Nesta semana, nos dias 14 a 16 de julho, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove mais um seminário anual para os colegas que trabalham diretamente nos programas e atividades do instituto.

Neste ano, três temas centram a leitura, a reflexão e os debates deste seminário que se realiza anualmente desde a criação do IHU, em setembro de 2001.

Na terça-feira, dia 14, o tema central do dia será a análise da crise política, econômica e social brasileira.

Para esta discussão foram indicados os seguintes textos a serem lidos previamente e que serão apresentados pelos participantes do evento:

1.    Social-democracia é a única via para a política brasileira. Entrevista especial com Luiz Werneck Vianna

2.    Ricos nutrem ódio ao PT, diz ex-ministro. Entrevista com Luiz Carlos Bresser-Pereira

3.    O curto-circuito imediato e os efeitos de um impasse estrutural na política brasileira. Entrevista especial com Valter Pomar

4.    O capital que neutraliza e a necessidade de uma outra esquerda. Entrevista especial com Giuseppe Cocco

Tendo presente a crise grega, amplamente debatida nas Notícias do Dia publicadas pelo sítio do IHU, será trabalhada a entrevista de Yann Boutang, concedida à IHU On-Line e publicada sob o título “A financeirização e as mutações do capitalismo“.

A recém publicada Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, foi distribuída previamente para ser lida por todos e todas particantes do Seminário. A enciclica será apresentada por seis colegas tendo presente o Guia de Leitura elaborado por Thomas Reese.

Tanto a análise das crises grega e brasileira quanto o debate sobre a Laudato Si’ será subsidiado por dois textos que os/as participantes leram com antecedência:

– “Esta economia mata. Precisamos e queremos uma mudança de estruturas”, afirma o Papa Francisco no Encontro de Movimentos Populares em Santa Cruz de la Sierra

– A ecologia econômica como alternativa às desigualdades. Entrevista especial com Gaël Giraud

Mais de vinte  pessoas participarão do Seminário.

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

Nuvens

Para descrever as nuvens
muito teria de apressar-me,
pois numa fração de segundo
deixam de ser estas e começam a ser outras.

É sua propriedade
não se repetir
nas formas, tonalidades, poses e configurações.

Sem o peso de qualquer lembrança,
pairam sem dificuldade sobre os fatos.

Mas nem testemunhá-los podem,
pois logo se dissipam em todas as direções.

Comparada com as nuvens,
a vida afigura-se firme,
quase duradoura, eterna.

Perante as nuvens
até uma pedra parece nossa irmã,
na qual se confia,
mas elas, enfim, umas levianas primas afastadas.

As pessoas que existam, caso queiram,
e depois morram uma por uma,
as nuvens não têm nada a ver com
coisas
tão estranhas.

Sobre toda a tua vida
e sobre a minha, ainda não toda,
desfilam com pompa, como desfilavam.

Não têm obrigação de morrer conosco.
Não precisam do nosso olhar para navegar.

(Fonte: Wistawa Szymborska. Instante. Rio de Janeiro: Relógio d´água, 2006, p. 21-23)

Wistawa Szymborska (1923 a 2012): Poetisa, crítica literária e tradutora. Passou a vida em sua cidade natal, Cracóvia, no sul da Polônia. É autora de uma vasta obra, tendo sido definida como o “Mozart da poesia” pela Academia de Estocolmo.  A função de suas poesias, segundo ela, “é perguntar, buscar o sentido das coisas”. No Brasil, outro livro publicado foi Poemas (Companhia das Letras, 2011), com a coletânea de 44 textos. Ficou conhecida como a “poetisa da consciência do ser”.

Nossa saúde pode ser extremamente danificada pelos agrotóxicos. Alterações hormonais, reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cognitivos são alguns exemplos. E, mesmo com a pequena quantidade que consumimos em alimentos, água ou em ambientes contaminados, os efeitos podem ocorrer.

Com o intuito de constituir um debate com diversas áreas do campo científico sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde e no ambiente, e discutir os caminhos para o enfrentamento e redução do uso no país, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o Seminário Agrotóxicos: Impactos na Saúde e no Ambiente.

