Foto: http://bit.ly/1WUtKJg

A atividade do IHU ideias, que ocorrerá no dia 19 de novembro, terá como temática O genocídio do povo Kaiowá Guarani. O evento, ministrado pela professora da Unisinos Fernanda Frizzo Bragato, que esteve acompanhando ‘in loco’ a situação dos indígenas no Mato Grosso do Sul, ocorrerá das 17h30min às 19h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.

A atividade debate a questão da violência contra os índios, que há 500 anos sofrem agressões, opressões e lutam pelas demarcações de suas terras. Segundo o artigo escrito por Paulo Marcos Esselin e Jorge Eremites de Oliveira, doutores em História, “todos os anos índios são mortos e nada é feito pelo governo”, sendo que uma das principais causas é o enfrentamento por conta da questão fundiária, causa maior dos conflitos entre fazendeiros e comunidades indígenas.

Na mesma linha, Egon Heck, do secretariado nacional do Conselho Indigenista MissionárioCimi, relata que “a violência contra os Kaiowá Guarani chegam à raia das grandes tragédias de violência da humanidade. A todo momento somos surpreendidos com novas investidas, retiradas à bala e de armas pesadas, exclusivas das forças armadas […]. Tudo é possível. O que é certo é que estamos diante dum quadro extremamente violento, desigual, injusto, marcado pelo ódio e o racismo”, completa.

Foto: http://bit.ly/1M9L7Tu

Para o antropólogo Spensy Pimentel, “Os índices de violência em lugares como a Terra Indígena de Dourados são, sim, o resultado de uma omissão do Estado”. Em entrevista à IHU On-Line, Pimentel relata que a violência está concentrada na Terra Indígena de Dourados, na qual em torno de 15 mil índios Kaiowá Guarani dividem um espaço de 3,5 mil hectares: “A violência na Terra Indígena de Dourados é, talvez, um dos fatos mais gritantes a demonstrar que o Estado brasileiro errou, e errou feio, em suas relações com os Kaiowá e Guarani ao longo das últimas décadas”, diz o antropólogo.

Segundo os dados de 2014 do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, que o Cimi lançou em junho deste ano, os índices de assassinato, suicídio e mortalidade infantil de indígenas aumentaram. O aumento das violências e violações foi constatado em 17 das 19 categorias que compõem o Relatório. Em relação ao número de suicídio, Mato Grosso do Sul – onde também está concentrado o maior índice de mortes do povo Kaiowá Guarani – continua sendo o estado que apresenta a maior quantidade de ocorrências, com o registro de 48 suicídios, totalizando 707 casos registrados de suicídio no estado entre 2000 e 2014.

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Por Fernanda Forner

Para ler mais…

Há 26 anos ocorria o massacre aos Jesuítas em El Salvador, na América Central.

No dia 16 de novembro de 1989, oito pessoas foram assassinadas no campus da Universidade Centro-Americana José Simeón Cañas (UCA), dentre eles, seis padres jesuítas e duas mulheres. Soldados do batalhão de infantaria do Exército Atlácatl invadiram a Universidade e executaram o reitor espanhol Ignacio Ellacuría, e também os jesuítas Ignacio Martín Baro, Segundo Montes, Amando López, Juan Ramón Moreno e o salvadorenho Joaquín López, além da cozinheira Elba Julia Ramos e sua filha, de 15 anos, Celina Mariceth Ramos.

Este ano, mais uma vez, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU lembra os 26 anos do massacre  que aconteceu na UCA, em El Salvador.

Os religiosos são considerados mártires da Igreja latino-americana moderna, que atuaram politicamente para combater as injustiças sociais do continente. Eram conhecidos, no país, por defenderem o fim da ditadura e apoiarem negociações pacíficas entre o governo e rebeldes.

