Para encerrar sua maratona de palestras na Unisinos, Serge Latouche, renomado economista,
sociólogo e antropólogo francês, tratou, na sexta-feira (25), sobre a perspectiva ecoteológica da sociedade convivial. A palestra fez parte do Ciclo de Palestras: Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades.

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De acordo com o economista, falar de economia como religião pode ser algo impróprio, entretanto a linguagem econômica está repleta de termos religiosos. “A Bíblia, por exemplo, possui inúmeras tarifações religiosas. Com isto, a fé se liga diretamente com o débito e o crédito”, afirma.
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Segundo Latouche, vivemos uma idolatria do dinheiro, sendo ele o “cordeiro de ouro que está sempre de pé”. Entretanto, o economista pondera que religião e economia são coisas diferentes.
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Em sua palestra, Latouche abordou dois pontos principais, com a finalidade de pensar a relação entre o decrescimento e o sagrado. São eles:
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– A existência de um culto quase universal e trans-histórico do valor encarnado (como ouro, prata, bens preciosos, aquilo que Alex Zanotelli chamou de “deus-dinheiro”) e o advento de uma nova fé no progresso e nos seus corolários (técnica, ciência, crescimento);
– A penetração da mercantilização e do dinheiro em todos os poros da vida social. É a partir desses elementos, defendeu o economista, que podemos falar de uma “religião da economia”.
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Leia aqui a matéria na íntegra produzida pelo jornalista Moisés Sbardelotto. A foto é de Stéfanie Telles.
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Ficou interessado no assunto? Durante a semana publicamos diversos materiais sobre as palestras e estudos do economista. Leia mais:
- Precisamos ultrapassar a economia e sair dela. Entrevista especial com Serge Latouche
- A ”boa nova” de Ivan Illich
- Decrescimento: ”É preciso deseconomizar o imaginário”
- ”Para construir uma sociedade convivial, é preciso sair do consumo massivo de energia”
- Convivialidade à mesa: degustar, saborear, viver
- Solidariedade cósmica para o reencantamento do mundo
- O decrescimento como condição de uma sociedade convivial