Para o jornalista Austen Ivereigh, a prática da reforma do Papa Francisco e suas evidências dependem do “quanto a Igreja está disposta a incorporar, em sua cultura e em suas estruturas, a reforma à qual Francisco está convocando os católicos”. Segundo ele esta “ainda é uma questão em aberto“.

Foto: ultimosegundo.ig.com.br

Em entrevista concedida por e-mail à revista IHU On-Line, nº 465, Ivereigh, também filósofo, confessa que três palavras poderiam definir Francisco: peronista, jesuíta e reformador, constituindo assim as características de Bergoglio, que, como argentino, foi influenciado pelo pensamento peronista.

Apesar de ver “o movimento peronista como a expressão legítima dos valores dos argentinos comuns”, Ivereigh ressalta que isso não fez do pontífice um pró-peronista acrítico, tendo criticado fortemente nomes como Menem e Kirchner. O jornalista acredita que Francisco merece o título de “reformador” não só pelo que propõe no Papado, mas pela história de mudanças que vem fazendo ao longo dos séculos.

Ivereight é autor do livro The Great Reformer: Francis and the Making of a Radical Pope [O Grande Reformador. Francisco e a construção de um Papa radical, em tradução livre], onde produz uma pesquisa para analisar o fenômeno que é Francisco. Por ser um tema pertinente a quem deseja compreender seu pontificado, o sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU vem publicando inúmeras resenhas do livro.

Segundo Ivereigh, o papa busca, inquietantemente, desde sua formação uma Igreja evangelizadora: “Francisco é profunda e inteiramente jesuíta de toda uma série de modos, mas, acima de tudo, em sua visão de reforma. Sob vários aspectos, a renovação que Bergoglio procurou implementar dentro da Província jesuíta argentina estava baseada na Companhia de Jesus primitiva”.

Foto: Brandonvogt

Austen Ivereigh vive em Londres. Foi editor da revista britânica The Tablet e diretor de Assuntos Públicos do ex-arcebispo de Westminster, o cardeal Cormac Murphy-O’Connor. Fundador e coordenador do Catholic Voices, que capacita as pessoas a colocar o caso da Igreja Católica nos meios de comunicação, ainda contribui para revistas e jornais.

A entrevista está disponível online, para acessar clique aqui.

Por Nahiene Alves

Para ler mais: 

“Essa obra volumosa de Christoph Theobald é, sem dúvida alguma, uma grande contribuição para o campo dos estudos do Vaticano II. Não me parece exagero dizer que se trata, atualmente, da contribuição mais importante nesse campo por parte de um teólogo sistemático”, escreve o teólogo Gilles Routhier em resenha do livro La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source (Paris: du Cerf, 2009), de Christoph Theobald. A resenha foi publicada na Revista IHU On-Line, Nº 465.

A síntese desenvolvida por Routhier compara o livro de Theobald com as principais obras sobre o Concílio Vaticano II: Herders theologischer Kommentar zum zweiten, de G. Hilberath e P. Hünermann, e L’histoire de Vatican II, de G. Alberigo. Mas, sobretudo, elogia bastante a forma como Theobald conduz o sentido de Pastoridade, onde supõe uma abordagem hermenêutica da doutrina e tradição.

Segundo Routhier, a obra de Theobald, apesar de ter se beneficiado bastante com as anotações do livro de Alberigo, diferencia-se das demais por não focar apenas na história do Vaticano II, mas por uma “questão que interessará a uma nova geração: ‘O que podemos esperar de Vaticano II’”, enfatiza Routhier.

A resenha ainda destaca a originalidade do estudo, cuja pesquisa iniciou-se há quase 10 anos em um importante artigo publicado em 1996, sobre o qual Theobald escreve com frequência, “Le concile et la ‘forme pastorale’ de la doctrine”. No artigo, o pesquisador busca compreender como surgiu na Igreja Católica um novo jeito de se relacionar com seu patrimônio dogmático; o artigo também funciona como base de uma tese bem fundamentada que foi cada vez mais trabalhada e resulta em uma das principais partes do livro: a definição de pastoralidade.