Conheça as vítimas do massacre:

Ignacio Ellacuría (1930-1989)

Foto: soawlatina.org

O jesuíta Ignacio Ellacuría, que defendia que “Não há humanidade sem solidariedade compartilhada”, nasceu Espanha no dia 9 de novembro de 1930, concluiu o ensino primário em Portugalete e continuou os estudos no Colégio dos Jesuítas de Tudela. Em 1949, foi enviado para o noviciado da Companhia de Jesus em Santa Tecla, em El Salvador, e fez os votos de pobreza, obediência e castidade. Completou os estudos de Ciências Humanas e cursou Filosofia em Quito, após estudou teologia na Áustria. Tornou-se padre em 1961 e, um ano após, fez seus últimos votos jesuíta em Portugalete, onde nasceu. Em 1967, Ellacuría retornou a El Salvador para atuar como professor na Universidade Centro-Americana (UCA). O jesuíta foi exilado na Espanha entre 1977 e 1978, e no ano seguinte, El Salvador iniciou uma longa guerra civil que durou doze anos.

A causa da morte de Ellacuría foi seu engajamento em busca da justiça em El Salvador. O jesuíta sempre se mostrou crítico às realidades do país, foi um intelectual que pensou e aprendeu com os acontecimentos de sua época. Segundo o que disse o padre Dionysio Seibel, durante um dos encontros Rezar com os Místicosos (encontros para meditação e oração. Em 2014, na Casa no Trabalhador, a reflexão foi baseada na memória de Ellacuría), os “exercícios espirituais inacianos tiveram um papel fundamental em sua caminhada e foi essa a fonte da fé de Ignácio Ellacuría”.

Ignacio Martín-Baró (1942-1989)

Foto: soawlatina.org

Também nascido na Espanha, no dia 7 de novembro de 1942, o escritor e professor universitário, ingressou no noviciado da Companhia de Jesus no ano de 1959, e foi transferido para Santa Tecla, em El Salvador, onde concluiu o noviciado em 1961. Em 1965 obteve o bacharel em Filosofia e Letras pela Universidad Javeriana, na Colômbia, em 1970 concluiu bacharelado em Teologia, na Bélgica, e doutorado em Psicologia Social em 1979 e em 1981 assumiu o cargo de vice-reitor acadêmico da UCA.

 

Segundo Montes (1933-1989)

Foto: soawlatina.org

Nascido em Valladolid, cidade espanhola, no dia 15 de maio de 1933, Montes permaneceu na sua cidade natal até 1950, quando iniciou seus primeiros estudos religiosos. Foi enviado a Quito para estudar Ciências Humanas na Universidade Católica, dois anos após concluir o noviciado. Entre 75 à 76 desempenhou diferentes funções em El Salvador, inclusive reitor do Colégio Externado de San José.

 

 

Joaquín López y López (1918 – 1989)

Foto: soawlatina.org

Nascido em El Salvador, em 16 de agosto de 1918,  Joaquín López y López iniciou seus estudos religiosos em Santa Ana, concluindo em 1938. Cursou Teologia em Kansas, em 1949. Em 1952 foi ordenado sacerdote após ser enviado a Espanha. Ficou conhecido pela fala: “Se teus projetos são para cinco anos, semeie trigo; se são para dez anos, semeie uma árvore; mas se são para cem anos, eduque o povo”.

 

Armando López (1936 – 1989)

Foto: soawlatina.org

Nascido em Cubo de Bureda, Espanha, no dia 6 de fevereiro de 1936, López entrou para o noviciado em 1952. Como os demais jesuítas, também foi enviado para El Salvador. Em Quito, estudou Filosofia e Ciências Humanas na Universidad Católica e concluiu os cursos no final dos anos 50. Atuou como professor de matemática no colégio Centro América de Granada e cursou Teologia na Irlanda em 1965. Dois anos mais tarde, realizou doutorado na Universidad Gregoriana, em Roma. López abriu as portas do colégio para acolher famílias necessitadas nos momentos mais duros da repressão em El Salvador.

Juan Ramón Moreno (1933-1989)

Foto: soawlatina.org

Seus primeiros estudos foram realizados em Bilbao, entre 1938 e 1943, nasceu na Espanha no dia 29 de agosto de 1933 e entrou para o noviciado da Companhia de Jesus de Orduña, em 1950, e um ano mais tarde foi transferido para Santa Tecla. Foi ordenado sacerdote, nos Estados Unidos, em 1964. Já em 1958, ao concluir os estudos em Quito, retornou para a Nicarágua, onde foi professor de química no Colégio Centro América de Granada, na Nicarágua. Em 1971, iniciou sua carreira em El Salvador como docente na UCA.

