Nesta terça-feira estará sendo exibido e debatido o belíssimo e inteligente filme Nostalgia da Luz (Nostalgia de la Luz, França, Chile, Espanha, Alemanha, EUA, 2010, 90 min.. Diretor: Patricio Guzmán), no Auditório Maurício Berni, na Unisinos, às 19h30min.

O evento faz parte do CINEJUS: Direitos Humanos e Justiça de Transição  promovido pelo Grupo de Pesquisa lBioTecJusl Estudos Avançados em Direito, Tecnociência e Biopolítica em parceria com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

O filme, premiado internacionalmente, aproveita as condições geográficas para ilustrar o inóspito, o ermo, o olhar vago de cada parente dos presos políticos desaparecidos. O tempo todo, o deserto é colocado como manancial de revelações acerca do passado e isso se faz muito necessário, pois é a vertente mais imponente que o longa se propõe. A mudança de paradigma é ínfima, mas logo se nota que a razão pela qual o roteirista e diretor do longa, quiseram entre-por linhas de uma guerra civil com linhas de uma guerra estelar.

Vale lembrar que o deserto do Atacama foi local de trânsito dos povos nômades e de escravidão dos mineiros no século XIX, escondendo atualmente milhares de corpos de vítimas do regime ditatorial na década de 70. Simbolicamente, Guzmán concebe o paralelo entre fragmentos cósmicos e vestígios ósseos, petrificação natural e mumificação, e evolui para a associação maior entre vida e morte, o espaço e o tempo e sua famosa relatividade.

As Notícias do Dia, atualizadas diariamente na página do Instituto Humanitas Unisinos -IHU, no dia 03-03-2015,  reproduziu o pertinente comentário de Neusa Barbosa, crítica de cinema, sob o título “Nostalgia da luz. “Obrigatório”.

Os debatedores do filme, nesta noite de terça-feira, serão o Prof. Dr. Castor Bartolomé Ruiz – UNISINOS e o Prof. Dr. José Roque Junges – UNISINOS.

A Gaudium et Spes (GS), um dos últimos textos do Concílio Vaticano II, é conhecida por seu teor pastoral. Sua estrutura interna, que começa com um Proêmio (n. 1-2), ao qual se seguem a Introdução, “A condição humana do homem no mundo de hoje” (n. 4-11), e duas partes, a primeira, “A dignidade da pessoa humana” (n. 12-45), e a segunda, “Alguns problemas mais urgentes” (n. 46-93), mostra, porém, que o teor pastoral é o resultado de uma elaboração dogmática. Pode-se dizer que os quatro capítulos da primeira parte são um esforço por pensar o ser humano à luz da cristologia.

Embora a interpretação imediata da GS após o Concílio tenha sido a do diálogo da Igreja com o mundo contemporâneo, o texto é o resultado de um esforço por romper os esquemas subjacentes à teologia pré-conciliar, que opunham o natural ao sobrenatural, fazendo a revelação intervir num segundo momento, justapondo um plano ao outro. A GS procura pensar o humano à luz do cristológico, e seu esforço foi lido de modo diferente no debate que se seguiu ao Concílio, protagonizado, entre outros, por E. Schillebeeckx, H. de Lubac e G. Colombo.

Para além desse debate, os anos que se seguiram à publicação desse texto conciliar viram o surgimento de tratados de antropologia teológica, muitos dos quais se valendo da nova articulação feita pela GS. Esta comunicação pretende, após uma breve retomada dos grandes núcleos da articulação entre antropologia e cristologia feitos no texto da GS, retomar o teor das três “recepções” da articulação acima mencionada, para, num terceiro momento, apresentar os esquemas que parecem subjazer aos principais tratados de antropologia teológica elaborados após o Concílio.

Clique aqui para acessar o texto na íntegra:
http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu-teologia

Boa leitura!

Nesta segunda-feira, às 19h30min, será exibido o filme Labirinto do Silêncio (Im Labyrinth des Schweigens, Alemanha, 2014, 123 min. Diretor: Giulio Ricciarelli).

Após a exibição o filme será debatido pela Profa. Dra. Jânia Maria Lopes Saldanha – UFSM.

