Gênero e políticas públicas: a feminização da inclusão social foi o tema de debate do IHU ideias desta quinta-feira, 25-06-2015.

Foto: Fernanda Forner
Na abertura da palestra, a professora Dagmar E. Meyer destacou os principais pontos desenvolvidos ao longo da agenda de pesquisa e explicou sobre a “feminização da inclusão social: são os modos pelos quais o gênero atravessa e constitui formas de conhecimento, distribuição de recursos, processos de organização do trabalho e a estrutura de instituições e serviços implicados com a inclusão social, vinculando-se com determinados posicionamentos de profissionais de diversos níveis e tipos, na maioria mulheres, para posicioná-las, junto com as famílias-mães, como parceiras diretas do Estado na implementação da inclusão social”.
Dagmar também ressaltou os pontos-chaves que nortearam a pesquisa. “Essa feminização da inclusão social poderia ser entendida como um efeito, não esperado e não desejado, da proposta estratégico-política da transversalidade de gênero nas políticas públicas? Ou em outra direção, como a forma pela qual a proposta de transversalidade de gênero que tem sido traduzida (de reforço e/ou de correção de papéis e funções de gênero naturalizadas) se articula com essa feminização?”.
Abordando os dois principais conceitos da pesquisa, a professora Maria Cláudia Dal’Igna estabeleceu uma relação entre gênero e inclusão social. “Utilizo o conceito de gênero, afastando-me de abordagens que focalizam subordinações e desigualdades como sendo derivadas do desempenho de papéis, funções e características culturais estritas de mulheres e de homens, para assumir que o social e a cultura são atravessados e organizados por discursos instituintes de feminilidades e de masculinidades que, ao mesmo tempo, os produzem e ressignificam”, comenta.
Além disso, Maria Cláudia também destacou a importância de entendermos a inclusão e a exclusão. “Temos que nos desafiar a romper com a lógica binária que faz com que a inclusão seja compreendida como estar do lado de dentro e a exclusão como estar do lado de fora de uma instituição. Esse movimento de questionamento dos conceitos permite pôr em questão a fórmula inclusão versus exclusão, para analisar a relação entre esses termos. Trata-se menos de uma oposição de termos que se antagonizam do que de uma relação mútua e permanente. Ou seja, mais do que tratar de um ou outro, melhor seria falar em in/exclusão“, defende.
Sobre as palestrantes:

Dagmar E. Meyer
Foto: Fernanda Forner
Dagmar Estermann Meyer: mestre e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, com doutorado sanduíche na Universität Bielefeld e pós-doutorado no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP. Atualmente é professora colaboradora convidada, com credenciamento ativo, nos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Saúde Coletiva da UFRGS, onde atua nas Linhas de Pesquisa em Educação, Sexualidade e Relações de Gênero e Educação e Cultura da Saúde, respectivamente.

Maria Cláudia Dal’Igna Foto: Fernanda Forner
Maria Cláudia Dal’Igna: doutora e mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, onde é professora assistente do curso de Pedagogia, de cursos de extensão e especialização e do Programa de Pós-Graduação em Educação, além de coordenadora de Processos Educacionais do Pibid/Unisinos/Capes.
O próximo IHU ideias será realizado no dia 13 de agosto de 2015, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU, das 17h30 às 19h. O Prof. Dr. Fabrício Farias Tarouco abordará o tema A metrópole comunicacional que emerge dos aplicativos para dispositivos móveis.
Por Fernanda Forner
Para ler mais:
- Todas as possibilidades de gênero. Revista IHU On Line, Nº. 463
- Todas as possibilidades de gênero. Novas identidades, contradições e desafios
- Gênero: para refletir além dos extremismos
- Léxico sobre o gênero
- Papa Francisco, a igualdade de gênero e a ideia de machismo. Artigo de Michelle A. Gonzalez