Ao comparar Belo Monte à Idade Média, Telma Monteiro (foto) explica que a Altamira de hoje, acuada pelas obras de Belo Monte, sofre a falta de estrutura de forma muito mais intensa do que antes de se pensar no projeto. “Prometer saneamento básico, água de qualidade, hospitais e escolas, infraestrutura urbana, são formas de se obter o poder. É o mesmo poder da Idade Média, em que os senhores feudais tinham as terras e exploravam os camponeses. Belo Monte é, aos olhos da população de Altamira e região, uma forma de rompimento com um período atrasado de ausência do Estado para uma nova era classificada de moderna, onde energia significa progresso”, disse na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line.
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“O governo mente quando diz que os projetos das usinas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, e de Belo Monte no rio Xingu, foram alterados para reduzir os impactos socioambientais. O fato de diminuir o potencial das usinas não significa em hipótese nenhuma uma garantia de sustentabilidade nas respectivas regiões”, explica a pesquisadora. E critica: “Nesse clima de falta de disposição das autoridades brasileiras de rever o planejamento em que se induz a demanda de energia porque tem oferta e tem oferta porque expande a geração sem, no mínimo, estabelecer metas e compromisso com programas de eficiência, vai ficar muito difícil ouvirmos propostas de sustentabilidade energética na Rio+20.”
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Telma Monteiro é pesquisadora independente e estará novamente palestrando hoje (16/05), às 19h30min, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. O tema a ser abordado desta vez será “Rio + 20 e a questão da matriz energética brasileira“. Para realizar a inscrição é necessário entrar no sítio do evento e preencher o documento. O investimento da palestra é de R$5,00 por aluno e R$10,00 por profissional.
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Confira a entrevista de Telma Monteiro para a edição 392 da Revista IHU On-Line. Belo Monte: “um conto de fada” disfarçado
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