A atual situação de precarização, quando não de degradação das condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados, vai se legitimar, por conseguinte, será estimulada e aprofundada. Não bastasse, haverá uma nova onda de expansão da terceirização sobre o mercado de trabalho, rebaixando as condições de trabalho e de vida do conjunto dos trabalhadores no país, incluindo desde redução de salários até o aumento das mortes no trabalho.”

Traçando uma perspectiva sobre o futuro do mercado de trabalhado brasileiro, o professor Ruy Braga aponta para uma “inversão estrutural”: “A implicação que estou prevendo, caso o projeto tramite e seja sancionado pela Presidência, é de que em cinco anos haverá uma inversão estrutural no mercado de trabalho no Brasil, na qual a maior parte do trabalho será terceirizada e a menor parte será diretamente contratada. Hoje se tem 49 milhões de carteiras assinadas com 12,7 milhões de trabalhadores terceirizados. Em cinco anos — essa é minha previsão — haverá algo em torno de 28 milhões de trabalhadores terceirizados, e o restante, alguma coisa em torno, talvez, de 15 milhões de trabalhadores, diretamente contratados”.

Em depoimento, o professor Gilberto Faggion, fala sobre a importância da data e provoca:  “mais do que dia do trabalho, primeiro de maio é dia do trabalhador. É um momento de refletir sobre que perspectivas se abrem para este indivíduo e que desafios ele enfrenta diante do sistema econômico em que vive. Busca-se também, alimentar esperanças, como a de pleno respeito à dignidade de quem trabalha, seja da forma que for, formal ou informal. Ainda, ir além da ideia de que trabalhador é a pessoa que tem alguma atividade remunerada.”

A partir dessas análises o IHU propõe (re)pensar os desafios da classe trabalhadora.

Confira as edições anteriores sobre o mundo do trabalho:

Por Cristina Guerini

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Através de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade.

Este serviço é feito em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.

Em ti me refugio – Hans Küng

A nossa vida é breve, a nossa vida é longa.
E repleto de maravilha coloco-me diante de uma vida
marcada por mudanças inesperadas, mas também por linearidade:
uma vida que superou trinta e um mil dias, belos e nubilosos,
mutáveis, que guardaram consigo muitas experiências
tanto no bem como no mal,
uma vida em que posso hoje dizer: foi bem assim.

Recebi incomensuravelmente bem mais do que pude dar,
todas as minhas boas intuições e minhas boas ideias,
as minhas boas decisões e ações
foram possibilitadas pela Graça.
Mesmo quando decidi erroneamente e agi mal
foste tu que me guiastes de modo invisível.
Peço a ti perdão por tudo, onde acabei falhando.

Te agradeço, Inaferrável, Omnicompreensivo, ou Omnioperante,
Princípio, Sustento e Sentido originário do nosso
ser que chamamos Deus,

Tu, o grande mistério indizível da nossa vida,
Tu, o infinito em cada finitude
Tu, o inefável em cada discurso nosso.

Te agradeço por esta vida com todos os seus mistérios e estranhezas.
Te agradeço por todas as experiências, as claras e as obscuras.
Te agradeço por tudo que foi exitoso e por tudo
que ao final resultou em bem.
Te agradeço pelo fato de minha vida ter sido bem sucedida,
e não apenas por mim, mas também por aqueles
que dela puderam participar.

O plano que rege a nossa vida com todas as suas
provas e tribulações, só tu o conheces.
Não reconhecemos a tua intenção para conosco desde o início.
Não podemos ver, como Moisés e os profetas,
o teu rosto neste mundo.
Mas assim como Moisés nas fendas
pôde ver de costas o Deus que passava,
assim também nós podemos reconhecer a tua mão, Ó Senhor,
na nossa vida e podemos aprender
que tu nos carregaste e guiaste e
que tudo aquilo que nós decidimos e fizemos
foi sempre por ti reconduzido ao bem.

Assim, tranquilo e confiante,
entrego também o meu futuro em tuas mãos.
Sejam muitos anos ou apenas poucas semanas,
alegro-me por cada novo dia recebido
e deixo a ti, com plena fidelidade,
sem preocupação ou angústia
tudo aquilo que me aguarda.
Porque tu és como o início do início e o centro do centro
bem como o fim do fim e o fim dos fins.
Te agradeço, meu Deus,
porque tu és misericordioso
e a tua bondade dura eternamente.