“Sou muito grato a Theobald por esse trabalho colossal, que impulsiona os estudos sobre o Vaticano II, e aguardo impacientemente a continuação, no segundo volume anunciado”, conclui Routhier ao final da resenha.

O livro La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source, foi apresentado no II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade.

Christoph Theobald

Christoph Theobald é teólogo jesuíta, nasceu em Colônia, na Alemanha, mas desde a década de 1970 reside na França. É autor de três livros sobre teologia: A revelação (2002), O Cristianismo como estilo: uma maneira de fazer teologia na pós-modernidade e Transmitir um Evangelho de Liberdade, ambos lançados em 2007. No Brasil, as obras foram lançadas pela editora Edições Loyola.

Em um de seus últimos estudos acadêmicos, a pesquisa As grandes instituições de futuro do Concílio Vaticano II: a favor de uma ‘gramática gerativa’ das relações entre Evangelho, sociedade e Igreja, Theobald apresenta uma visão global do Vaticano II, esclarecendo-o como um “corpus textual”, cujo objetivo do estudo é “aprofundar-se nas maneiras de proceder que o Concílio soube inventar”, diz o próprio Theobald em relação à sua pesquisa.

Em 2012, Christoph Theobald esteve na Unisinos participando do XIII Simpósio Internacional IHU, Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, promovido pelo IHU.

Para ler mais

Celebrando os 50 anos do final do Concílio Vaticano II, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o II Colóquio Internacional IHU, O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, nos dias  19 a 21 de maio de 2015, na Unisinos São Leopoldo.

O evento tem como principal objetivo analisar o evento eclesial, bem como os documentos conciliares, com o propósito de debater seus significados e contribuições para a presença da Igreja num mundo que vive grandes transformações tecnocientíficas e socioculturais.

Participarão do evento, entre outros, os seguintes professores e pesquisadores:

  •   John O’Malley

Padre jesuíta que, aos 95 anos, ainda leciona teologia na Georgetown University (EUA). Conhecido por seus estudos sobre o Concílio Vaticano II e por ser um dos principais historiadores da Igreja, O’Malley é doutor em história pela Universidade de Harvard. Autor de diversas publicações, entre elas, seu livro mais famoso é: Os primeiros jesuítas (The First Jesuits, Harvard UP, 1993).  Entres suas obras, também destaca-se O que Aconteceu no Vaticano II (What Happened at Vatican II Harvard, 2008), pelo qual recebeu o Prêmio Gilmary Shea John por ter sido considerado o melhor livro na American Catholic Historical Association, e  Uma história dos Papas [na tradução literal] (A History of the the Popes, Rowman & Littlefield, 2009). Ao longo de sua trajetória recebeu diversos prêmios, medalhas e foi eleito membro de diversas sociedades, entre elas, para Academia Americana de Artes e Ciências.

O historiador já contribuiu com sua experiência nas publicações do IHU e com entrevistas concedidas, em uma delas, aproveitou para refletir sobre a importância do Concílio para a igreja e para a Companhia de Jesus: “O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi um evento complexo, mas um de seus aspectos foi a reconciliação com o mundo moderno, uma virada de consciência que afetou profundamente a Companhia de Jesus. Os jesuítas reuniram-se para a 31ª Congregação Geral assim que o Concílio foi concluído, e, uma década depois, seguiu-se a 32ª. Esses dois encontros fizeram para a Companhia o que o Vaticano II fez para a Igreja”. Leia a entrevista completa aqui.

Por ocasião do evento desta semana, concedeu uma entrevista à revista IHU On-Line que pode ser lida aqui.

Por sua vez, a edição no. 94 de Cadernos Teologia Pública, publica o artigo “Vaticano II: a crise, a resolução, o fator Francisco“. O texto pode ser acessado clicando aqui.

Em breve a IHU On-line publicará um perfil completo de John O’Malley.

  •  Christoph Theobald

Teólogo jesuíta, Theobald é professor no Centre Sèvres (Paris) e autor de diversas obras, entre elas, La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source [A recepção do Concílio Vaticano II: ter acesso à fonte – na tradução literal] (Paris: du Cerf, 2009).

