Peio Sánchez Rodríguez, sacerdote e professor de teologia, com especialização em educação audiovisual pela Universidade Pontifícia de Salamanca e doutorado em teologia dogmática pela Universidade Salesiana de Roma, publicou recentemente um artigo em que afirma que “estamos diante da melhor safra do cinema espiritual dos últimos anos”.
Segundo Rodríguez, embora isso não afete o público em geral, “que se mantém no consumo audiovisual de baixo perfil”, cada vez mais há um setor de público que aposta nesse tipo de cinema que agora tem à sua disposição.
Para mostrar a relevância daquilo que ele chama de “o auge do cinema que filma a transcendência”, Rodríguez apresenta, em seu artigo, os 10 melhores filmes do cinema espiritual de 2011.
Hoje, o Blog do IHU apresenta o segundo vídeo desta série, juntamente com um breve comentário de Rodríguez.
2. Homens e deuses, de Xavier Beauvois
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Relato poderoso e significativo e, ao mesmo tempo, realizado com uma distância respeitosa sobre a vida e morte dos monges trapistas do mosteiro de Nossa Senhora do Atlas de Tibhirine, que foram sequestrados em 1996. Os fatos se desenrolam em meio a uma Argélia conturbada entre a ameaça dos grupos radicais islâmicos e um regime militar que dificulta a reconciliação.
Xavier Beauvois, o diretor, baseia a sua narrativa na motivação profunda dos monges, explicitada no testamento de Christian de Chergé que se ouve no fim. A contribuição espiritual visa à reconciliação das pessoas, dos povos e das culturas a partir do diálogo das religiões fundado em Deus, que nos reconcilia em Cristo encarnado e crucificado. Para isso, o roteiro se centra no processo de discernimento pessoal e comunitário da comunidade de monges sobre a decisão de permanecer fiéis e firmes em seu mosteiro, apesar das ameaças que os rodeiam.
Magnificamente interpretado, os monges se apresentam em sua vida ordinária de oração, trabalho e inserção naquela realidade concreta, ao mesmo tempo em que se mostra o processo de cada um com suas dúvidas e certezas. Tudo isso nos permite compreender a sua decisão, em nada heroica, mas sim como um sinal lúcido e humilde de reconciliação em meio à barbárie.
O momento culminante da última ceia é uma sequência magistral em que nos é mostrada toda a carga significativa de uma mesa que vai se convertendo em lugar de perdão e alegria e, ao mesmo tempo, em altar de entrega e reconciliação. O final é significativo e esperançoso, através de uma elipse que aponta para a paz definitiva em Deus.