Foto: doomar.blogspot.com.br

“Até mesmo do ponto de vista capitalista seria mais inteligente não utilizar agrotóxico, pois a redução maximizaria o lucro. Mas o que acontece é que a grande dificuldade do desenvolvimento do uso tecnológico dos transgênicos é de estar voltado para ‘casar’ semente com agrotóxico”, explica Fernando Carneiro em entrevista concedida ao IHU.

Desde 2008 o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo e a utilização destes venenos agrícolas cresce ano após ano. E, para dar a devida atenção ao assunto, CarneiroKaren Friedrich e Leonardo Melgarejo serão os conferencistas do evento, que ocorrerá no dia 24 de agosto, às 9 horas. Saiba mais aqui.

Por Nahiene Alves

Para ler mais:

A financeirização da vida. Os processos de subjetivação e a reconfiguração da relação ‘economia e política’  é o tema de capa da revista  IHU On-Line desta semana.

Pesquisadores de várias áreas do conhecimento refletem sobre este fenômeno da vida contemporânea.

Yann Moulier Boutang, redator-chefe da revista Multitudes, numa entrevista ampla e profunda, aponta que a financeirização tem ampla influência na organização social, atingindo aspectos como a biosfera e a noosfera.

Segundo o filósofo e sociólogo italiano Maurizio Lazzarato, a figura do “homem endividado” é uma das engrenagens que colaboram para a produção e reprodução da máquina de guerra do Capital.

Massimo Amato, da Universidade Bocconi, de Milão, afirma que uma das implicações da financeirização é a despolitização da política.

O economista italiano Stefano Zamagni, da Universidade de Bolonha, aponta a economia civil como alternativa à economia financeirizada e globalizada.

O cientista político Giuseppe Cocco, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, destaca o esvaziamento da concepção de esquerda na política.

O filósofo Rodrigo Karmy, da Universidade do Chile, debate a potência anárquica do poder destituinte.

Sandro Luiz Bazzanella, da Universidade do Contestado – UnC, fala sobre a sacralização do dispositivo da economia e do esvaziamento da política.

Para o filósofo Adriano Correia, da Universidade Federal de Goiás – UFG, os conceitos de homo oeconomicus, de Foucault, e animal laborans, de Hannah Arendt, são importantes para pensarmos o tempo presente.

Albert Ogien, cientista social francês, diretor do Institut Marcel Mauss (IMM-EHESS/CNRS), acentua que podemos compreender o nascimento de movimentos políticos sem líder e sem partido a partir do crescimento da autonomia de juízo dos cidadãos.

A publicação da Carta Encíclica do Papa Francisco Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum, é tema da entrevista com Deborah Terezinha de Paula, doutora em Ciência da Religião, pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Ela analisa a impacto e a presença da obra de Teilhard de Chardin no importante documento. Nesta edição também pode ser conferido um Guia de Leitura do documento pontífício.

Por fim, o Prof. Dr. Castor Bartolomé Ruiz publica o quarto artigo da série “A filosofia como forma de vida”, sob o título “A regra da vida (regula vitae), fuga e resistência ao controle social”.

Confira a edição nas versões:

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Por Cristina Guerini

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora

Adoração

Difícil chamar-te pelo nome, agora
que és tudo e meu chamado.
Ecoas. Água da sede,
bebo-te em silêncio. E despojo-te da imagem
no transparente ser e estar
sem perceber
que sou e estou
que és e estás
entregues ao não saber
do quando e onde
sempre e agora
e te sou
e me és
estando no infinito estar
sendo no infinito ser
que nos envolve e abarca
silenciosa viagem
adeus.

(Dora Ferreira da Silva. Uma palavra de ver as coisas. São Paulo: Duas Cidades, 1973, p. 95)

Dora Ferreira da Silva (1918 – 2006): Poetisa e tradutora brasileira. Recebeu três vezes o Prêmio Jabuti por suas poesias e também o Prêmio Machado de Assis, da Acadêmia Brasileira de Letras, por sua obra Poesia Reunida. Dedicou-se por mais de 50 anos à poesia, entre suas principais obras estão Andanças, Talhamar, Retratos de Origem, Poemas da Estrangeira e Hídrias.  Foi tradutora do psicólogo suíço Carl Gustav Jung.