“As grandes intuições de futuro do Concílio Vaticano II: a favor de uma ‘gramática gerativa’ das relações entre Evangelho, sociedade e Igreja” é o tema que o teólogo abordou no XIII Simpósio Internacional IHU, Igreja, Cultura e Sociedade: a semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, promovido pelo IHU.

O texto foi publicado em  Cadernos Teologia Pública, no. 77 e pode se acessado clicando aqui.

A revista IHU On-Line desta semana publica uma preciosa resenha do livro de C. Theobald. A resenha é de G. Routhier e pode ser acessada clicando aqui.

  • Massimo Faggioli

“Após cinquenta anos do Concílio Vaticano II, temos um Papa que aceita as orientações conciliares e pensa a partir delas: “João Paulo II e Bento XVI eram homens do Concílio Vaticano II e seus pontificados estavam empenhados em corrigir as trajetórias do Concílio. Francisco aceita o Concílio como um dado fundamental da Igreja de hoje”, é o que destaca o professor da University of St. Thomas (EUA), sobre o papado de Francisco e seu comprometimento com um diálogo aberto, em entrevista recente à IHU On-Line.

Faggioli é doutor em História da Religião e autor de diferentes publicações, entre elas, Vaticano II: A luta pelo sentido (Paulinas, 2013); True Reform: Liturgy and Ecclesiology in Sacrosanctum Concilium (Liturgical Press, 2012); e, em espanhol, Historia y evolución de los movimientos católicos. De León XIII a Benedicto XVI (Madrid: PPC Editorial, , 2011).

Cadernos Teologia Pública, no. 95, publica o artigo “Gaudium et Spes” 50 anos depois: seu sentido para uma Igreja aprendente“. O texto pode ser lido clicando aqui.

  • Gilles Routhier

O padre Gilles Routhier é um dos especialistas na recepção e na hermenêutica do Vaticano II.

Professor na Universidade de Laval (Canadá), é doutor pelo Instituto Católico de Paris e pós-doutor pela Université Paris-Sorbonne (Paris IV). Pesquisa, principalmente, o ConcílioVaticano II, seus ensinamentos, história, hermenêutica e recepção.

Publicou, dentre outros, em 2007, 40 ans après Vatican II: Espérer (Montreal, Novalis);  Penser l’avenir de l’Église(Montréal, Fides, 2008); e coeditou em 2010, com Guy Jobin, L’Autorité et les autorités. L’herméneutique théologique de Vatican II (Cerf).

Na entrevista “Vaticano II: bússola confiável para conduzir a Igreja rumo ao terceiro milênio“, concedida à IHU On-Line, o teólogo descreveu como as novidades do evento eclesial foram recebidas e colocadas em prática pela Igreja: “indubitavelmente a Igreja mudou, e a mudança se deu em vários campos: na vida religiosa, na formação dos padres, no exercício da função episcopal, no ecumenismo, no diálogo inter-religioso etc”.

A revista IHU On-Line desta semana publica uma entrevista com o teólogo canadense sob o título “A lufada de ar do Concílio Vaticano II na Igreja

Gilles Routhier, na mesma edição, publica uma ampla e detalhada resenha do livro de Cristoph Theobald, La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source, Cerf, 2009, 994 pp. Trata-se de uma leitura obrigatório. Confira clicando aqui.

  • Paulo Suess

Ao falar da atual conjuntura da igreja, em entrevista à IHU On-Line, o teólogo comenta sobre o espírito de renovação, proposto pelo Papa Francisco, a partir da aproximação com os pobres: “A teologia do Papa Francisco é missionária, pastoral e espiritual, orientada para a proximidade com os pobres nas diferentes periferias do mundo, periferias geográficas, sociais, culturais e existenciais”.

Doutor em Teologia Fundamental e nascido na Alemanha, Suess, realizou um trabalho sobre Catolicismo popular no Brasil. Recebeu o título de Doutor honoris causa, das Universidades de Bamberg (Alemanha, 1993) e Frankfurt (2004). É assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário – Cimi e professor no ciclo de Pós-Graduação em Missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo – ITESP. Entre suas publicações, citamos Dicionário de Aparecida. 40 palavras-chave para uma leitura pastoral do Documento de Aparecida (São Paulo: Paulus, 2007).