Elba y Celina Ramos

Foto: soawlatina.org

Elba Julia Ramos, nascida em 5 de março de 1947, é natural de Santiago de Maria. Viveu durante alguns anos em uma fazenda em Santa Tecla, El Salvador, com seu marido Obdulio, o qual conheceu em 1960.

 

Foto: soawlatina.org

Celina Ramos, filha de Elba, nasceu em 1973. Em busca de empregos que sustentassem a família, Elba e seu marido moraram em várias regiões de El Salvador. Em 1989, Obdulio conseguiu um emprego como jardineiro da UCA. Ambos trabalhavam com os jesuítas e moravam numa casa recém-feita, junto ao portão de entrada da residência.

Obdulio foi o primeiro a encontrar o corpo das vítimas.

Os responsáveis pelo crime ficaram sem castigo por conta da Lei de Anistia de 1993 do país, que protege militares e insurgentes causadores de crimes contra à humanidade durante o conflito armado. O motivo dos assassinatos foi o papel que as vítimas exerciam à frente do povo, na luta por direitos, naquele tempo.

Ellacuría e seus Companheiros não foram os únicos mártires de El Salvador. O país possui um histórico de mortos pela repressão do governo. Nomes como o de Oscar Romero, recentemente beatificado, e as  religiosas católicas, Ita Ford, Maura Clarke, Dorothy Kazel e Jean Donovan, são recordados até hoje.

Mártires Salvadorenhos

Foto: prensa-latina.cu

Oscar Romero, um dos mais importantes mártires salvadorenho foi beatificado neste ano pelo Papa FranciscoRomero morreu testemunhando sua fé. Ele foi assassinado por um atirador de elite do exército salvadorenho em 24 de março 1980, enquanto celebrava uma missa. Mais tarde o mandante do assassinato foi identificado, pela ONU, como o político de direita Roberto D’Aubuisson. Sua beatificação foi considerada a mais importante do século XXI.

No dia 2 de dezembro de 1980, as irmãs foram sequestradas e mortas. Reconhecidas como as missionárias de El Salvador, elas inspiraram o movimento do ativismo religioso no país.

Junto com Ellacuría e seus companheiros, essas pessoas tinham em comum o fato de que entregaram suas vidas em busca da justiça e da paz, em um país saturado por conflitos.

Guerra Civil em El Salvador

Foto: Acervo IHU

A década de 1970, período conhecido como anos de repressão e os anos de guerra civil salvadorenha, entre 1980 e 1992, ainda são feridas abertas no país, as quais anualmente são lembradas por líderes religiosos, pensadores, teólogos e comunidade em geral.

Hoje, ainda acontecem disputas no país. Este ano, por exemplo, em apenas um dia, 51 pessoas foram mortas. Tal tensão se deu pela ameaça de bomba no dia 27 de agosto contra a sede do Ministério de Justiça e Segurança Pública. Desde a guerra civil salvadorenha (1980-1992) mais de meio milhão de armas de fogo ficaram nas mãos de civis. Após o acordo de paz de janeiro de 1992, nenhum governo se dispôs a recolher as armas e proibir o uso pessoal.

O Instituto Humanitas Unisinos – IHU, neste dia, mais uma vez, lembra a memória dos mártires jesuítas de El Salvador. Em homenagem a eles, o IHU batizou sua sala de eventos com o nome Ignacio Ellacuría e Companheiros e mantém em seu sítio um memorial.

 Por Fernanda Forner e Nahiene Alves

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Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora e com Paulo Sérgio Talarico, artista plástico de Juiz de Fora.

Quantos anos tenho?

Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma,

mas com o interesse de seguir crescendo.

Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos

e as ilusões se convertem em esperança.

Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa,

ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada.

E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.

Quantos anos tenho?

Não preciso de um número para marcar,

pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho

ao ver minhas ilusões despedaçadas…

Valem muito mais que isso

O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!

O que importa é a idade que sinto.

Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.

Para seguir sem temor pela trilha,

pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.

Quantos anos tenho? Isso a quem importa?

Tenho os anos necessários para perder o medo

e fazer o que quero e o que sinto.

