Uma leitura crítica das idéias heideggerianas à cerca da metafísica e da religião. Esta foi a temática do minicurso ministrado pelo Prof. Dr. Ernildo Stein, às 14h30 desta quarta-feira, na sala 1F101. O evento integrou a programação do X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades.

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Em um debate aberto, Stein apresentou o histórico do filósofo alemão Martin Heidegger, um dos grandes pensadores do século XX. Segundo Stein ele foi um filósofo diferente dos demais de sua época. Solitário e vivendo precariamente, Heidegger apoiou suas obras, principalmente, sobre as crises que vivenciou, tanto política, cultural e econômica quanto da religião e da filosofia.

Stein frisou também a divisão de pensamentos sobre Heidegger, sendo o “primeiro Heidegger” aquele que silencia sobre Deus e que fala mais sobre a religião e o “segundo Heidegger”, como aquele que fala muito em Deus e pouco sobre a religião. O filósofo tentou pensar o seu tempo sem os instrumentos científicos de seu tempo, mas com instrumentos de caráter filosófico, segundo Stein. “Hoje, para ser filósofo, é preciso dominar as ciências humanas. Heidegger não fazia isso”, afirma.

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Sobre o conceito de metafísica, Stein afirmou que a condução pela busca de uma explicação final sobre tudo está equivocada. Heidegger também não acreditava nisso, e afirmava que Deus não deveria estar na filosofia. A isto deu o nome de Ontoteologia, a explicação da realidade através da idéia de que Deus não pode ser pensado como justificativa.

A crítica de Heidegger à metafísica e a religião foi destacada. O professor vê esta crítica como uma fundamentação e justificação (conceito de crítica de Kant) e afirmou que ao criticar a metafísica, Heidegger não se retirou da fileira dos pensadores, mas realizou um mergulho mais profundo. A metafísica por Stein seria baseada em três tipos de pensamento: lógica, psicologia e filosofia, sendo esta última uma totalidade. A pós-modernidade também foi questionada, e segundo Stein “não pode ser considerada um período, mas um modo novo de se apresentarem as questões centrais sociais centrais”.

Ernildo Stein fez, ainda, uma observação a respeito do Simpósio. Ele considera a iniciativa do IHU de grande relevância acadêmica, mas acredita que, assim como em diversos simpósios, este se baseia em um jargão, e que os recortes dos temas abordados devem ser melhor trabalhados.

O Simpósio “Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades” se encerra nesta quinta, 17. Confira aqui a programação do último dia do evento.

(por Juliana Spitaliere)

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