Na revista IHU On-Line que tem como tema de capa “E soprou o vento de ar puro … Os dois anos de Papa Francisco em debate“, Paulo Suess concedeu uma entrevista que pode ser lida clicando aqui.

  • Johan Konings

Em 2008, o professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, já tratava o Sínodo dos Bispos como um encontro de encadeamento ao Concílio, falando da importância que a igreja deve dar as atuais transformações socioculturais:  “O Sínodo é uma instituição para dar continuidade ao Concílio Vaticano II. Deve promover a recepção do Concílio pelo povo eclesial. A importância disso salta à vista quando se sabe que o Concílio de Trento levou quatrocentos anos para ser mais ou menos “recebido” no Brasil. Agora, estamos a mais de quarenta anos do Vaticano II (1962-1965), mas espera-se que a recepção não leve quatro séculos.”, comentou em entrevista concedida à IHU On-Line.

Konings é  padre jesuíta nascido na Bélgica e participou como perito na XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2008, com o tema A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja. Filósofo e filólogo, concluiu o doutorado em Teologia na Universidade Católica de Louvaina, na Bélgica. Entre suas obras, A Palavra se fez livro (Loyola, 2010, 4ª ed.) e Ser cristão – Fé e prática (Vozes, 2003, 5ª ed.).

  • Érico Hammes

Em 2012, o professor de Teologia da PUC-RS, já afirmava sobre o crescimento da presença de fiéis homossexuais na igreja e propunha uma discussão entre os teólogos para que soubessem lidar com o assunto, mesmo sabendo que, na época, o Vaticano não apoiava essa postura. Em 2015, o debate polêmico está em voga, por conta da mudança da postura do atual Papa. A partir dessa e de outras questões, é que o professor participará do debate sobre “o novo teologizar a partir do Vaticano II”.

Doutor em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana também comenta, em entrevista à IHU On-line, sobre a relação da Teologia da Libertação com o Concílio: “A Teologia da Libertação se inseriu, desde o seu início, na espessura da historicidade: é uma forma radical de teologia da história, e por isso vai se transformando com o andar da história. Hoje há quem acuse o próprio Concílio Vaticano II de ter cedido demasiado ao tempo histórico da modernidade”.

Veja o depoimento de Erico Hammes concedido à IHU On-Line desta semana, sob o título “A guinada estético-teológica de Bergoglio“.

  • José Oscar Beozzo

O teólogo define como fundamentais quatro pontos do Concílio Vaticano II  em relação à Igreja: “a definição da Igreja como povo de Deus, a afirmação de que esta se encontra a serviço do reino de Deus, a doutrina da colegialidade episcopal e de que junto com Pedro, o colégio episcopal detém o supremo poder sobre a Igreja. Finalmente, o reconhecimento de que há uma única Igreja de Jesus Cristo que subsiste na Igreja católica, mas que se encontra presente nas outras Igrejas”, durante a entrevista “O ecumenismo para a fulguração da unidade entre os cristãos“.

Beozzo é padre e coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – Cesep. Tem mestrado em Sociologia da Religião, pela Université Catholique de Louvain, Bélgica, e doutorado em História Social, pela Universidade de São Paulo – USP. Faz parte do Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina – CEHILA/Brasil, filiado à Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina e no Caribe – CEHILA. Também é sócio-fundador da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina – Adital. É autor de inúmeros livros, entre os quais A Igreja do Brasil (Petrópolis: Vozes, 1993) e A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II: 1959-1965 (São Paulo: Paulinas, 2005).

Cadernos Teologia Pública, no. 93, publica o artigo “O êxito das teologias da libertação e as teologias americanas contemporâneas“. O texto pode ser acessado clicando aqui.

  • Sérgio Ricardo Coutinho dos Santos

Coutinho, em entrevista concedida à IHU On-Line, após a visita de Papa Francisco ao Brasil, ressalta que Bergoglio promoveu mudanças ao desenvolver um “verdadeiro programa pastoral” para os bispos do Brasil e do CELAM, o qual teve como “chave de leitura não o magistério dos Papas anteriores e dos Padres da Igreja, mas o magistério dos bispos da América Latina e Caribe explicitado no documento de Aparecida”, acentuando a necessidade de uma “conversão pastoral” .

