Num momento em que o debate sobre a necessidade de reduzir as energias fósseis tenta convencer o mundo a mudar de postura frente ao meio ambiente, o Brasil pretende aumentar os investimentos em energia suja, e apresenta uma proposta para dobrar o número de usinas termelétricas até 2017. Já é consenso entre os especialistas que energias renováveis devem compor a maior gama da matriz energética brasileira, mas em contra partida, o novo Plano Decenal de Energia, publicado nas Notícias do Dia, parece estar andando na contramão.
Confira a seguir alguns posicionamentos sobre o tema, concedidos com exclusividade à IHU On-Line.

>> Qual sua opinião sobre o Plano Decenal de Expansão de Energia do governo federal, considerando as campanhas mundiais a favor de energias renováveis e do combate ao aquecimento global?

“É uma insanidade esse plano. Como se justifica toda a campanha governamental pelo licenciamento das hidrelétricas no Rio Madeira em contraposição às térmicas? Perdeu-se a seriedade! Por que não investir em políticas de eficiência energética e repotenciação das hidrelétricas existentes? Registro minha indignação.”

Iremar Antonio Ferreira
Sócio-ambientalista e diretor do Instituto Madeira Vivo

“A elaboração dos planos de expansão da oferta energética sofre de um erro de origem: a ausência da sociedade no debate da questão energética, e sua efetiva participação no processo decisório. A ampliação do espaço de debate é fundamental para tornar politicamente sustentável o processo de decisão. O governo não deu muita importância à adoção de novas matrizes de energia renovável no país. As energias renováveis são relegadas no PDEE 2006-2015 e PDEE 2008-2017, enquanto deveriam ser encaradas como a grande solução para a questão energética.”

Heitor Scalambrini Costa
Coordenador dos projetos da ONG Centro de Estudos e Projetos Naper Solar e o Núcleo de Apoio a Projetos de Energias Renováveis – NAPER da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“A questão energética é o ponto mais sensível de nossa civilização. Sem incremento na produção de energia, não será possível manter os padrões de desenvolvimento e conforto que todos esperam. Paradoxalmente, precisamos de urgentes medidas de combate as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, sendo que essas medidas estão intimamente ligadas com a produção de energia oriundas de fontes mais limpas, não o contrário. Assim, equivocada está a política energética brasileira ao prever um aumento na utilização de combustíveis fósseis em vez de fomentar a energia eólica, por exemplo, que já é uma realidade no RS. Desconsiderar as consequencias futuras de nossas decisões erradas, certamente cobrará um preço alto demais no futuro, um preço que certamente não poderemos pagar.”

André Weyermuller
Professor de Direito Ambiental, da Unisinos.

>> Leia algumas edições da IHU On-line sobre a temática.

Alternativas energéticas em tempos de crise financeira e ambiental. Edição número 285, de 09-12-2008;

Energia para quê e para quem? A matriz energética do Brasil em debate. Edição número 236, de 17-09-2007;

Estamos no mesmo barco. E com enjôo. Anotações sobre o Relatório do IPCC. Edição número 215, de 16-04-2007;

A vingança de Gaia. Mudanças climáticas e a vulnerabilidade do Planeta. Edição número 171, de 13-03-2006.

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