Complexa, porém didática. Assim, foi a conferência proferida pelo Prof. Dr. Christoph Theobald SJ, a primeira na programação de hoje do X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades.

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As narrativas de Deus nua sociedade pós-metafísica. O cristianismo como estilo foi o título da palestra que Theobald dividiu em três partes. Na primeira, ele fala em como pensar a fé em Deus na idade pós-metafísica. Segundo o francês, “situar a sociedade na pós-metafísica não significa não pensar, mas pensar em os diferentes lados”. Assim, segundo ele, “a fé se apresenta no seio da condição pós-metafísica do homem”. Como conseqüência do fim da metafísica, Theobald diz que é a retirada de Deus no campo da inevidência radical, conforme Kant já havia previsto. Significa, portanto, que não precisamos mais, na idade pós-metafísica, colocar Deus em todos os nossos atos, pois o silêncio de Deus torna possível a pluralidade diante do mundo. “A fé é, portanto, um ato de liberdade sem garantia”, afirmou. Já Habermas propõe, diz Theobald, que a definição da era pós-metafísica seja de posições agnósticas que entendem que a fé é diferente do saber. “Habermas busca narrativas que abrem um mundo que se regenera”, apresentou. Mas é na questão da verdade que o padre francês diz que está o principal problema.

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Para ele, a renovação da doutrina kantiana rearticulada e a estrutura doxológica (ou seja, a manifestação gloriosa de Cristo)da fé trazem duas questões muito importantes: a vertente filosófica da fé – “é aqui que podemos introduzir a experiência de estar o mais próximo de si mesmo”, disse ele – e a dimensão doxológica ou teologal da fé. “No plano filosófico o homem aparece como crente que atribui a Deus o status de sujeito”, explicou. E, assim, argumentou Theobald que o ato de fé, nessa era, é resultado de uma síntese que é vivida como encarnação de um desígnio de Deus. E o maio exemplo disso, segundo ele, é a confissão de fé de Paulo. “A fé explicita e extrapola num processo de estimação e de ponderação, tudo aquilo do qual ela dispõe para afrontar situações inéditas de comunicação assimila esta santidade absolutamente não exigível à Deus, visto como aquele que torna possível no seio da história o “imponderável”, e até mesmo o “impossível”.

A segunda parte da conferência foi marcada pela argumentação intitulada “Da ponderação à narração” e Theobald falou sobre as hesitações da teologia narrativa clássica e apontou os debates acerca da afirmação de Jungel de que Deus não tem história, porque Ele é história. “e eu digo: Deus tem histórias”, acrescentou. O filósofo francês falou também sobre que o ato de ponderação demanda tempo e, assim, os pólos singular e coletivo se engendram e dão sentido à vida. “A fé é um ato de avaliação e de ponderação que toma tempo e se inscreve no tempo de uma vida e no tempo da história”, falou. Ele também tratou da pluralidade de figuras da “fé” e pluralidade de narrativas, pois, segundo ele, “Deus pede para ser contado”.

A parte final da conferência foi sobre o princípio da concordância entre forma e conteúdo e os limites da narratividade. E, com isso, Theobald refletiu sobre um princípio estético e teologal, assim como os limites da narratividade. Segundo ele, “o princípio estilístico é também teologal”. Ao finalizar a conferência, Theobald falou sobre o discurso hínico ou doxológico e apontou que não podemos esquecer que a narrativa de Deus é repleta de argumentação e isso não pode faltar nas nossas sociedades.

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