A exibição e o debate serão no Auditório Maurício Berni – UNISINOS.

O filme de Giulio Ricciarelli retrata a forma como a sociedade alemã do pós-guerra lidou com os crimes do regime nazista. A ação do filme começa em 1958 em Frankfurt em plena fase de reconstrução após a guerra: um jovem procurador descobre documentos que permitem provar a responsabilidade de numerosos alemães nos crimes cometidos em Auschwitz. Mas a vontade de procurar a verdade sobre o passado não agrada a toda a gente. O grande tema do filme é o conflito entre as pessoas que querem esquecer o passado em nome da reconciliação nacional e as que exigem justiça.

A exibição e o debate fazem parte do CINEJUS: Direitos Humanos e Justiça de Transição  que consiste num ciclo de exibição de filmes, documentários e vídeos curtos promovido pelo Grupo de Pesquisa lBioTecJusl Estudos Avançados em Direito, Tecnociência e Biopolítica em parceria com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, que busca aproximar o Direito e as artes cinematográficas, proporcionando um estudo crítico e multidisciplinar, pautando as diversas práticas de justiça em que a condição das vítimas que sofreram a injustiça é o referente ético, político e jurídico para pensar o justo.

A programação continua nos dias seguintes, ou seja, nos dias 1º, 2 e 3 de setembro.

Para ver a programação completa do evento clique aqui.

CADERNOS TEOLOGIA PÚBLICA, em sua 98ª edição, publica o artigo O Concílio Vaticano II e o aggiornamento da Igreja – No centro da experiência: a liturgia, uma leitura contextual da Escritura e o diálogo, de Gilles Routhier, Université Laval, Canadá.

O artigo é a íntegra da conferência proferida pelo teólogo canadense quando da sua participação no Colóquio sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em maio deste ano.

O Concílio Vaticano II é uma experiência de aggiornamento – termo utilizado por João XXIII – expressando a necessidade de um novo modo de ser ad intra e ad extra da experiência eclesial. A terminologia da reforma está presente no corpus do Vaticano II através de diversos termos: reforma, renovação, revigoramento, restauração e aggiornamento. Neste texto, o autor discorre sobre a experiência conciliar, com o objetivo de analisar como os padres conciliares acabaram por elaborar e propor reformas. Sendo a história a mestra da vida, postula que podemos tirar algumas lições do Concílio e que a análise do processo que levou os padres a imaginar a reforma de/na Igreja pode nos ensinar sobre a maneira de conduzir reformas nos dias de hoje. No centro dessa experiência conciliar, o autor retrata três práticas específicas: a ação litúrgica, uma leitura contextual da Escritura e a deliberação que assume a forma do diálogo.

Clique aqui para acessar o artigo

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

Tu és

Mil teólogos mergulharam

na antiga noite do teu nome.

Virgens para ti despertaram,

e jovens revestidos de prata passaram

e em ti, ó combate, brilharam com renome.

Nas tuas longas arcadas

os poetas se encontraram

e eram reis de toadas

e suaves e profundos e cantaram.

Tu és a pacífica hora do entardecer,

que todos os poetas semelhantes faz parecer;

às bocas afluis obscuramente,

e sentindo-se perante um achado de repente

cada um te cerca de esplendor.

Cem mil harpas te levantaram

como asas vindas das insonoridades.

E os teus antigos ventos lançaram

sobre todas as coisas e necessidades

o sopro do teu fulgor.

Fonte: Rainer Maria Rilke. O livro de horas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009, p. 141

Rainer Maria Rilke (1875-1926): Importante poeta alemão do século XX, dono de poesias conhecidas pela inovação e estilo lírico. Publicou em 1894 sua primeira obra intitulada Vida e Canções (Leben und Lieder). O poeta acreditava que a manifestação divina podia ser observada em todas as coisas. Sua poesia incitava o pensamento existencial e provocava o enfrentamento dos dilemas do começo do século XX. Além disso, sua obra exaltava a conexão entre homem e mundo. No Brasil, seu principal tradutor é Augusto de Campos, que lançou em 2003 o livro Coisas e anjos de Rilke (São Paulo: Perspectiva).