Coutinho é  professor no Centro Universitário IESB, no Instituto São Boaventura, Brasília.

Na revista IHU On-Line desta semana, concedeu uma entrevista sob o título “Papa Francisco e a Igreja no Brasil. O desafio da conversão pastoral e de um novo modelo de Igreja“. Para ler a íntegra da entrevista clique aqui.

  • Olga Consuelo Velez Caro

Para a teóloga colombiana, o Concílio Vaticano II trouxe novos ares à Igreja do continente, e, embora haja ventos de involução, o caminho percorrido nesses 50 anos foi forte e será capaz de continuar dando frutos em meio à perseguição que se possa viver hoje : “Foi fruto do Concílio a teologia da libertação, as comunidades eclesiais de base e, especialmente, a consciência social que se despertou na Igreja latino-americana, fazendo da opção preferencial pelos pobres uma opção central e um compromisso verdadeiro. É normal que, em 50 anos, esse horizonte tenha sofrido transformações, e não podemos esperar que ele mantenha a vitalidade e o impulso dos inícios”

Pós-doutora pelo Boston College e doutora pela Pontifícia Universidade Católica do Rio De Janeiro – PUC-Rio.

Fontes das fotos, respectivamente: http://bit.ly/1PlxvJg, http://bit.ly/1AZ2QWk, http://bit.ly/1FajhD2, http://bit.ly/1EHLNso, http://bit.ly/1sX4Ufg, http://bit.ly/1xF2Iu0, http://bit.ly/1A2zbkh, http://bit.ly/1L3VzdS, http://bit.ly/1sX4Ufg, http://bit.ly/1IAqbWb

Por Fernanda Forner e Cristina Guerini

Por ocasião do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, reunimos uma série de edições de Cadernos Teologia Pública que versam sobre o tema do evento.

(Para acessar ao Caderno na sua versão em PDF basta acessar ao link em cada título).

José Oscar Beozzo, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEP

Resumo: Desde o primeiro contato com os povos do Caribe e da América, os europeus que aqui chegaram foram assaltados por 93 capaperguntas de caráter antropológico, político, social, religioso e, finalmente, teológico: “São eles humanos? Possuem uma religião? Qual o seu Deus?” As respostas podiam refletir profunda ignorância ou simplória convicção. Bem depressa, porém, perplexidades, impasses, resistências e confrontos trouxeram à tona a complexa realidade desse choque entre povos, culturas e religiões e as questões pastorais e teológicas ali imbricadas e que, até hoje, pesam na consciência e no caminhar do cristianismo latino-americano. Tomar, pois, a totalidade da realidade como sinal dos tempos e voz de Deus na história; situar a reflexão teológica na intersecção da fé com a esfera econômica, política, social; ler a realidade a partir dos últimos, dos mais pobres e excluídos, aos quais se revela o Deus da Vida, como a seus prediletos; abraçar sua causa e seus sonhos; e empenhar-se pela transformação da injusta realidade como parte essencial do seguimento de Jesus Cristo são alguns dos elementos que configuram o que se convencionou chamar de teologia da libertação.

Palavras-chave: Teologia da Libertação, América Latina, Cultura e Religião.

John O’Malley, Georgetown University

Resumo: A situação atual oferece, para nós que estudamos o Concílio, um ensejo para dar um passo atrás e examiná-lo atentamente. Ao invés de refletir sobre cada um dos dezesseis documentos finais, como se faz habitualmente, sem levar em conta sua unidade de conjunto, podemos tomar fôlego e examiná-los como um corpus único e coerente, com uma mesma proposta no que se refere aos objetivos e aos valores cristãos fundamentais. Enquanto revisitamos o Concílio nessa perspectiva, tomaremos em consideração o evento da eleição de Jorge Mario Bergoglio, como Papa Francisco, ocorrido no dia 13 de março de 2013.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Papa Francisco, conjuntura.