Amém, assim seja.

Fonte: Hans Küng. Una battaglia lunga una vita. Idee, passioni, speranze. Il mio racconto del secolo. Milano: Rizzoli, 2014, p. 1110-1112.

Teólogo católico nascido na Suíça em 1928, Hans Küng vive desde 1967 na cidade alemã de Tübingen, em cuja Universidade trilhou brilhante carreira acadêmica . Por suas posições firmes diante de Roma, sofreu duras represálias, que em 1979 culminaram na cassação de sua autorização canônica para lecionar Teologia em instituição superior católica. Küng tinha tamanho prestígio intelectual na época que a Universidade, para que o professor e sua equipe de pesquisadores pudessem continuar atuando, criou o Instituto de Pesquisas Ecumênicas, como unidade autônoma em relação à Faculdade de Teologia Católica. (Leia sua biografia publicada na revista IHU-OnLine, nº240, Ano VII, http://bit.ly/1ztOy4Z).

Protestos ocorridos no Brasil em 2013 e o movimento Occupy Wall Street em 2011, foram temas de uma pesquisa feita pela professora Carla Mendonça, que esteve presente no IHU Ideias do dia 23-04-2015 abrindo um debate sobre jovens, novas mídias e o compartilhamento de protocolos de comunicação na sociedade em rede.

Foto: Nahiene Alves

Com base na teoria weberiana, o objetivo da pesquisa de Carla foi entender o engajamento político dos jovens nos movimentos mencionados. “O engajamento dos jovens é uma questão histórica. (…) A ação é o uso de qualquer tecnologia, com o propósito de ampliar o engajamento cívico, a participação pública e os elos da ação, que como diria Weber, são as atitudes dessa ação, que possibilitam a troca de informação significativa, promovem a conectividade social e constroem perspectivas críticas”, comenta.

A professora focou sua análise nos Estados Unidos e no Brasil, considerando o contexto em que os jovens viviam. E como fonte escolheu empregar apenas a plataforma Tumblr, segundo ela, por permitir interação dos leitores. “Porque os blogs funcionam em rede; com as hashtags fica mais fácil de achar o que procuramos”.

Fonte: www.em.com.br

Carla conclui dizendo que somos uma humanidade buscando uma vida melhor para todos. Na comparação final de sua pesquisa, ela relatou que os sentimentos e os objetivos tanto de brasileiros quanto dos americanos são praticamente iguais, uma das únicas diferenças notadas foi o medo que os americanos demonstram em relação à violência policial, o que não transparece no Brasil.

Ela ressaltou ainda que o sentimento de orgulho dentro dos movimentos é o mesmo. Ambos criticam o sistema social como um todo, o capitalismo, a corrupção, e afirmam a necessidade de mudança e de fortalecimento da ação cidadã.

Por Nahiene Alves

Para ler mais:

Impactos da conjuntura brasileira atual no Mundo do Trabalho é o tema da conferência a ser ministrada pelo Prof. Dr. Moisés Waismann, coordenador do Observatório Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.

Em entrevista à IHU On-Line, Waismann enfatiza que a erradicação da pobreza se inicia através da geração e distribuição de riquezas. Neste sentido, a questão do trabalho e do salário são elementos constitutivos no processo de distribuição da riqueza, apesar de que alguns dados indicam que, mesmo dentre as pessoas que trabalham, alguns se encontram na linha da pobreza.

A palestra, que ocorrerá no dia 30 de abril, a partir das 17h30min, será realizada na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

A atividade IHU ideias é um espaço de discussão, análise e avaliação de questões que se constituem em grandes desafios de nossa época. Busca fazê-lo no âmbito do debate cultural, tendo como parâmetro o humanismo social cristão.

Faça sua inscrição aqui.

Sobre o palestrante:

Moisés Waismann é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e realizou mestrado em Agronegócios pelo Programa de Pós-Graduação em Agronegócios pela mesma universidade. Doutorou-se em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Atualmente é professor pesquisador da linha de pesquisa em Memória e Gestão Cultural no Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário La Salle – Unilasalle e do grupo de pesquisa de Estratégias Regionais. Atua, também, como coordenador do Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas.