José Saramago

José Saramago (1922 – 2010): Foi escritor, teatrólogo,  jornalista, dramaturgo e poeta português. Por  seus trabalhos recebeu o Nobel de Literatura de 1998, e foi agraciado, em 1995, com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa. É o único escritor de língua portuguesa que já recebeu o Nobel de Literatura. É autor, entre outros, de Memorial do Convento (1982); O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991); As Intermitências da Morte (2005); A Viagem do Elefante (2008); Caim, O Caderno e O Caderno II (2009);  Claraboia (2011); e Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas (2014). Este último, não acabado, pois estava escrevendo no ano de sua morte.

*Fonte da imagem: prefaciocultural.wordpress.com

Leia mais sobre Saramago:

 

A educação infantil é uma importante etapa no crescimento das crianças e é um direito assegurado por lei. Segundo a legislação nº 12.796/13, é obrigatória a matrícula de crianças a partir de quatro anos de idade na educação básica, cumprindo-se o Plano Nacional de Educação – PNE, que, segundo a Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009, deverá ser implementado até o ano de 2016 pelos municípios brasileiros.

De acordo  com a Lei de Diretrizes e Bases – LDB, a educação infantil é dividida entre creche e pré-escola, onde a primeira atende crianças na faixa etária de 0 a 3 anos, e a segunda, crianças de 4 a 5 anos. Esta fase é uma das primeiras etapas escolares que as crianças devem passar em período escolar.

Com o objetivo de debater este tema, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, realizará a Oficina Realidades da Educação Infantil no Vale do Sinos e região metropolitana de Porto Alegre, no dia 10 de novembro, das 14h às 17h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU, na Unisinos São Leopoldo.

Tendo em vista a relevância da educação desde o início do período escolar, a atividade também aborda a importância de diminuir o  analfabetismo. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, apresentado à Comissão de Educação este ano, mais de 50% das crianças de 8 anos continuam analfabetas. “O que está acontecendo no Brasil é que as crianças que frequentam a escola não estão se alfabetizando. Sem alfabetização, não há aprendizagem mais pra frente. É muito difícil recuperar esse aluno depois. O direito básico à alfabetização está sendo negado a essas crianças”, afirmou Priscila Cruz, diretora executiva da entidade da sociedade civil Todos pela Educação.

A oficina visa promover um debate sobre os dados da realidade da Educação Infantil, apontando os desafios e as possibilidades da garantia desta política no contexto do Vale do Rio dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre.

Saiba mais aqui.

Oficina Realidades da Educação Infantil no Vale do Sinos e RMPA
Data: 10 de novembro
Horário: Das 14h às 17h
Local: Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU

Por Fernanda Forner

O pensador que melhor requalificou a conexão entre religião e violência, René Girard, faleceu no último dia 4 de novembro, aos 91 anos, na cidade de Stanford, nos Estados Unidos.

Girard era filósofo e antropólogo francês, membro da Academia Francesa e professor em várias universidades, entre elas a de Stanford, lugar em que construiu sua carreira acadêmica.

Autor da teoria do desejo mimético, que é vista como “uma explicação do comportamento e da cultura humana”, segundo João Cezar de Castro Rocha, coordenador da Biblioteca René Girard, e do dispositivo denominado “bode expiatório”, que é encarado, também por Rocha, como uma nova solução para a “compreensão da gênese da cultura humana”.

São três os livros que marcam períodos importantes na trajetória do intelectual: Mentira Romântica e Verdade Romanesca (1961), onde expôs a teoria do desejo mimético; A Violência e o Sagrado (1972), que apresentou o instrumento do “bode expiatório”; e Coisas Ocultas desde a Fundação do Mundo (1978), juntamente com Jean-Michel Oughourlian e Guy Lefort, também sobre a teoria mimética, mas agora exposta em sua plenitude.

Em memória ao pensador, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU relembra algumas das notícias e entrevistas que publicadas na página do IHU:

Para ver os artigos mais recentes sobre René Girard  e sua obra, como por exemplo o instigante artigo de Roberto Esposito, veja as Notícias do Dia, dos dias 06 e 07 de novembro.

 

*Fonte da imagem: www.chaumont-gistoux.be

Por Cristina Guerini