Massimo Faggioli, University of St. Thomas

Resumo: Gaudium et Spes, um documento que ficou quase “esquecido” durante o pontificado de Bento XVI, é um dos documentos conciliares mais frequentemente citados pelo Papa Francisco. Não há muita dúvida de que a constituição pastoral é o documento-chave do Vaticano II para orientar nossa compreensão do Papa Francisco e sua relação tanto com o próprio Concílio quanto com o período pós-conciliar. Então, qual é o sentido dessa inversão, desse retorno da constituição pastoral do Vaticano II? Qual é o sentido de Gaudium et Spes para os teólogos e fiéis da “Igreja no mundo moderno” de hoje em dia, em um mundo que é significativamente diferente do mundo de 1965?

Palavras-chave: Gaudium et Spes, Concílio Vaticano II, Papa Francisco.

João Batista Libânio, SJ.

Resumo: O Concílio Vaticano II encerrou a longa etapa da Contra-Reforma e da neocristandade, modificando profundamente o clima da Igreja. A sua contextualização implica vários passos, entre os quais destacam-se neste artigo: alguns traços da Igreja da Contra-Reforma; realidades socioculturais que provocaram a crise desse modelo; a crise dentro da Igreja, provocada pela entrada da modernidade; fatores imediatos que decidiram sobre a convocação e a orientação do Concílio nos seus inícios.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, História da Igreja.

Sinivaldo S. Tavares, OFM, Instituto Teológico Franciscano – ITF, de Petrópolis, RJ.

Resumo: Com o presente artigo, busca-se indagar as eventuais afinidades entre Dei Verbum e Gaudium et Spes. O fato de terem sido as duas últimas Constituições aprovadas em sede conciliar, por si só, constitui algo extremamente significativo. O processo de composição de uma e de outra recobre o inteiro arco da realização do Concílio. Sorveram, mais que os demais textos conciliares, a seiva daquele espírito de aggiornamento que andou caracterizando o Vaticano II e, por esta razão, são documentos que recolheram os melhores frutos produzidos durante aquela fecunda estação.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, Dei Verbum.

José Maria Vigil, Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT/EATWOT)

Resumo: Hoje, torna-se curioso, quase nostálgico, recordar que, na hora de caracterizar “o mundo atual”, naquele distante 1965, um traço que a Gaudium et Spes destacava como surpreendente e inovador era ser uma época de mudanças e de mudanças aceleradas. “Já quase não é possível ao ser humano de hoje dar prosseguimento a essa história tão movimentada, nesta época de mudanças aceleradas”, dizia. E certamente aquele Concílio, por sua vez, introduziu na Igreja uma época acelerada de mudanças religiosas e pastorais.

Christoph Theobald, Faculdade de Teologia de Centre-Sèvres, Paris, França.

Resumo: A imagem do “gancho”, usada por Karl Rahner, nos permite compreender o desafio atual da recepção do Concílio Vaticano II. Em 27 de fevereiro de 1964 ele escreveu para Herbert Vorgrimler: “Voltei ontem de Roma, cansado. Mas lá sempre podemos nos esforçar para evitar o pior e para que, aqui e ali, um pequeno gancho seja suspenso nos esquemas para uma teologia futura”. “Aqui e ali, um pequeno gancho”, eis o potencial de futuro dos documentos conciliares; este potencial, hoje, só pode ser distinguido no diálogo com o nosso próprio diagnóstico do momento presente.

Victor Codina, Universidade Católica de Cochabamba

Resumo: O artigo é motivado pela preocupação de recuperar o significado do Concílio Vaticano II para que sua mensagem seja uma boa notícia para o mundo de hoje. O significado desse evento eclesial é evidenciado, incialmente, mediante uma contextualização da época pré-conciliar (liturgia, movimentos bíblico, patrístico, litúrgico, ecumênico, pastoral; nova 081 capasensibilidade social; figuras teológicas mais relevantes daquele momento) enquanto terreno fértil do Concílio e culmina numa. Num segundo momento, o artigo apresenta o Concílio enquanto tal, apresentando a figura de João XXIII e sua convocação para um aggiornamento da Igreja, uma visão sumária de algumas chaves de leitura do Vaticano II e a síntese final de Paulo VI, caracterizada como “uma espiritualidade samaritana”. Num terceiro momento, após um testemunho de vivências pessoais do Concílio, é feito uma exposição a respeito do pós-concílio, que abrange desde a “primavera eclesial” dos primeiros anos até o mal-estar dos últimos. O artigo conclui articulando a ideia de caos e kairós como expressão das possibilidades da ação do Espírito para o tempo de crise da Igreja nos últimos anos.

