Em preparação ao Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que está acontecendo em Belém (PA), até o próximo dia 25/01, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU iniciou uma série de artigos e entrevistas sobre o tema. O conteúdo é publicado nesta página, onde no dia 06 de janeiro de 2009, o frei capuchinho, professor de Teologia da PUC-RS, Luiz Carlos Susin, deixou a sua contribuição.

Na ocasião, Susin ressaltou que para os primeiros que pensaram um Fórum Mundial de Teologia, soava desafiante o slogan cunhado nas primeiras edições do Fórum Social Mundial: Outro Mundo é Possível. Isso, porque em termos teológicos, segundo ele, trata-se de um desafio de ordem “escatológica”, ou seja, que tem ressonâncias de esperança no Reino de Deus. Neste sentido, o frei lança questões inquietantes: “Seriam os movimentos e organizações sociais presentes no Fórum Social Mundial, com os relatos de suas práticas, um “sinal” de outro mundo possível? Haveria algo de messiânico nesses sujeitos históricos frágeis, mas em muitos que se propunham alternativas ao Fórum Econômico Mundial de Davos?”

Para Susin, tais questionamentos começaram a ter caráter de afirmações quando uma pesquisa entre os participantes da terceira edição do Fórum Social Mundial revelou que em torno de 60% dos participantes portavam motivações de ordem espiritual, inclusive com raízes em tradições religiosas, para se dedicarem aos movimentos e organizações sociais. “A partir de então o Fórum Social Mundial contou com um novo espaço, o de Cosmovisões e Espiritualidades”, frisou.

O frei descreve o Fórum como um tempo curto de encontros, de trocas, de debates. É um lugar revelador, agregador e inspirador de muita energia e generosidade. Além disso, reflete as lutas por justiça, as aspirações de paz e convivência plural sem indiferença, enfim tem um sabor de “revelação”. Susin complementa sua afirmação, ao buscar espaço na figura de Deus. “O “lugar teológico” é o espaço indicador de Deus na precariedade humana. Ora, a experiência amorosa é, portanto, um “lugar teológico”. Quanto mais maduro é o amor, maior a experiência de Deus. O que dizer então desta generosidade sem exigência de reciprocidade, a fundo perdido, por um mundo justo e amoroso?”

Embora o diálogo proposto pelo frei seja pertinente, há quem discorde da sua opinião. Frei Fernando, membro da Ordem dos Frades Menores, ao comentar a notícia publicada nesta página, destacou que a discussão abre espaço para várias discussões. No entanto, todas elas são “meramente teóricas” e deixam de lado as “práticas das virtudes”, como o verdadeiro amor e o próprio Deus. Para ele, infelizmente essas discussões meramente teóricas da Teologia da Libertação, esvaziam a alma religiosa do povo, trazendo conseqüências trágicas para a fé e a verdadeira comunhão com Deus, “porque o que prevalece é o discurso teórico dos teólogos da “libertação” e não a graça e o poder de Deus que age nos simples e humildes de coração para libertá-los, de fato, de todo o mal que o aflige.”

Israel

Outra questão que ganhou espaço na página eletrônica do Instituto Humanitas Unisinos – IHU foram os recentes conflitos na Faixa de Gaza, provocados por israelenses e palestinos. Sobre o assunto, repercutimos o artigo do sociólogo Boaventura Souza Santos, que foi enfático ao afirmar que a criação de Israel é um ato de ocupação e como tal terá de enfrentar para sempre a resistência dos ocupados; não haverá nunca paz, qualquer apaziguamento será sempre aparente, uma armadilha a ser desarmada. “É hoje evidente que o verdadeiro objetivo de Israel, a solução final, é o extermínio do povo palestino”, enfatizou.

Para o sociólogo, está ocorrendo na Palestina o mais recente e brutal massacre do povo palestino cometido pelas forças ocupantes de Israel com a cumplicidade do Ocidente, uma cumplicidade feita de silêncio, hipocrisia e manipulação grotesca da informação, que trivializa o horror e o sofrimento injusto e transforma ocupantes em ocupados, agressores em vítimas, provocação ofensiva em legítima defesa.

Boaventura comentou, ainda, que as razões próximas, que originaram o conflito, apesar de omitidas pelos meios de comunicação ocidentais, são conhecidas. “Esta provocação premeditada teve objetivos de política interna e internacional bem definidos: recuperação eleitoral de uma coligação em risco; exército sedento de vingar a derrota do Líbano; vazio da transição política nos EUA e a necessidade de criar um fato consumado antes da investidura do presidente Obama.” Segundo o sociólogo, tudo isto é óbvio mas não nos permite entender o ininteligível: o sacrifício de uma população civil inocente mediante a prática de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade cometidos com a certeza da impunidade.

Ao comentar o artigo, o leitor do sítio do IHU, Rodrigo, revelou sua indignação, em relação ao fato. “Ninguém pode apoiar uma catástrofe que leva tantas vidas quanto a que acontece na Palestina e não acredito que há como defender que os atos de Israel são justos. Há um grave problema de total ausência de discernimento que ocorre nos textos anti-israel recentemente e o texto publicado aqui é antissemita não só por ser antissionista. Nenhum país está livre de condenação e, por certo, não um país que mata tanto quanto o Estado de Israel, mas que não confudamos críticas a Israel com o racismo rasteiro que esse texto invoca”.

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