Para ler mais:

Por Fernanda Forner

Continua  o processo de construção coletiva do Diagnóstico Socioterritorial e do Mapa Falado de Canoas. Assim, realizou-se, no dia 20 de abril, mais um encontro no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Estiveram presentes membros da equipe do ObservaSinos – IHU e representantes do Centro Universitário La Salle e da Diretoria de Vigilância Socioassistencial da Prefeitura de Canoas.

Durante o encontro foram retomados os dados do diagnóstico socioterritorial, realizado a partir de informações de dados de bases públicas e das diferentes Secretarias do município e relacionadas às informações do Mapa Falado, o qual foi produzido pelos Conselhos de Direitos e Políticas Públicas, trabalhadores da política de assistência social e, especialmente, pela população moradora dos quatro Quadrantes do município.

O Mapa Falado foi um importante instrumento para a aproximação da população com os servidores públicos; um espaço potente na reflexão sobre as informações públicas e formais apresentadas no diagnóstico confrontadas com a realidade vivida pela população. A questão que norteou as falas sobre o mapa dos quadrantes foi: “Quais as expressões de PROTEÇÃO e de DESPROTEÇÃO SOCIAL nesta região?”.

Seguem aqui alguns destaques do Mapa Falado por Quadrante: o Quadrante Nordeste, que é composto por 7 bairros (Guajuviras, Olaria, Estância Velha, Brigadeira, Marechal Rondon, São José e Igara), apresentou como desproteção social, segundo seus moradores, a falta de escolas de ensino médio, no bairro Olaria, e a falta de iluminação pública e a má gestão de um centro de recuperação para dependentes químicos. No bairro Guajuviras foram localizados falta de acessibilidade para deficientes, pontos de alagamento, pessoas em situação de rua, trabalho infantil, má localização do restaurante popular e falta de espaços de lazer. Como proteção social foram apontados o grande número de Igrejas Evangélicas no bairro Olaria e Associação de Moradores no bairro Guajuviras, onde também se destacou a presença do mercado que atende 24 horas.

No Quadrante Sudoeste, que reúne os bairros Mato Grande, Fátima e Rio Branco, destacaram-se como pontos negativos ou aspectos de desproteção, o descarte incorreto do lixo, a falta de vagas na educação infantil e a má localização das escolas. Por outro lado, a pavimentação das ruas e os atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento foram pontuados como proteção social pela população.

O Quadrante Noroeste é composto pelos bairros Centro, Harmonia, Mathias Velho, São Luís e Industrial. Durante a oficina realizada neste quadrante foram apontados como desproteção social os bares que também são utilizados para a comercialização e uso de drogas, e a presença de grupos de traficantes rivais. Outro ponto levantado foi a falta de um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS na região. A precariedade da estrutura dos dois Centros de Referência de Assistência Social – CRAS que ficam no quadrante também constou como desproteção, segundo o relato de idosos, além do mau atendimento para com os mesmos com relação ao Cadastro Único (não são considerados como público que atende o perfil). Foi apontada a falta de vagas nas Escolas Municipais de Educação Infantil. Destacou-se, nas atividades como proteção social pela população, o crescimento do bairro Mathias Velho, o mais populoso do município, que trouxe mais serviços públicos para o bairro, como escolas, creches, Unidades Básicas de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento, o Hospital de Pronto Socorro e os dois CRAS que ficam na região.

Os bairros Nossa Senhora das Graças, Niterói e Vila João de Barro, território situado dentro do bairro Niterói, compõem o Quadrante Sudeste.

Na atividade realizada no quadrante os participantes apontaram como desproteção social a falta de equipe para as UBS na Vila João de Barro e no CRAS. Os pontos de drogas também foram levantados como desproteção social. No bairro Niterói foi apontada como desproteção social a Base Aérea de Canoas, por conta do barulho e uma área de lazer abandonada. Outros destaques no que se refere à desproteção social são: falta de limpeza pública, moradores de rua, áreas de risco, falta de funcionários nas escolas e insuficiência de ônibus. Os serviços públicos de saúde, educação e segurança oferecidos no quadrante foram apontados como proteção social.

A apresentação das informações coletadas e do Mapa Falado será feita ao trabalhadores, conselhos e população em forma de oficinas nos quadrantes. Todo este trabalho deverá subsidiar e qualificar o planejamento, a execução e o monitoramento das políticas públicas no município.

Por Marilene Maia, Átila Alexius,

Liz Carniel da Silva, Thaís da Rosa Alves e Matheus Nienow