Palavras-chave: Concílio Vaticano II, Igreja, pós-concílio, João XXIII, Paulo VI.

Peter C. Phan, Georgetown University

Resumo: Este ensaio apresenta um levantamento da teologia e da prática do diálogo inter-religioso na Igreja Católica Romana desde o término do Concílio Vaticano II em 1965. Estruturado em torno às perguntas “De onde viemos?”, “Onde estamos atualmente?” e “Para onde vamos?”, o texto parte de uma exposição sobre o olhar da Igreja Católica sobre as outras religiões antes da década de 1960, apresenta os acontecimentos mais notáveis nas relações da Igreja Católica com as outras religiões e as mudanças mais significativas na teologia das religiões dos últimos 50 anos, culminando numa indicação de direções e trajetórias para o diálogo inter-religioso nas primeiras décadas deste terceiro milênio cristão.

Palavras-chave: Igreja, Concílio Vaticano II, Dialogo inter-religioso, Religiões.

John W. O’Malley, Georgetown University.

Resumo: “A palavra “humanismo” aparece três vezes nos documentos do Vaticano II, uma vez em sentido positivo e duas em sentido negativo. Portanto, esse termo é ambivalente e pode ter acepções incompatíveis com o catolicismo. Entretanto, se for entendido de maneira apropriada, ele é eminentemente compatível e um termo apropriado para indicar o ideal que o concílio propôs. Entendo que “humanismo”, aplicado ao concílio, indica uma ênfase na dignidade da pessoa humana como ser criado por Deus e redimido por Cristo, uma pessoa que, além disso, age a partir de convicção interior e passa sua vida em interação positiva com outros seres humanos. Minha outra tese é que essa ênfase humanística foi possibilitada porque o Vaticano II adotou uma certa forma de discurso, um certo estilo de falar que era radicalmente diferente do estilo de concílios anteriores. Sustento, portanto, que um aspecto indispensável da hermenêutica do Vaticano II consiste em uma grande atenção ao estilo retórico do concílio e que, se prestarmos atenção a esse estilo, perceberemos por que surgiu a ênfase na dignidade humana e na interação humana.”

Palavras-chave: espiritualidade, humanismo, Concílio Vaticano II.

Durante esta semana, além de participar do II Colóquio Internacional IHU – O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade, os professores José Oscar Beozzo, John O’Malley e Massimo Faggioli contribuirão com textos publicados pelos Cadernos Teologia Pública.

  • Na edição de número 93 o tema abordado é O êxito das teologias da libertação e as teologias americanas contemporâneas;
  • na 94 O’Malley publica o artigo Vaticano II: a crise, a resolução, o fator Francisco;
  • e na 95  Faggioli fala sobre “Gaudium et Spes” 50 anos depois: seu sentido para uma Igreja aprendente.

“O Concílio Vaticano II (1962-1965) enfatizou a Igreja como povo de Deus, a centralidade das Igrejas particulares e de sua presença e testemunho no mundo de hoje (…) O tema da Igreja dos pobres e de uma teologia do desenvolvimento que os arrancasse da pobreza, rondou as quatro sessões do Concílio Vaticano II e acabou encontrando um desaguadouro, ainda que insuficiente, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes (1965) e, no imediato pós-concílio, na Populorum Progressio (1967)”, afirma José Beozzo.

A versão impressa de Cadernos Teologia Pública está disponível na secretaria do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

A edições impressas das publicações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU podem ser pedidas pelo email humanitas@unisinos.br e/ou pelo telefone 51 -3590 8474.

Por Nahiene Alves

Para ler mais: